Madeira e Água - Parte dois

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Local: Arredores do estreito de Puyal

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Local: Arredores do estreito de Puyal

Ano: 628

A cada metro que o barco tragava, a luz forte do meio dia perdia a sua intensidade, sendo envolvida por uma escuridão cerrada e absoluta, carregada de malícia, envolvendo toda a tripulação nas suas garras temíveis. Ainda que estivessem no pico do verão, de um momento para o outro, o ar tornou-se álgido e rarefeito, provocando elegantes colunas de vapor, provenientes da respiração dos homens à sua volta, que em transe, se misturavam à neblina reinante que os rodeava. Um frio desconfortável percorreu todo o seu corpo, arrepiando todos os pelos da sua pele, conforme sentia o peso da calamidade que fitava, definitiva e cruel, como se de um buraco negro se tratasse, capaz de sugar a vivacidade da sua alma. Sem se aperceber, tateou o metal polido do medalhão, quase como que a procurar a coragem que o abandonara, tentando sentir a presença da bruxa.

Será que foi um erro vir por aqui? Indagou Ran, conforme tocava no artefato. Iremos ver em breve. Isto ainda não existia na minha era. Comentou a bruxa, transmitindo a inquietude que a tomava através das suas palavras. Se um homem já conseguiu, eu também conseguirei! Exclamou, apertando com força o medalhão. Não sabemos os poderes desse sujeito. Alertou, sendo interrompida por um rugido animalesco propagado pelo vento.

Acendam as tochas, imediatamente! Ordenou Ran, percebendo que já nenhuma luz se conseguia esgueirar, tendo dificuldade em perceber as formas dos seus companheiros. Instantaneamente, uma dúzia de chamas ganharam vida, projetando uma luminosidade cálida, que ao embater no manto denso de neblina, formava sombras irreconhecíveis, capazes de aguçar a imaginação mais infértil. Os rugidos que outrora esvoaçavam de longe, encontravam-se mais próximos que nunca, num ruído assustador, que num instante, espalhou o pavor nos rostos desfigurados dos piratas. De um momento para o outro, todas as espadas estavam fora das bainhas, prontas para serem usadas a qualquer instante.

Isto não é bom. Avisou Razor, mostrando através da privacidade do capuz uma calma inabalável.

O que é este barulho?

Provavelmente, megshas. Informou, seguindo, com o olhar, os vultos que se movimentavam de forma incrível do lado de lá do manto.

O que é isso? Perguntou Ran, tentando lembrar-se se já tinha ouvido algo parecido.

Mitos e lendas, nunca ninguém vivo viu um. Admitiu, abrindo, suavemente, a sua capa. Todos que tiveram o desprazer, não sobreviveram para contar a história.

Parecem animais voadores. Sugeriu, observando o que o rodeava. Pontualmente, e em simultâneo com um rugido, conseguia ver uma silhueta comprida passar com grande velocidade, produzindo um rastro de escuridão à medida que cruzavam os ares. Pelo que podia ver, a forma aparentava ter duas asas protuberantes, que quando esticadas, atingiam o tamanho de dois homens adultos, e uma cauda fina e longa, que dançava a cada movimento tentado.

O Nascer da Rosa BrancaOnde histórias criam vida. Descubra agora