Aos treze torna-te mulher, mulher, repita mulher. Minha cara filha que talvez filha do homem de cabelos longos castanhos, filha talvez do loiro da esquina, filha talvez do meu imaginário e remoto controle. Presei pelo afeto a linguagem antiga, metafórica, a tão ardente "a" quando repetirei a você que isso é apenas mais uma fase do quebra-cabeça, a, a tal qual, acordei próspera de mais um jogo, minha mulher da vez que fui mulher como pintei-te aos meus treze. Minha cara Elise, a caixa de Pandora não é o mistério, não é a causa das coisas que deixarei você a guiar como ruindade do mundo. Na sua menor idade, aquela que nos subtrai, me fiz portas, trancas, meias horas e jamais mudanças complexas como as daquela que foram embora, enfezar o E, minha Elise, fruto da vez que me lembrarei para sempre da rebeldia da feminilidade, dos cabelos coloridos, dos corpos magros cobiçados, do bairro jardins e da jamais limitada sensação salgada de lamber os dedos depois de minutos de sua sensação de criação. Diga-me, minha E, minha Elise, diga-me como nasce nas cinzas das horas tão radiante, como se faz o teu preparo, os teus quadros, perguntas de mim para mim direcionadas a você espelho, espelho meu cobiçado de paixão, cobiçado de que prefira a mim chamar de mãe, do que aquela que eu chamei poucas vezes em minhas montanhas russas de rosas. Aos meus 4, fui acariciada pela doce música de seu tio, que permito-te ser tio, pois jamais saberia descrever tal árvore genealógica, lembro dos cabelos lisos escorridos e escuros de sua tia me acobertando com uma coberta roxa, do sofá laranja de sua casa que mal preveríamos que seria roubada na época, seu tio canta pra mim, que gostava muito de mim leãozinho, gostava de me ver andar, gosto-te Elise, te ver ao sol da juba que herdarás de mim ou da minha paixão jovial, na qual quero criar-te fora daqui ou nas luzes amarelas do bom dia do sol em nossas torres de vidro escondidas como uma biblioteca, nosso esconderijo metropolitano nos meus desejos mais intensos de morar em uma avenida. Mamãe sonhou com vida, mulher desde os treze, amou tudo que pode aos treze, ao segurar as rédeas dos prédios de que nada de antes agora ficou no lugar, eu vou invadir tua aula, eu vou compartilhar teus segredos nos quadros, derramar meu sangue em ti. Mulher, é pra ver se você volta pra mim, se volta para os braços da velha com seus chás e discos, se volta para ouvir mais uma música de seus pais, se volta do mundo que um dia te jogarei para amar filha, mas jamais para se perder de inexistentes criações dos venenos do mundo. Quero alisar-te, apertar tuas bochechas com caldo, que escute a primeira arabesque de sua mãe, que assista-me nos palcos com os dedos colados e afugentados, fixadas dos meus olhares a ti, diga que me adora. Te amarei como um pedaço de minha coluna, adão, adão, não se fala mais de leva, mas eu daria todas as maçãs do mundo para e, a de e, a de Elise, quando dispara teu cheiro, dentro do meu piano conquistado, das luzes amarelas, da quietude da nobreza, faço favor de te ensinar todas as belezas do mundo menos as quais há presenças desconhecida das aqui, como aquele que cito, o homem de cabelos longos castanhos ou o loiro da esquina, peço que compreenda que sonharei com você Elise, independente de quem me fez amar você primeira. E diga São Paulo, viverei em São Paulo, me encontre dançando maresia em seu quarto minuciosamente verde alaranjado, quando o sol sobre o azul, jamais haveria conforto, te amarei até se não tivéssemos inteiro, nem portão, nem solidão, nem marido ou condição. Eu ando prestando atenção no que teu tio diz, do que teu pai produz, jamais dividiria paz com candidatos à sufoco, jamais proteger-te-ia de sufoco sem um candidato digno da minha paz. Minha cara Elise, minha alegria e cansaço, as ruas de São Paulo, as laranjeiras, os teatros, o piano de sua mãe, o violão, piano, guitarra de teu pai, quem é ele, quem é ele, apenas aceite o final que te pegará como luvas, apenas sorria pra mim neste hospital na meia cidade de São Paulo, fornecedor de vida, que agora posso finalmente respirar em ti como meu amor vival e nem um pouco banal. Agarro-te numa manta roxa, hereditária, cafona para nossa época, com rimas fáceis, canto pra ti nosso primeiro contato com estas cartas, tal qual se não fosse dizer, de que o amor é uma coisa mais profunda que um sexo casual. Teu pai, teu pai da estação, meu amor, não teu pai, mas meu amor. Discorre os cabelos azuis, machucada, nem questão sobre as cadeiras do ônibus, preferencia ao seu colo sutil, do teu anseio sorriso ligeiramente separado, quis me aconchegar ao devaneio em baixo de seus bonés, em baixo destes braços desconhecidos. Pinte o cenário de canário, mire os nós neste trem, nesta prisão, sem paixão, minha fúria e pressa de viver, se é transcender ou morrer pelo caminhar de estar louca por você, se jamais direi que te amo, é porque uma vez pensei sem tempo, sem pensar, de que sim, te amo e pretendo fazer isso por paixões desiquilibradas de amor, ansiosa pela volta, volta, ao olhar, ao chamar. Vejo te a belchior, agarre-me a minha cintura e me beije até a musica acabar, até a divina comédia da minha paixão acabar, já se mandou como não amou, sumiu as flores de meu apiário, e eu venho a tantos dias te chamar de mel, e me recusastes por este tempo, tempo essa mulher, porque tempo não é homem? tempo serve peito a ti ao teu descanso sereno, tempo da a ti a presença de um serenar em uma rede abundante, gozar em você minhas flores sem espinhos, planejar este vilarejo sabendo que possa ser apenas uma incógnita, ou seja sinal para esquecer o francês, o loiro, o rico, o pobre e agora eu quero tudo, tudo outra vez, te encontrar pela primeira vez, te abraçar como na primeira vez, quero me aconchegar ao teu seio, ouvir a boa que tampam nossos ouvidos do vagão e que nos calem pra sempre até que eu possa ver você sorrir e dizer que conseguiu tudo o que almejou, aqui sentada, talvez amada, mas sonhando que intensamente ao teu lado, da mais esquisita perola que sou, de beleza mediana, que questiona que lado nasce o sol, eu pretendo abrir as janela, jamais em jamais, jamais, jamais, juro, não, não, prometo, prometo a ti de que nosso castelo jamais seria destruído por algo mais forte que a vida, e nisso que há? o que há de mais forte que a vida? o desmanchar do castelo de areia que sonhei em construir com você nesta praia, praia sem nome, que agora se foi com a agua, a agua volta, e que por favor, tragam minhas espátulas e você para mim de novo.
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Sombra e luz: Tapeçaria do Eu.
PoesiaTextos feitos em balanços ao ego, á complexos e principalmente a parceiros de amor ou outros laços de relações, de tal forma pessoal, ou de que atinga o inconsciente coletivo.