As palavras são tão duras e grosseiras, eu me imagino sentada em vários cantos do quarto, no teto, pendurada nas cortinas, jogada nas cobertas e fronhas, minha cabeça dói intensamente e eu não consigo dar causa com cor, não vejo cinzas sobre os cinzeiros, não vejo amassados nas camisas. Meus olhos incharam como quais fossem vítimas de ataques de pedras e eu nunca tive coragem de dizer a ninguém que estive aos prantos nas ultimas noites como se tivesse perdido alguém, não tive coragem de terminar ou prorrogar meus enfermos ou desejos que possam saciar a grande falta dos outros fios da minha cabeça, porque em alguma causa, eu sinto que perdi tudo, sinto que queimei os tapetes e fiz meus pés frios adoecerem todo o meu corpo, até meu coração tentar correr de mim, até eu entender que eu deveria ter o feito acelerar por lutar insistentemente pela minha vida, mas estive só, mais um dia só. Ela se estende como chicletes colados nos tênis das crianças mais novas e maiores que eu, porque em uma semana tive a oportunidade de fazer-me acreditar que estava tudo bem, porque precisava, e ela me abraçou por seus 7 dias e eu sinto como se eu devesse acabar com tudo que um dia foi me dado, eu não conheço essa pessoa em tantos anos, não sou filha desta pessoa abatida e adoecida que minha mãe diz que eu esboço, não sou as latas amassadas de que me lembro, mas sou a maca do fadigo dia que me devolveram com tanta dor o que tentei tirar, neste anteontem e no ontem que me fiz encarar os corredores com luzes má ascendidas do hospital branco. Tenho me olhado tanto no espelho que me fiz encarar uma senhora robusta e bem alimentada, próspera de vida e riquezas, em quantos meus lábios tem ficados secos e brancos, e ando me perguntando porque não me depilo, não cubro o rosto com pó de arroz e porque isso dependeria tanto de não ver quem prometi tanto amor aos quase 1 ano dos quais eu posso jurar de que ele nunca vai se lembrar, da ultima vez que encarei a foto de que fui tratada como ser humana e significar tão pouco depois como no dia em que meu pai me deixou para dizer as suas novas filhas de que os preços dos quais arrancavam de sua costela, não doeriam nada. Ultimamente tenho olhado pros cabelos loiros e sentido raiva, tenho olhado pros cortes e sentido força pra faze-los de novo, encarando meus ombros cortados e abismados, sabendo que meu corpo treme por medo de mim, por medo de nós, e mais uma vez eu me pergunto porque a fita não esta pendurada no meu pescoço, eu me olho na sala quadrada com as persianas de cor marrom dizendo que já não sei mais, e você diz pra mim mais uma vez, "você já sobreviveu a tudo isso" e eu desabo por me impedir de chorar por tanto tempo, eu vivi por muito tempo, e mesmo que eu sinta a dor dos infernos, eu não o tento, eu o resisto, mesmo que levem o resto de mim, cada segundo povoado da mente fez agora com que eu refletisse onde as pílulas estariam de novo.
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Sombra e luz: Tapeçaria do Eu.
PoetryTextos feitos em balanços ao ego, á complexos e principalmente a parceiros de amor ou outros laços de relações, de tal forma pessoal, ou de que atinga o inconsciente coletivo.