Segundo dia de viagem

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O canto dos pássaros pela manhã é único. Sempre amei escutá-los, porque lembra aquela cena da Fiona e o passarinho de Shrek 1. Ser acordada por eles é um privilégio que ganhamos ao sermos despertados no meio da natureza.

Ainda me sentia destruída fisicamente. Mentalmente já era outra coisa. Assim que abri os olhos vi Camila não só acordada, mas pronta para o café da manhã.

- Bom dia, princesa. – me saudou ao mesmo tempo que aplicava uma camada leve de blush.

- Bom dia, Cams. – respondi em meio a preguiça.

- Tu está cansada né!? – Camila quase grita. – Pois quero saber onde a senhora estava na madrugada.

- Eu? – caralho será que ela viu algo?

- Carolina, eu acordei de noite e tu não estava. Mas ok! Cada uma tem sua individualidade nessa pareja aqui – apontou de si para mim. - Agora levanta daí e vamos tomar café que estou faminta.

- Essa é novidade. – ri. Ela nunca acorda cedo e parece que de bom humor – Você acordando cedo e disposta. Sonhou com quem de noite?

- Pois cala-te boca, sua engraçadinha. – Camila sai da barraca gargalhando.

- Você me paga, Cams. – Falei pra mim mesma, pois ela já tinha saído.

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A mesa de café da manhã já estava toda arrumada quando cheguei. Havia café preto, sucos em caixas, leite, pão, frios e algumas frutas. Todos estavam ali sentadinhos, enquanto me juntava a eles. Exceto ela: Laura. Me aproximei da mesa e tentava encontra-la, mas Cams me puxa e põe um copo de suco de laranja em meu campo de visão.

- Obrigada, boluda!

- Rá, rá, de nada. – disse Camila com uma voz apressada. – Senta logo aí.

- Que foi? – perguntei quando me sentava ao seu lado.

- O instrutor e a professorinha estão sumidos na cozinha do camping. – sussurrou e apontou com a cabeça na direção da cozinha, onde, agora ambos saiam.

Sabe quando os amigos dizem: não olha agora, mas...? Fiz obviamente aquela pessoa idiota que se vira no mesmo instante e olha. Laura saia da cozinha com Alfredo ao seu lado. Ambos pareciam alegres e a vontade na companhia um do outro. Senti algo estranho ao vê-los desse jeito. Meu rosto estava meio quente e meus olhos ardiam. Será que era o protetor solar que acabei de passar? Ou outra coisa? Não sei. E também não consegui identificar o motivo para abaixar minha cabeça quando eles passaram por ali.

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Pov Laura

Alfredo e eu carregávamos fatias de melancia. Ele é um homem muito engraçado, ainda mais quando manuseia objetos cortantes de um jeito desengonçado, apesar de ser um escoteiro experiente. Confesso que amo pessoas engraçadas. Amo quando elas riem de si mesmas sem vergonha alguma. No fundo, no fundo, sabia que aquele jeito atencioso dele era um flerte, mas resolvi me manter quieta. Me sinto na defensiva quando o assunto é relacionamento amoroso nesses últimos tempos. Ainda não me sinto preparada para nada do tipo, pois minha mente ainda vaga em torno de alguém bem especifico. E proibido.

Felipe já se encontrava com minha cadeira puxada. Cavalheiro, hein? Essa posse era só fachada. Seu rosto demostrava sua real face - aquele sorriso de desdém mostrava o que ele estava achando dessa proximidade com o Alfredo. Apenas balancei minha cabeça em sinal negativo. Não é nada do que você está pensando, meu caro! Mas ali não era um bom lugar para conversamos sobre. Nem sobre o que ocorreu ontem.

Assim que me sentei, procurei pela única pessoa que ainda não havia aparecido: Carolina. Ela estava ali, não tão longe, mas estava distante. Tomava um suco de laranja no meio daquela algazarra que seus amigos faziam. Comia calada e com os cabelos escuros cobrindo seus olhos. Daria um doce para visualizá-los, no entanto, parecia que ela me evitava. Por quê? Será pelo que aconteceu ontem?

Stubborn Love ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora