A importância só é dada depois que a peça termina com uma catástrofe, quem entende a obra aplaude, quem se recusa a entender, levanta e vai embora com arrependimento, e por enquanto, é comum que o segundo publico sejam os mais presentes no papel da ausência, na compreensão das cores da escuridão, a forma em que o preto forma melancolias e medos pontiagudos aos olhos. Andando em três por quatro, narrado em três por quatro, me perdendo em lábios amargos em ruas estreitas, me perdendo em gritos de um primeiro tempo, e me sufocando ao quarto tempo, sussurrando a mim mesmo, de que a valsa só acaba quando meus pés não aguentarem mais me sustentar.
Guiado pelos caminhos, com a graça, como arabescos, fechando os olhos até que eu me perca da onde eu esteja, acompanhado da versão pálida das inúmeras versões envenenadas de mim.
Quando já não houver respiração, este será o céu, perdidos nos armários embutidos das memórias mórbidas de quem eu já fui, pintado em tons cinzas e aclamados pelos leigos, aqueles que não entendem a dor.
As cortinas se abrem, arrastando a poeira do palco, se fecham trazendo-as de volta, reescrevendo o ciclo das próprias, reapresentando-as como se a historia não fosse a mesma, como se um dia o ritmo e as intenções nada caricatas, tivessem mudado.
A importância só é dada depois que a obra está morta, renascida pela modernidade e a personificação da dança solitária da morte, mas a que custo?
A valsa continua nas mãos fantasmagóricas do pianista, e nem ele, e nem as almas perdidas por ali, conseguem ouvir os aplausos dos mentirosos.
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Sombra e luz: Tapeçaria do Eu.
PoetryTextos feitos em balanços ao ego, á complexos e principalmente a parceiros de amor ou outros laços de relações, de tal forma pessoal, ou de que atinga o inconsciente coletivo.