Alguma merda está por vir

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Alerta de Gatilho

Pov Carolina

Tudo o que se falava no Colégio durante essas últimas semanas era em formatura. Formatura para lá, formatura para cá. Não que eu não me interessasse por isso, pelo contrário, era um de nossos sonhos, meu e de Cams. Desde sempre imaginávamos nossos vestidos parecidos, nossos penteados, nossos amigos todos juntos e celebrando com muita bebida, óbvio. Porém, algo dentro de mim dizia que nada disso seria possível ou aconteceria conforme planejávamos.

Uma semana antes do famigerado dia, Camila e eu convidamos as meninas para irem conosco para Copacabana a fim de alugarmos nossos vestidos. A loja já era uma velha conhecida nossa, íamos sempre que tinha um evento mais especial. Juliana também foi, mesmo que no inicio tenha ficado um pouco mais afastada de mim.

Assim que chegamos a enorme loja, entendi que aquilo ali não era para mim. Nunca gostei aliás, mas vestia tranquilamente as peças que Camila escolhia para nós duas. E dessa vez não seria diferente. As meninas se espalharam pela loja e fui me sentar próxima de uma das araras perto das janelas do segundo andar, um lugar com menos movimentação de pessoas. Me isolei por que precisava fazer uma ligação e nenhuma das minhas acompanhantes poderiam ouvir. Disquei duas, quatro vezes talvez, todas indo direito para caixa postal; na quinta vez, Juliana apareceu com um vestido em mãos, caminhando para o provador, que também ficava por ali.

- Tudo bem ai? – ela perguntou se aproximando.

- Sim. – me limitei em dizer.

- Não está com humor para escolher vestidos hoje? – ri de sua expressão.

- Acho que nem hoje nem nunca, na verdade.

- Te entendo. Esse aqui – levantou o vestido em suas mãos. – Espero que fique bom, por que não quero ter que experimentar muitos. – rimos.

E voltei a encarar meu celular, pensando se mandava uma mensagem ou deixava uma de voz. Juliana que estava ao meu lado se encaminhou para uma das cabines, ao mesmo tempo que as outras meninas apareceram para provarem os seus.

- O que você está fazendo ai, Carolina? – Camila me gritou daquele seu jeitinho escandaloso. – Pelo amor de Deus, levanta dai e vem experimentar esse aqui. – E me estendeu um vestido de cor pêssego, do qual quase deixei cair por conta do celular. – De nada, viu?

- Obrigada!? – respondi de volta.

- Patética. Vai logo. – disse me empurrando par o provador. O que seria de mim sem Camila?

Assim que entrei na cabine, ainda disquei algumas vezes, mas ainda sem respostas. Teria ligado mais se Camila não perguntasse se precisava de alguma ajuda. Finalmente olhei para o vestido jogado no banquinho de veludo rosa choque, ele parecia ser lindo e como sempre, de muito bom gosto. Comecei a me despir, quando ouço meu celular apitar, era mensagem do João Augusto avisando que teria reunião até mais tarde aquele dia, em Niterói. Sobre isso, não conseguia entender como uma pessoa que mora em Resende tem uma empresa de móveis em Niterói, sinceramente, não entendo, nem me importo, ele que ficasse um tempão lá.

Eu não odiava ou desgostava do João, não tinha nada contra mesmo, porém nesses últimos meses, ele começou a ficar mais em cima, a perguntar com quem eu ando, onde passei minhas horas. Sabe-se que vivo com a Camila, por que esse tanto de perguntas? Tudo bem que comecei a ficar mais com a Laura, mas e daí? Tenho hora para chegar em casa e minhas últimas notas escolares foram ótimas. De repente quer ser o pai que nunca foi? Por que não ficou sendo o padrasto legal de sempre? Pegar no pé é algo terrível mesmo, que só entendi de verdade por agora, pois não havia pais para reclamarem.

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