PROM

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POV Carolina

Uma semana se passou desde os acontecimentos fatídicos daquele dia. Uma semana, que mais pareciam meses inteiros. Aconteceu o enterro do Paulo Henrique, em um cemitério lá da capital, onde tinha um jazigo de família. Nem eu nem Cams fomos, e o motivo é simples, pelo menos no meu caso, mas o dela, ai já não sei. Eu detesto enterros e João Augusto sabia disso e me poupou. Minha vó Estela compareceu também e depois veio para cá.

Pensei que por esse motivo, não haveria formatura, afinal o irmão gêmeo do diretor faleceu né?! Porém nada mudou. Nadinha. Ele disse que seria uma homenagem ao irmão. Porém, homenagem não sei de quê, por que Paulo Henrique não era chegado em nada daqui, nem da escola, nem nada do tipo. O próprio João não aparentava estar abatido, muito pelo contrário, estava atarefado com a formatura e até sorridente.

Camila tampouco aparentava infelicidade. Estava preocupada com o penteado, maquiagem, sapato, qualquer coisa menos o falecimento mega recente do seu namorado. Sabe aquele dia em que tudo aconteceu? E ela se encontrava super mal? Parece que foi deletado da mente dela. Não toquei no assunto, não queria ser indelicada, mas nem ela mesma mencionava nada.

Por conta da formatura, passei a semana inteira colada com as meninas da escola. As aulas já tinham acabado e nós íamos lá para ajudar na decoração. Os professores também estavam lá no colégio, seja fechando suas disciplinas, seja ajudando na arrumação. Laura pouco aparecia e quando o fazia, estava sempre com o professor Felipe ou a mãe de Camila. Se tudo aparentava estar ocorrendo normalmente, algo em Laura denunciava o contrário.

Não nos encontramos em nenhum momento nesses dias. Apenas trocamos algumas mensagens de texto, que eram mais secas do que farinha de mandioca. Queria tocar no assunto daquele dia, não o do falecimento do PH, mas dela e suas ações estranhas. Um desses dias, acho que quinta ou sexta, ela apareceu no pátio, onde estávamos terminando algumas lembrancinhas. Se sentou perto da lanchonete e não me olhava de jeito nenhum. Aos poucos a galera foi saindo para levar os itens prontos para o almoxarifado e me deixou só com ela, que escrevia uma espécie de carta. Cheguei perto e ela levantou os olhos, parecia emocionada, como se fosse chorar. Me desesperei! Mas sua boca apenas sussurrou que ali não era um bom lugar e olhou para os lados rapidamente. Não entendi nada. Sorte dela ou nossa, que Amanda me chamou. Entretanto, fiquei com aquilo martelando sem parar em minha cabeça.

No sábado, dia marcado para acontecer a festa, acordei atrasada e morta de dor de cabeça. Não, não é costume meu acordar tarde no final de semana, mas a pré-formatura foi bem puxada. HA HA HA. Bebemos demais na casa do Nick. Assim que levantei para tomar uma aspirina, dei uma olhada no espelho e quase morri – meus olhos pareciam de panda – o resto do rímel todo derretido. Creeeedo, Brasil! Em algum lugar do quarto meu celular não parava de tocar. Não queria atender e deixei chamar algumas vezes antes de finalmente pegá-lo.

- Onde você tá, caralho? – era Cams.

- Oi, bom dia pra você também.

- Que bom dia, o que, Carolina. – ela não parava de gritar. – Onde você tá? Já te liguei mais de 20 vezes.

- Calma, caramba. – respirei fundo para não perder a paciência, afinal ninguém merece ser despertada assim. – Ainda tô meio sonolenta, porra.

- Vai à merda, Carolina. – gargalhou com sarcasmo. – Já são 15h. 15h, porra! – cassete, ela vai me matar.

- Camila, tô indo. Te acalma, que chego. – desliguei correndo e só me vesti, nem vi se tava cheirando mal ou algo do tipo. Só fui.

Ok, eu estava errada pra caramba. Marcamos no salão às 13h30, para irmos todas juntas, e perdi a hora assim. Só que, o lance de beber de mais foi culpa do jogo ridículo que os meninos inventaram e eu, sai perdendo todas as rodadas. Ufff. Quando cheguei em casa já era umas 07h da manhã, quase que Lourdes me pega.

Stubborn Love ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora