Conspirações - Parte sete

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O som suave e ritmado do canto dos grilos, misturado com o assertivo e elegante bater de ondas, envolviam-no numa sensação de conforto e calma, que tanto o faziam lembrar de casa

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O som suave e ritmado do canto dos grilos, misturado com o assertivo e elegante bater de ondas, envolviam-no numa sensação de conforto e calma, que tanto o faziam lembrar de casa. Sentia falta da vida simples na sua cabana, despida dos luxos e tradições do dia-a-dia do Palácio. Não tinha sido feito para governar e detestava que todos pensassem que sim. Olhava, escondido na penumbra da floresta, para a praia à sua frente, sossegada e silenciosa, vendo todos aqueles soldados descansar, perdidos no mundo dos sonhos. Não gostava do que viria a seguir, odiava ter que matar quem quer que fosse, daí ter fugido para a tranquilidade do campo, longe das guerras e batalhas constantes. Contudo, havia limites que não poderia tolerar, e a profanação do sacrifício do seu querido pai, era um desses limites.

Conseguia sentir a tensão dos quinze homens que esperavam consigo, numa ansiedade aumentada pela aproximação do confronto. Eram Nadarins, poderosos e hábeis, habituados a lutas e mortes, mas, como qualquer pessoa, sentiam o peso e responsabilidade do que aí viria. Não sabia se os devia trazer consigo, afinal de contas, não conhecia nenhum deles, sendo aconselhado por Sage a fazê-lo, devido à probabilidade alta de encontrar inimigos com habilidades semelhantes. O clarão de três rochas flamejantes, acordaram-no dos seus pensamentos, transportando-o de volta para o mundo real. A calmaria e penumbra, que segundos antes reinavam naquela linda praia, foram tomadas de assalto pelo caos ensurdecedor dos gritos de sofrimento dos soldados. Um pouco por todo o lado, via homens a correr, sem direção aparente, numa tentativa de fugir daquelas chamas impiedosas. Alguns, já envolvidos pelo fogo, direcionavam-se para o mar, tentando apaziguar as suas feridas.

Um grande assobio no ar, presságio da segunda onda de ataque, materializou-se num enorme manto de flechas, que cruelmente, embatiam nos inúmeros inimigos ainda vivos, levando-os, de vez, numa viagem só de ida para o mundo dos mortos. Pobres coitados, nem perceberam o que lhes aconteceu. Pensou Ptosi. De todo aquele caos e carnificina, cerca de vinte homens permaneciam ainda de pé, esquivando-se, com uma capacidade fora do normal, de todos os projéteis. Nadarins. Ainda bem que os trouxe comigo. Pensou Ptosi, avaliando os seus companheiros.

Preparem-se, deve estar quase. Avisou, olhando para eles. Pelo que sabia, quase todos eram Amfivi como ele, o que, estrategicamente, não era ideal.

No cimo da colina, local de onde vieram as rochas ardentes, viu uma grande coluna de fogo ser projetada, marcando o início da terceira fase do ataque. Todos os pássaros, que tranquilamente dormiam nas copas das árvores envolventes, levantaram voo, numa azáfama desenfreada, movidos pelo horror caótico que se fazia sentir.

Agora! Gritou Ptosi, dando o mote para o começo da investida.

Todos os seus companheiros desembainharam as suas armas, movidos pela ordem do seu líder, começando a correr numa velocidade incrível pela praia fora. O toque suave e gentil da areia fez todo o seu corpo estremecer, podendo sentir a presença do mar, o seu aliado máximo, chamar por si. Aproveitando a confusão e terror vividos na praia e o fator surpresa, conseguiram matar rapidamente dez dos Nadarins ainda de pé, pintando, cada vez mais, o bege da areia com o vermelho do sangue. O som de metal a ser beijado por metal, ecoou por toda a zona, perdendo-se na distância longínqua do oceano, numa canção cruel e visceral. De uma só vez, conseguiu matar dois soldados distraídos, com uma catana em cada mão, vendo-os tombar, sem vida, nas meigas ondulações do terreno. Numa zona mais à frente, onde a maioria dos combates estava a ocorrer, viu um homem coberto por chamas matar facilmente três dos seus homens.

O Nascer da Rosa BrancaOnde histórias criam vida. Descubra agora