Duas décadas passaram desde a temível Guerra das Rosas Negras. O mundo, frágil e fragmentado, resiste por um fio. A esperança tem muitos nomes e muitos rostos. Pessoas comuns, mas extraordinárias, que lutam por um ideal utópico. O bem e o mal são, m...
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Local: Dunishhar, Dalada
Ano: 628
Nascido e criado em Toprak, sempre esteve habituado ao frio glacial das extremidades do planeta, contudo, ali a sensação era diferente, era algo que nunca tinha experienciado em nenhuma das suas visitas aos locais diferentes do globo. Numa mistura álgida da temperatura com a humidade mais acentuada, proveniente dos inúmeros pântanos que cortavam a paisagem, o simples ato de conseguir viajar mostrava-se um obstáculo difícil de transpor, levando-o aos limites da sua capacidade física. Por semanas, a mando do seu Mestre, cruzou cidades idílicas, dignas dos maiores contos já divulgados, com culturas e saberes distintos uns dos outros, numa heterogeneidade fora do comum para quem partilhava o mesmo continente. Tinha sido instruído a levar um grupo de homens consigo, de forma a protegê-lo dos dissabores da sua missão, no entanto, ao fim de poucos dias dispensou-os, acreditando estar mais seguro sozinho, como um viajante esquecido, perdido nas suas demências fantasiosas.
Por todos os lados que passava, perguntava aos habitantes locais pelo paradeiro do homem que procurava, de forma contrariada, tentando traçar uma rota bem definida dos seus atos e ações, sendo apontado, de forma unânime, para a milenar cidade de Dunishhar, que em tempos, serviu de capital de Dalada, a massa de terra que deambulava na sua missão. Outrora, todas as nações serviam, apenas, um comandante, comumente designado de Suserano Supremo, que trouxe glória e fama para todo o continente, unindo-o de uma forma jamais conseguida até então. Todavia, quando a sua vida chegou ao fim, as cidades separaram-se, começando guerras e disputas que se viriam a propagar até aos dias de hoje, tornando-se o único local do planeta onde não existe uma figura singular de poder.
Ao chegar ao sopé de uma montanha, ao longe, viu a forma de uma grande cidade aparecer, cortando os tons castanhos da terra com o seu brilho lustroso, projetado pelos vidros dos enormes edifícios ali erigidos, que em esplendor, transmitiam o poder latente do local. Um rio encorpado, deixava-se levar pela gravidade régia que o puxava, caindo do cume da maior elevação, em direção ao coração da civilização, sendo usado como um oásis deleitante, onde todo o comércio era consumado. Cheguei, finalmente. Ao seguir o seu tortuoso corpo, foi cumprimentado por mercadores ávidos por um negócio vantajoso, demonstrando uma habilidade e astúcia fora do vulgar, enquanto alguns soldados passavam, fixando o seu olhar em tudo o que parecesse anormal, de forma a manter a ordem e segurança. Com uma cultura virada para as ciências exatas e uma forma aberta de pensar, Dunishhar era considerada como um dos locais mais avançados do globo, onde várias maravilhas eram criadas, tanto no campo militar, como da medicina.
Deixando-se assolar pela mistura de cheiros e odores, uns amadeirados, outros frutais, divagou pelos meandros mercantis, perguntando, a quem quisesse responder, as informações que precisava. À medida que chegava aos portões metálicos da metrópole, refletores máximos de qualquer luminosidade, o espaço para caminhar era consideravelmente menor, com um maior aglomerado de indivíduos, ansiosos por entrar. Como era um homem alto e possante, usou a sua constituição para abrir caminho, seguindo para o bar referido por todas as pessoas, que sem pensarem duas vezes, o apontaram como o melhor local para obter o procurava.
