Mala vibra

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Alerta de Gatilho 

Carolina acabou de descer as escadas do meu prédio para ir assistir a um jogo de futebol com os amigos. Trajava seu combo de sempre: jeans, all star, jaqueta jeans e uma camiseta do Resende Futebol Clube. Não lembro exatamente com quem a equipe iria jogar contra, mas ela estava muito animada.

Felipe entrou em minha casa assim que ela saiu, quase se encontrando. Sua expressão era tranquila e até feliz. Diferente dos outros dias.

- E essa carinha? Pensei que ia te encontrar feliz. – ele veio entrando e se sentando no sofá.

- Queria conseguir disfarçar melhor de vez em quando, Fê. – comentei cansada.

- Hm... aconteceu algo né? – balancei a cabeça afirmando. – Me conta, porque você sabe o quanto sou curioso. – Abri a caixa que ficava na mesa de centro e entreguei um telegrama para ele. – Quando você recebeu isso?

- Hoje de tarde. – ele abriu e começou a ler, ficando com uma expressão preocupada.

- Então... – suspirou alto. – é a convocação do julgamento final?

- Sim... – e ele me abraçou. – Estou com tanto medo Felipe, tanto, tanto, mais tanto que nem sei. – respirei fundo para segurar o choro que fechava minha garganta. – Vou perder tudo se for condenada.

- Calma, meu bem. – Felipe dizia isso mas também parecia apavorado. – Você acha que pode ser condenada? – afirmei com a cabeça. – Não tem nada que possa fazer? Apelar? O que sua advogada disse?

- Os pais da Pandora estão irredutíveis. Minha advogada falou que uma das únicas alternativas seria o depoimento dela, mas duvido que seja possível, ou que a família Cabral desista do caso.

- Ai amiga, queria tanto poder te ajudar a sair dessa. Você não foi feita para ficar atrás das grades e ser a mulherzinha de nenhuma sapatão da cadeia. – riu sem graça.

- Queria ficar e não ter que perder tudo de novo...

- Shiii, eu sei. No fundo sei que vai dar tudo certo. Vamos torcer por você ter uma bela surpresa em janeiro, quando esse julgamento acontecer.

Ficamos ali abraçados, escutando a rádio que passava 'Eye in the Sky' do The Alan Parsons Project só que na versão da Noa e tudo parecia se encaixar. Até Felipe comentou que a música coroava o momento horrível.

A campainha tocou e Felipe me encarou com uma interrogação no rosto, porém levantou-se e foi ver do que se tratava. Ao abrir a porta, nós dois tomamos um grande susto: era João Augusto Figueiredo, nosso ilustríssimo diretor.

- Oi, Felipe; Oi, Laura. – olhei suas roupas e sabia que a noite seria longa antes de ouvi-lo.

- Oi, João Augusto. Entra. – Felipe disse.

- Oi, João! – levantei para cumprimentá-lo. – Como vai?

- Muito bem. Sua casa é – disse olhando ao redor. – aconchegante. – e me encarou com aqueles olhos penetrantes.

- Obrigada? – olhei para Felipe, a fim de sair daquele olhar do diretor. – A que devo a honra de sua visita?

- Bem, Laura, eu vim convidá-la para jantar comigo. Que tal?

- Não sei, João, - me olhei de cima abaixo e estava apenas com uma camisa grande do The Cure e uma samba canção, que tinham o cheirinho da minha menina. – não creio estar disposta hoje.

Stubborn Love ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora