APAIXONADA, EU?

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Posso dizer que o momento que passei com Laura foi incrível? Primeiro, não tem primeiro. Pera que tem sim. Estava super nervosa em ter que encarar a Laura em sua aula, tanto que tive dores de barriga no intervalo, porém quando a vi entrando na sala, meu coração parou. Juro que não entendia nada do que estava acontecendo e tinha medo só de imaginar, então por isso evitei seu olhar durante aqueles dois horários de História.

Acho que voei durante a aula inteira. A única coisa que me veio à mente foi ir para o sótão do Colégio e pensar, pensar e pensar. E assim o fiz. Despedi-me dos meninos super-rápido e fui para lá. Nunca contei para ninguém que tinha a chave da porta misteriosa, nem sei por que a chamam assim, e muito menos que ficava lá observando todos através dos janelões. Agora, imagina o susto que tomei quando vi Laura atrás de mim naquele lugar! O sangue fugiu do meu rosto. Ok, depois disso e que conversamos bastante, foi como descrevi, incrível.

Depois do nosso 'encontro' fiquei lerda e atrapalhada na Biblioteca. Se a Carmen percebeu, disfarçou muito bem, porque não me chamou atenção nem nada. Sei lá, era só fechar os olhos que a imagem da Laura me encarando aparecia. Seus doces e misteriosos olhos azuis... Seus lábios cheios e os dentes tortos... Seu cabelo e o movimento lento...

Porém, se Carmen não notou minha falta de atenção, o João percebeu e comentou quando estávamos indo para casa no final da tarde.

- Tudo bem, Carolina? Está meio longe hoje.

- Estou sim, pai.

- Então tá bom.

Não era muito de conversar com o João. Principalmente depois que fiquei adolescente, pois achei que o enchia contando sempre as mesmas coisinhas, sem novidades e tal, e ele sempre parecia cansado. Só que ele estava sempre alerta e atento.

Assim que chegamos à casa fui recebida pelo cheiro do jantar. E já me encaminhando para cozinha vejo Lourdes lavando folhas de alface.

- Nossa que cheiro delicioso!

- Minha menina, boa noite. – Lourdes foi largando seus afazeres e veio me abraçar. Adorava seu jeito carinhoso.

- Boa, Lourdinha. O que temos para hoje?

- Bisteca assada e legumes na manteiga. Chegou com fome, hein?

- F-A-M-I-N-T-A. – disse sorrindo e pegando um copo de água gelada. Adoro!

- E não almoçou hoje não? Tá em fase de crescimento, menina.

- Lourdes, eu parei de crescer a um tempo já, viu. – disse e já fui saindo da cozinha.

Entrei no quarto e me joguei na cama. Não conseguia parar de pensar na Laura e em como minha cabeça estava confusa. Por que era tão bom ficar perto dela? Por que não sentia o tempo passar quando conversávamos? É normal achar uma mulher tão bonita? São tantas perguntas na minha cabeça que nem ouvi a Lourdes me chamar para jantar. Só tomei banho correndo e desci.

Fiz umas atividades e depois fiquei conversando com a Camila pelo MSN. Ela insistia em ficar me perguntando sobre o Paolo. Se eu gostava dele? Não sei. Acho que quando éramos crianças sim, só que agora nem sei. Tipo, entre o beijo da Laura e de Paolo, obviamente escolho o dela. Se pegada é o que senti com o jeito dela segurar minha cintura, então, ai merda! Queria contar isso para Camila, mas o que ela ia dizer? Minha amiga é toda patricinha, hétero... Certeza que ia surtar. Tô perdida, por que não posso contar nada a ninguém e caramba, me sinto tão confusa. E foi nessa loucura que adormeci.

E droga, sonhei com Laura e Paolo. Ele vestido como um príncipe e ela como princesa, ha ha. Que clichê! E eu? Vestia o mesmo vestido do aniversário da Camila. Ambos estavam lindos e me chamavam para dançar. Precisava escolher, mas quem? Olhava de um para outro em um looping maldito até que meu celular despertou e era hora de levantar para outro dia no colégio.

Stubborn Love ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora