Caravela Negra - Parte dois

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Local: Planeta Terra

Desgostava do facto de estar novamente naquele lugar, ao fim de poucos meses, mas os preparativos tinham que ser iniciados. Afinal de contas, uma batalha, sem precedentes, projetava a sua sombra enegrecida pelos recantos do planeta, ameaçando, irreversivelmente, a forma de vida de todas as nações. Até agora, a maioria dos conflitos tinham sido travados nos confins do espaço, deixando aquela, pequena e frágil, esfera azul, revestida por uma falsa sensação de segurança. Ninguém está imune aos perigos dos Colozinadores. Pensou, com amargura, caminhando assertivamente por um pomposo tapete vermelho. A pompa e circunstância de todo aquele circo mediático enojava-o até ao fundo do seu ser. Milhares de drones voavam pela passadeira encarnada, filmando os líderes mundiais, no seu trajeto, vistoso e luxuoso, até à sede da União Euroasiática, numa tentativa, fugaz e supérflua, de ser o primeiro a noticiar a ocasião. Para si, aquela reunião, tratava-se, apenas, de limar umas arestas importantes com os líderes de cada Continente. Se eu soubesse, não tinha convocado o estado de emergência. Refletiu, arrependido.

Ao seu lado, com o braço interlaçado no seu, estava uma linda mulher, desconhecida para si, até então, escolhida devido às aparências. Iria soar mal, segundo os entendidos, comparecer no evento sem uma acompanhante respeitável. Cambada de palhaços. Perdido nos seus pensamentos, olhou novamente para cima, rumo ao espelhado edifício sede, local onde Agash enraizava o seu elusivo poder. O tom escuro do céu noturno era contrastado com o brilho resplandecente dos reflexos que embatiam nas janelas, dotados de cores variadas e espalhafatosas, inerentes àquele tipo de ocasião. Já um forte holofote, projetava a sua luz nas celebridades que iam passando, obrigando-as a cerrar os olhos.

Ao entrar na edificação, foi recebido pelo semblante despreocupado do seu braço direito, o General Ransyl. Toda a sua vestimenta ostentava a classe que pensava ter, mas na realidade, não tinha. Um fino e elegante fato, em tons militares, ajustava-se ao seu corpo musculado, reforçando a sua imaculada forma física. Na zona do peito, perto do bolso do casaco, um pin de uma estrela dourada adornava os tons monocromáticos do tecido. O seu rosto, dotado de uma simetria quadrangular perfeita, era reforçado com linha grossas na zona do queixo, aumentando a austeridade que emitia.

Imperador. Soltou, fazendo uma vênia acentuada, em claro sinal de regozijo. Mas que honra, gostou de todo o cenário criado? Perguntou, com os olhos lascivos.

Já te disse para não abusares da minha paciência. Retorquiu, soltando o braço da rapariga que o acompanhava. Dentro do complexo, já não teria de fingir para as câmaras.

Sempre sério e tenso. Comentou, com sinal de enfado. Podias tirar uma noite para te divertires. Queres melhor ocasião que esta? Abrindo os braços, apontou para todo o luxo que os rodeava. Dentro do primeiro piso, onde normalmente havia apenas a recepção, podia ver dezenas de pequenas mesas, brilhantes como diamantes, com centenas de pessoas à sua volta, de copo na mão, num convívio glamoroso e descuidado. Quem sabe, até podias arranjar alguma diversão. Sugeriu, com um sorriso malicioso. Aquela rapariga que te acompanhou, parece muito interessante.

Ponto de Fuga - Dois DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora