Stubborn Love ⚢

Umas verdades consequentes

O caminho para Petrópolis é longo e ao mesmo tempo curto, são mais ou menos umas 2h30min. Às vezes durmo enquanto Carmen dirige e canta suas canções, ela sempre está muito feliz quando vamos visitar minha avó. Desta vez, eu estava meio distraída, com algumas coisas na cabeça, muitas lembranças de ontem. Meu Deus, o que foi tudo aquilo? Era fruto do álcool? Enfim, vou fechar os olhos e tentar dormir, entretanto, como? Minha memória agora é constituída apenas flashes do ontem.

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ONTEM, ÚLTIMO DIA DE AULA, PRÉ-FÉRIAS.

Estava arrumando as lentes da câmera para fotografar uns livros na Biblioteca. Como de costume, esperava Laura no sótão no horário do almoço, porém, hoje haveria uma comemoração dos professores e provavelmente ela não viria. Fiquei surpresa quando vi aquele sorriso torto e um prato de salgadinhos em suas mãos. E fiquei mais surpresa, quando Laura começou a me fotografar.

Apesar de parecer estar tudo fora de contexto, o que aconteceu depois foi mais estranho. Começou a tocar uma bachata que Camila e eu adoramos, e honestamente, minha felicidade era tamanha, visto as cenas que participei anteriormente, por isso, não havia como permanecer parada. Agora, imagina a vergonha que fiquei quando percebi Laura me observando? Institivamente a convidei para dançar, não era bem um convite, tinha mais cara de desafio, e ela aceitou depois de relutar um pouco. No momento que seu corpo iniciou os movimentos, entendi o porquê dela não dançar, era desengonçada! Mesmo assim, aprendia rápido e mesmo com dificuldade exercia os passos. Sua feição era tão bela, seu corpo tão convidativo, quando dei por mim, nossos lábios estavam se tocando, seu cheiro de alfazema preenchendo o ar ao redor. Ela quebrou o transe quando me afastou e institivamente senti vergonha, pero, tinha um imã ali, exercendo uma atração sinistra.

O beijo recomeçado era forte, quente e urgente. Minhas mãos, sei lá, passeavam por aquele corpo de forma curiosa. Nossas vozes denunciavam essa loucura, principalmente quando toquei em seus seios, Laura soltou um gemido alto. Aquilo me deu uma ansiedade e um medo de errar, porém não havia como parar. Seja lá o que isso for, não temos vontade de parar. E nesse instante meu celular toca, quebrando todo o clima. Depois disso, Laura me olha de forma estranha e diz que tudo aquilo estava errado, e sai praticamente correndo do sótão. Senti um vazio enorme começar a crescer, semelhante aquele que passei há meses atrás. Porém dessa vez um estranho sentimento crescia em mim, e reconheci no mesmo instante - era raiva.

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CARRO – ESTRADA ENTRE RESENDE E PETRÓPOLIS

Abri os olhos e olhei ao redor - estava no carro com a Carmen. Adormeci? Pois parecia ter se passado horas. O tempo lá fora anunciava uma chuva de verão. Peguei a garrafa de água de Carmen e ela me sorriu, deve ter pensado que acordei para conversar. Retribui o sorriso e continuei olhando para estrada. Uma sensação péssima se aproximou de mim, por que sim, a ressaca é uma personificação cruel no dia seguinte. Esvaziei a garrafa d'água e peguei um comprimido, vou morrer em um acidente ou de dor de cabeça? Nesse momento parecia a segunda opção. "- Tudo bem, Carol?" a voz de Carmen soava suave ao fundo... "- Siiiiiim..." E adormeci novamente.

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ONTEM, ÚLTIMO DIA DE AULA, PRÉ-FÉRIAS.

Olhei para o longo espelho do meu quarto, e me perguntei: 'quem é aquele reflexo? Está triste?' Oh sim, sou eu. Depois do segundo pé na bunda da minha vida, da mesma pessoa. Ok, estou sendo muito dramática. Tenho 17 anos, estou apaixonada pela professora de História, recebi meu segundo pé na bunda da vida e estou triste. Devo ter mais uns 15 nãos me esperando até o juízo final. Merda, isso foi mais dramático ainda. Olhei mais uma vez e analisei a roupa de hoje: calça preta justa, o all star sujo de sempre, camisa branca e a jaqueta jeans que era da minha mãe. E o cabelo? Solto. Parecia mais longo e mais escuro do que de costume. Faz tempo que não tomo sol, hein?! Pensando bem, estou a cada dia mais parecida com minha mãe.