Despedida de Davi

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Proximo a completar o nosso primeiro ano separados, o que se traduz da separação é apenas o resultado da explosão dividida entre aquele que amou e aquele que se queixa se amou. Era uma terça junho, os destroços enrolados em doces como pães de mel, amargurados pelas maos que a recebeu neste portão, amassados também por essa mão, mas agora, de forma em que resiste o luto, a tristeza de perder quem mais amava. Recordo-me da lindeza dos olhos, da qualidade do toque, dos lençóis se movimentando, na praia que fazíamos ao estarmos agarrados recebendo todo o calor que poderíamos. Ultimamente pergunto-me para onde foi você, lembro de dizer-me que queixei das aventuras joviais de nós, dos fumos, do abraço caloroso da cidade noturna, e eu achava tão engraçado você nunca ter sido um dos meus, aqueles que se encontram nos asfaltos, que se cortam com as paginas de livros amarelados de velhos. Quando me chamava de meu amor, meus pés se deslocavam do chão, quando segurava minha mão, quando seu pequeno irmão me dava pequenos presentinhos como desenhos e corações. Hoje querido, lembro-me de tudo, a primeira vez, a segunda, a terceira. Antes de recordar-me de que algum tempo depois disso você me largaria. Eu amo você, disse a ele isto por tanto tempo, tanto calor, e você começou a dizer, eu não te amo e nem quero mais enxergar teu pudor, e ali como um desavisado da chuva, tomei-me a primeira tempestade. Porque me deixaste? porque arruinaste tudo meu amor? você me disse desta vez, que a cura poderia ser eu me internando, mas de que meu bem? não se internam amantes de ti, apenas nas cadeias de vítimas que eu queria um dia que você tivesse me contado. Noites juntas, a construção da impureza, a lidar em conjunto, a suportar a dor do outro, são bases do amor, e me questiono porque fizeste isso comigo. Quando me disse basta, basta comigo largada com seu pelúcia encharcado com minhas lagrimas, com a visão molhada, me diga, valeu a penas? éramos casados em almas, porque teve que dar todo o seu charme para uma mulher de cabelo rosa meu amor? eu jamais poderia ser igual a ela? diga-me meu amor, ao se afastar do nosso melhor amigo, custou? custou os novos? custou toda essa trajetótia de perder quem te amava, reaprender das suas proprias ignorancias, de ter alguem para enfaixar seu punho, teu manto, teu carinho, eu te amava como a primeira chuva que sente o nenem, amava como querer estar dentro de você tal qual como um vinho e as caves de bodegas, como um pobre a sentir o sabor de sua primeira comida ao dia. Dissestes pra mim um dia, que jamais fui algo para ti, disse para os seus amigos que eu era um sentimento falso, que você não gostava de mim de verdade, e a onde esta você agora meu amor? onde está? sozinho? vivo de cinzas, amigos fartos, a melancolia cinza, me diga meu amor, me diga se você realmente esta feliz. Desejei-te todo mal, toda angustia, após saber de que eu não era uma verdadade pra ti, dei te minha juventude, meu corpo, tudo, e você me descreve ao seu melhor amigo como um falso sentimento. Hoje está proximo do dia em que terminamos, tomo xicaras de café amargadas a dor, eu dou aula para pessoas sentirem amor musical, eu gasto minhas fortunas na esperança de que um dia eu tenha tudo que me lembre da minha boa vida que estou agora. Fui doente uma vez, psiquica e dentro do meu consiente, mas nada é mais certeiro de que alguem ame a outra, quando os demonios insistem em sussurar em nossos ouvidos e você tolera e até mesmo ignora estas vozes, para que possa escutar seu amado.

Eu estou velha meu bem, esse despedir é uma declaração, estou velha. Não há mais como insistir em te amar, se você me odeia, e nem é este o problema, o ódio não machuca a não ser que tal é sobre si mesmo, o ódio é um sentimento, e eu poderia telo, mas de qual sentido faz, porque por mim, eu jamais neste instante, sentiria algo por você.

Sombra e luz: Tapeçaria do Eu. Onde histórias criam vida. Descubra agora