Corsários

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Ano: 2330

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Ano: 2330

Local: Planeta Terra

Só o facto de se sentar naquela poltrona, inserida naquele escritório, fazia com que o seu estômago se revoltasse, virando e revirando sobre si mesmo, numa tentativa, desesperada, de se despejar. Por si, tinha escolhido outra base de operações, contudo, fora aconselhado a ocupar as antigas instalações de Agash, numa demonstração de continuidade, quando continuidade, era tudo o que não queria. Faria o que estivesse ao seu alcance de forma a erradicar o legado do velho, empurrando-o para os anais do esquecimento, escondido nos cantos mais recônditos do inferno. De forma a atenuar a sua revolta, mandou tirar todos os adornos dourados, que em luxo, revestiam o espaço, dotando-o de um glamour fora de série, optando por uma decoração mais simples e monocromática, em tons de cinzento. Na sua secretária metálica, uma foto sua com o seu filho era projetada, via holograma, constantemente, servindo de lembrança do que estava a perder, longe do seu herdeiro. Raramente ia ali parar, preferindo liderar pelo exemplo, tomando a dianteira em todas as missões que ordenava, para desagrado dos seus homens mais acanhados.

Perdido nas burocracias monótonas inerentes à posição que, agora, ocupava, afundava a sua, pouca, atenção no molho de ficheiros que o fitavam, em desespero, tragando-os com a maior velocidade que conseguia. Quanto mais cedo acabar, mais cedo saio daqui. Pensou, ouvindo a porta bater.

Senhor Rami, está aqui o Lord Alfat, conforme marcado. Avisou um dos seus homens, espreitando pela porta.

Muito bem, manda-o entrar. Ordenou, removendo o holograma que mirava, segundos antes. Desde que tomara o poder, semanas antes, Alfat, líder da frota espacial da Caravela, fugia de si como podia, arranjando desculpas, desnecessárias, para cada convite que recebia. Tinha a noção que não gostava de si e não fazia questão de o conhecer, contudo, teriam que trabalhar juntos, caso quisessem levar a Organização a voos mais altos.

Boa tarde, Rami. Cumprimentou o homem, com uma ligeira vênia. Com uma aparência de cinquenta anos, apresentava-se de forma elegante e arranjada, com um fato escuro justo, contrastado com uma camisa branca, toda apertada até cima, onde um laço vermelho se enrolava, finalizando o cenário requintado. Mesmo com aquela idade, não denotava nenhuma ruga de realce, tendo uma pele morena bem tratada, desprovida de qualquer pelo mais inusitado. O seu cabelo enegrecido pelo breu das trevas, rapado dos lados, mas comprido em cima, marcava-o como um homem arrojado, decidindo optar por um estilo mais jovial, apesar da sua idade.

Boa tarde Alfat, é um prazer conhecer-te, finalmente. Atirou, dando ênfase à última palavra usada. És um homem difícil de apanhar, senta-te. Sugeriu, apontando para a cadeira vazia à sua frente.

Controlar a nossa frota não é fácil. Desculpou-se, fitando Rami com a astúcia de uma raposa. Que me querias? Indagou, sem perder mais tempo em conversas de circunstância. É um homem direto, vamo-nos dar bem. Pensou Rami, esperando ter uma melhor relação do que com o velho.

Ponto de Fuga - Dois DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora