Solamente un día para el día

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Exatas duas semanas se passaram após nossa viagem a Serrinha. Acho que estamos mais animados do que quando viajamos, afinal o cumple da minha melhor amiga é amanhã. E como um bando de agoniados que somos, não parávamos de olhar o relógio da sala e meio que ignorávamos a professora Marcela, de português e mãe da aniversariante. De verdade, parecia que estávamos em uma cena de High School Musical 2.

Quando o sinal finalmente tocou, a professora ainda escrevia a tarefa de casa no quadro, mas com certeza sabia que nosso foco era um só: o aniversário de Camila. O engraçado era que todos anotamos as coordenadas, porque ela é bem rígida com atividades no geral.

Cams me convidou para almoçarmos juntas na sua casa. Carmen havia me liberado do estágio porque já conhecia nossas rotinas quando fazíamos aniversários. Passávamos correndo pelo corredor do segundo andar, quando encontramos Laura saindo de uma sala com seus materiais na mão. Camila rapidamente falou:

- Profs... – grita Camila. – Você vai a minha festa amanhã, né?

- Oi, meninas! – Laura nos olhou e sorriu. – Como vão? Meu nome já está na lista de confirmados, viu?! – continuou rindo.

- Ótimo! – gargalhou minha amiga animada. – Então, até amanhã. Precisamos ter uma tarde de meninas, né Carol?

- Sim. – respondi.

- Tudo bem, Carolina? – pergunta Laura. Seu olhar parecia preocupado.

- Não podia estar melhor, professora. – frisei esse professora.

- Vamos, Caroles. – chama minha amiga. – Hasta manaña, Laura. – Camila me puxa e saímos correndo, sem deixar de sentir sua olhada em nossa direção.

Essa era a primeira vez que nos víamos, pertinho, após a viagem. As aulas de História aconteciam nas segundas-feiras e na primeira amanheci com um febrão de 39ºC, Lourdes falou que era culpa dos banhos gelados na cachoeira. Mas só entrei um diazinho. E na outra, Laura precisou se ausentar da escola por motivos pessoais. Não nos vímos, de fato, nos outros dias. Às vezes acho que minha professora de História não existe fora das segundas-feiras, só que hoje foi uma exceção.

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Minha amiga mora com os pais a umas poucas ruas da nossa escola. Eles vivem no mesmo prédio desde que vieram para Resende, quando o pai dela, Henrique, começou a trabalhar no Colégio Moraes. Ele é o melhor amigo do meu pai. E depois a professora Marcela também iniciou suas atividades lá.

Conheci a Camila quando tínhamos seis anos de idade. Nós viramos amigas desde a primeira brincadeira: casinha. Era um domingo comum com muito sol, piscina, churrasco e álcool para os adultos. Minha mãe tinha dito que receberíamos visita e que tinha uma menininha da minha idade. E era ela. A Camila sempre foi aquela típica garotinha de novela com seus cabelos castanhos lisos e grandes. Usava muitas roupas de cor rosa e lilás. E vivia com as unhas pintadas com as mesmas cores.

Nós estudamos juntas sempre essa época. Decidimos em conjunto que iriamos estudar espanhol porque descobrimos que a menina de carinha de anjo era mexicana. Nossos pais até comentaram de nos matricular em uma escolinha de inglês, mas não curtimos a ideia. Chegamos até a viajar para Buenos Aires, Montevidéu e Santiago. Tudo pelo desejo de praticar e praticar.

Olhando pra ela ali na cozinha, colocando uma lasanha para esquentar no micro-ondas e pegando o vinho barato que deixou escondido, lembro o primeiro pensamento que tive quando a vi: nossa, que menina linda! A mais bonita de todas. Parece uma princesa. Bom, ela não era/é nenhuma princesinha, suas ações falam muito por si só, só que pra mim, ela vai ser sempre a garota mais linda do recinto inteiro.

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