Infiltração - Parte seis

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Ano: 2327

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Ano: 2327

Local: Planeta Terra

Tudo aquilo lhe parecia muito estranho, desde o local escolhido para o encontro, até aos dois indivíduos, que sem mexerem um único músculo, olhavam para si, avaliando-o de cima a baixo. Tentou colocar as preocupações no fundo da mente, caminhando assertivamente para aquela estranha porta amarela. No carro, Sale olhava para si, através do vidro fechado, com uma expressão inquieta. O toque gelado da água que caía, num prenúncio tempestuoso, arrefecia o seu quente corpo, ainda extasiado pela ação que vivera momentos antes, de uma maneira confortável. Adorava caminhar pela chuva, deixando-se levar pelas carícias que cada gota, gentilmente, lhe proporcionava. Não fosse pelo perigo, cada vez maior, da acidez das camadas atmosféricas, andaria sempre desprotegido, banhando-se naquela maravilha natural, que tantas lembranças saudosas lhe traziam, do seu querido irmão mais velho. Sempre que pensava nele, sentia o seu mundo enegrecer um pouco mais, com as memórias dolorosas a tomarem conta de si.

És o Rami? Perguntou um dos homens, vendo-o aproximar-se cada vez mais.

Sou.

Segue-me. Respondeu o mesmo homem. O outro apenas olhava para si, sem tirar a mão do seu blaster.

Ao atravessar a porta, deparou-se com uma estreita escadaria sem corrimão, que dava acesso aos pisos inferiores do armazém. Seguindo o sujeito, desceu cada degrau com um cuidado redobrado, apoiando-se, inconscientemente, na parede enferrujada à sua direita. Um deslize aqui, e adeus. Pensou, tentando não olhar para o outro lado. A pouca luz que usava para descer, vinha das janelas superiores instaladas à volta de todo o perímetro, que pouco ou nada iluminavam aquele espaço sombrio e desolador. Tentava controlar os seus nervos, ouvindo o rugir avassalador, produzido pela chuva a embater na chapa que revestia o edifício, quase como numa cerimônia tribal, pautada pelo ritmo dos tambores.

O piso subterrâneo, onde aparentemente iria ocorrer a reunião, tinha uma área enorme na forma de um retângulo. Tudo estava despido e escuro, com a exceção do centro, onde podia ver uma mesa metálica, com duas cadeiras e um pequeno candeeiro, que timidamente, iluminava alguns metros circundantes. Aproximou-se, conseguindo ver, naquele taciturno ambiente, um homem sentado e outro de pé, mesmo ao lado do primeiro.

Rami! Mas que honra. Exclamou o homem, levantando-se para o cumprimentar. Era um senhor de meia idade, com os cabelos já beijados pelo branco e a pele pintada pelo cálido sol. Um grande e farfalhudo bigode, também com madeixas esbranquiçadas, encobria os contornos dos seus lábios, projetando um aspecto quase aristocrático ao sujeito.

Honra? Perguntou Rami, arqueando o sobrolho. Sentia-se envergonhado por estar ali, sujo e ensanguentado, à frente de um indivíduo vestido no melhor dos tecidos que já viu. O fato deveria ter sido feito à sua medida, tingido por um azul marinho suave, com cortes elegantes e precisos. Uma camisa branca, adornada com um lenço, também azul, finalizavam o visual moderno e elegante.

Ponto de Fuga - Dois DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora