É UM ENCONTRO?

135 13 29
                                    

Notei que Carolina estava em um sono profundo quando o disco da Gal acabou. Procurei meu relógio e tomei um assusto com a hora, precisava sair dali e buscar o Felipe. Tentei me levantar de maneira a não acordá-la e obtive sucesso, mas não resisti a observá-la dormir, parecia um anjo ferido com aquele curativo enorme. Saí do quarto lentamente, porém senti que esquecia algo e então decidi escrever um pequeno bilhete. Ao deixá-lo sob sua cama, depositei um beijo em seus lábios e sussurrei um 'até mais'.

Quando cheguei à base da escada, ouvi o som de um rádio antenado naquelas estações de programas católicos. Quem será? Merda, não vou poder me esgueirar e sair de fininho.

- Oi. – anunciei minha chegada a uma senhora que parecia arrumar algo no armário da cozinha.

- Nossa mãe do céu. Que susto. – levou a mão ao seio esquerdo em sinal de susto. – Quem é você? – falou quase gritando.

- Por favor, - disse fazendo sinal para que falasse mais baixo. – sou Laura Herrmann, professora de História da Carolina. – tentei sorrir quando percebi que ela tinha ido pegar um copo d'agua.

- Ah, dona Laura. – suspirou de alivio. – Desculpe, não sabia. – veio em minha direção. – Aconteceu algo?

- Não, - ri de nervoso pela situação. – quer dizer, sim. Carolina levou uma bolada no rosto e cortou o supercílio. – observei sua feição de horror. – Calma, ela está bem. A levei ao hospital, o médico deu alguns pontos e já está dormindo. – terminei de explicar e um sentimento de nervosismo tomou conta de mim, como se estivesse fazendo algo errado. E estou?

- Ai minha Virgem Maria. – disse nervosa tomando de seu copo d'agua. - Seu João Augusto viajando e minha menina se acidentando. – confesso que ao escutar o 'minha menina' me senti um pouco enciumada.

- Bom, senhora, - falei apontando para a saída. – vou indo.

- É Lourdes, Dona Laura. Te acompanho. – fomos até o portão. – Obrigada. E Dona Laura,

- Só Laura, Dona Lourdes. – sorri.

- Foi feio o incidente?

- Não, ela está bem. Além de ser uma menina forte né?! – me senti contente por isso.

- Ela é.

- Pois bem, tchau Dona Lourdes. – e ela acenou para mim.

Dei partida no carro e olhei Dona Lourdes pelo retrovisor. Tive a ligeira impressão de que ela ficou me encarando. Resolvi ignorar e ligar o rádio para me distrair dessa sensação estranha. Estava passando Romance Ideal dos Paralamas do Sucesso, música que combinava com o momento.

- "Ela é só uma menina e eu pagando pelos erros, que eu nem sei se eu cometi" – cantei bem alto. – "Se eu queria enlouquecer, essa é minha chance, é tudo que eu quis, se eu queria enlouquecer esse é o romance ideal".

Ah, Carolina... O que está fazendo comigo?

+++++

- Que cara é essa, Lauril? – perguntou Felipe assim que entrou no carro.

- Cara de quê? Como assim? – tentei desconversar dando partida.

- Cara de feliz. – riu. – Ah, já fiquei sabendo o que houve lá no Colégio Moraes.

- Rápido assim? Quem te contou?

- A professora de Geografia. – ele pegou o celular e começou a ler a mensagem.

Stubborn Love ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora