Não há eficiência no atraso, se me despeço desta forma como resolução, machuco-me mais uma vez como juntar os cacos de vidro no chão com as mãos nuas. Novamente faço a escolha errada como junção da culpa, do alívio fictício e que não necessariamente seria como causa limpa, mas de que mais uma vez me fiz sombra e corpo sujo largado na linha do trem, o trem que correu mais rápido do que eu, que me joguei sobre suas linhas rígidas. Seu movimento arrancou-me as pernas, deixou-me em pedaços irrecuperáveis e ainda me pergunto como posso sobreviver a esta tentativa mórbida de suicídio, se você carrega tantas meninas iguais a mim em seu vagão por pura diversão ou tentativa clara de dizer a mim, "o problema é você", dando mais peso a minha morte pelo que carrega dentro, e não pelo seu único peso de existência. Quando peço a você minhas desculpas, esqueço a maldade do seu não freio sobre mim, como passou por cima, e eu me pergunto como alguém tão desapegado como você, me faz querer perder as linhas da vida, eu não consigo esquece-lo como uma pagina má lida, como uma matéria mal ouvida, como o desprezo no qual você mereça receber. Porque fiz de mim desta doença má diagnosticada, eu não consigo contar as boas palavras notáveis deste texto, porque juro a mim que meus livros dedicatórias a este julgamento de morte nunca serão lidos por você e nem por ninguém que talvez um dia testemunhara meu frio corpo embalado nos véus brancos da madeira escura. Ultimamente me pergunto o que isto tem de mais, e como larguei todas as malas por você, esta garota tem o mesmo amor por ti no qual te dei por todo este tempo? o que fez de mim tão desinteressante que fizesse a mim mesma perder o interesse pela própria vida que carrego, em toda a minha existência suportei dores consequentes e nunca explosivas, dores que me levaram até você e dores que evidenciam minha loucura, minha internação, meu corpo que você odeia, minha personalidade que te espinha, o fato de ser maluca e de não ter nada a fazer, porque você ganha estas facilidades de sobrevivência tão fáceis e eu mereço sofrer desta forma. Eu não penso mais em sobrevivência limpa, preciso estar alucinada para que não pense nas rodas esmagando-me nas ruas, no gume perfurando meu corpo, nos remédios matando meus órgãos, do seu falso amor me destruindo como uma criança martela um cofre de moedas. Eu não te perdoo jamais, e porque, porque faz-se mais presente nessa sua superficialidade sem ao menos conseguir me pedir desculpas uma vez na sua vida? porque eu dependo tanto de sua redenção mentirosa? do seu orgulho fatal de ser um veneno mal informado. Não me sinto mulher por ter me entregado a ti, me fiz vítima da minha própria traição, até mesmo pior que a sua, simplesmente pior que a sua. Queria estar farta de receber tanto como você recebeu de mim, mas a que custo? serve-te mais uma vez como mais uma magra em teu jantar, como ensinei você a preparar e degustar, a ouvir de ti, que odiava todas estas coisas por uma razão, por você e sua covardia de nunca assumir que foi proposital, e eu jamais discordaria disto. Eu disse a ti, busquei a você por perdão pela ultima vez, mas quem diga que seu perdão terá efeito sobre mim, porque já morri há meses, e provavelmente noticiarão isto de novo.
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Sombra e luz: Tapeçaria do Eu.
PoesíaTextos feitos em balanços ao ego, á complexos e principalmente a parceiros de amor ou outros laços de relações, de tal forma pessoal, ou de que atinga o inconsciente coletivo.