Reinícios, Coisa e Tal

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O céu da meia-noite é um dos aspectos astrológicos mais bonitos que existem no mundo todo. Obrigada Mãe natureza! Bonito e gelado também, preciso registrar, pois minhas mãos estão congelando nessa bicicleta! Estranho o fato de não ter recebido nenhuma ligação de João Augusto, afinal, não comentei nada sobre horários antes de sair.

Chego em casa e percebo que o carro de João não se encontra na garagem. Aqui dentro também não há sinal de gente ou extraterrestre quando entrei. Peguei um copo com água na cozinha e subi para meu quarto. Apesar do horário, não sentia sono algum, ainda estava extasiada com a noite de hoje. Resolvi então pegar minha caixinha de fotos que deixava escondida debaixo da cama. Tinha guardado lá, as fotos que tirei da Laura no sótão do Colégio e que revelei em Petrópolis. Tudo em completo segredo.

Mesmo tendo passado um tempão com a Laura, já sentia uma saudade imensa, gostosa de sentir. Nas fotos ela sorria e me mostrava àqueles dentes tortos charmosos. Observei como seu cabelo dourado refletia com os reflexos solares que ultrapassavam os janelões do sótão; e como seus olhos mudavam de cor, parecendo mágica. Joguei-me na cama com as fotos espalhadas por ali, até que ouvi um barulho vindo da escada. Levantei e olhei pela fresta da porta - me deparando com João Augusto cambaleando no início do corredor. , ele estava bêbado? Rapidamente e sem fazer barulho, fechei e tranquei a porta. A última coisa que ouvi antes dele bater à porta de seu quarto com força, foi: 'Você ainda vai ser minha. Escuta o que tô te falando.'

Achei aquilo engraçado, ao mesmo tempo que fiquei assustada. De quem ele está falando? Por que tão bêbado? Queria ligar para Camila e contar isso, mas não estávamos nos falando.

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Acordei tarde naquele domingo. Sentia-me ressacada sem ter uma gota de álcool no meu corpo. De repente as memórias do dia anterior voaram na minha frente e quase corri para vomitar. Obviamente que o mal estar era por ter presenciado um João Augusto morto de bêbado e não com meu encontro.

Liguei meu PC para saber do final de semana da galera. Não tinha nada demais no Facebook, além de compartilhamentos sem graça. Camila já estava online, hm, que estranho, ela dorme até tarde nos domingos. Fiquei ali até me cansar e ir tomar um longo banho, no qual não parei de pensar na Laura.

Assim que sai do banheiro vi que Juliana havia mandado mensagem, era um convite para ir à casa dela pela tarde. Aceitei e já comecei a me arrumar, afinal já era 13h.

Sobre o João, não sei, não o vi. Acho que estava dormindo, pois vi seu carro na garagem. Esse comportamento dele não era demasiado estranho, nós não tínhamos rotinas nos finais de semana, quer dizer, ele sempre me deixou livre para ir e vir, pois, geralmente se tranca no escritório e sai de vez em nunca. Sabia que ficava bebendo, porque sempre tinha garrafas de whisky no lixo nas segundas-feiras. E nesse domingo não foi diferente, saí sem fazer barulho, para não o incomodar.

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Pedalei uns cinco minutinhos até a casa da Ju. O pai dela abriu o portão, o que achei estranho, já que nunca o tinha visto. Juro que quando coloquei os olhos nele, minha mente fez um 'uau, que homem bonito!' Sim, o Sr. Sandrini tinha aquele porte característico de militares, com a postura ereta e o jeito de falar. Fisicamente, Juliana era seu clone de cabelo grande e mechas coloridas, pois os olhos e cabelos castanhos escuros eram praticamente os mesmos. Ele me olhou de cima a baixo, antes de perguntar se eu era a Srta. Moraes. Depois que afirmei com a cabeça, me abriu passagem a sua residência e disse que conhecia o João Augusto. SOCORRO! Rindo de nervoso. Me seguiu até a varanda, onde encostei a bicicleta e pedi licença para entrar, já com agonia dele estar no meu pé.

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