Carta ao suicídio.

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Eu não teria palavras, jamais as tenho, mas garanto que morri naqueles dias, onde a certeza me cobria dos pés a cabeça. O que faz me questionar todo dia sobre minha índole, sobre minha nobre vontade de viver, é sobre o duvidoso caso de você ter roubado ela de mim. 

Garanti que os dias seriam totalmente coloridos e ensolarados, até que você fizesse os cortes ficarem profundos e necessitados de pontos e repouso.  E depois do meu suicídio, você voltou, porque mesmo morta, mesmo sem esperanças da felicidade, quando você chora, quando você sente, eu me sinto acorrentada a dizer-te que te amo. Mesmo que tenha me machucado tanto. 

Não garanto-te status por ter uma mulher coberta pelo vestido mais caro, pelos seus cabelos curtos e brilhosos, por sua aparência inegável. Mas trago-te o romantismo de uma escritora machucada e desesperada por seu amor, mentira sua ou minha?

Olhos inchados, mirando em cartas e pinturas que seriam queimadas no fogo mais ardente, aquele que não contém apenas o calor, mas sim totalmente enfurecido com meu ódio e melancolia. Não foram ao fogo, porque atirei-me nele, ao invés de atirar as artes contra-o. E assim morri de novo.

Enterrada viva, digam "meus pêsames", digam que me amavam. Em quanto eu tento respirar todas as mentiras em baixo dos teus pés e sapatos caros e rudes. 

Eu teria certeza da minha insanidade, tenha isso em mente, mas depois de conhecer teus planos e tua responsabilidade emocional estável o suficiente para me mandar ao inferno e depois voltar até os meus reinos na intenção de me amar, possa ter certeza de que, o louco, o louco é você. 

Ainda estou morta, mas caso seja abençoada com vida, repense sobre tua alma suja e pecadora, caso queiras dividir o vinho e o pão, ao meu lado. mas caso não, apenas morra junto dos teus mares de fel. 




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