Caravela Negra - Parte cinco

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Ano: 2328

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Ano: 2328

Local: Nave de Classe M, Hades, em órbita ao redor de Ganimedes

Vários meses tinham já passado, desde que iniciara a sua mais recente aventura, nos recônditos mais penumbrosos da organização. Dia após dia, testava os limites do seu corpo, com saltos atrás de saltos, numa verdadeira maratona que parecia não ter fim, tudo para conseguir aprimorar a sua nova arte. Os seus colegas e instrutores, avisavam-no dos riscos para a sua saúde, que era realizar tantos daqueles exercícios seguidos, sem dar tempo às suas células para se regenerarem. Para ele, nada mais importava, apenas queria sentir a exaltação da vitória, o gosto doce do sucesso. A cada treino que fazia, sentia, cada vez menos, os efeitos colaterais das materializações, conseguindo agir com mais velocidade e letalidade. Como sempre na sua vida, rapidamente chegou ao topo dos recrutas, sendo considerado como um dos soldados mais promissores a aparecer em anos, fruto da sua resiliência e teimosia fora do vulgar.

Para além das provas físicas, que completava com uma mestria de louvar, passou por vários testes teóricos de física e astronomia, de forma a estar melhor preparado para qualquer eventualidade. Desde que se lembrava, preferia tudo que envolvesse a destreza do corpo, ao contrário da sapiência da mente, mas agarrou o desafio com unhas e dentes, desbravando todos os livros que tinham a audácia de o encarar.

Durante esse tempo, assolado pela solidão e afastado de tudo o que conhecia, procurou o consolo nas palavras afáveis de Lara, com quem trocava mensagens diárias, numa ânsia patológica de sentir o afeto de outro ser humano, que nunca encontrou depois de Tari. Ali, naquela base perdida no Sistema Solar, para além de Pete, não tinha conseguido estabelecer uma ligação com ninguém, sendo olhado com desprezo pela maioria das pessoas, talvez movidas pela inveja. Pouco tempo depois de ter ingressado na base, Lara começou uma relação com um amigo de longa data, arrancando um pedaço da sua alma ferida, mas mesmo assim, por motivos que desconhecia, nunca deixou de comunicar com ele, alimentando as suas fantasias irreais de estar com ela.

Todos os sacrifícios que fiz até agora, vão ser recompensados. Pensou, deixando-se perder pela vastidão imensurável do espaço, que da janela da nave, o cumprimentava, como o antigo companheiro que era. Em baixo, conseguia ver Ganimedes, o local mortiço onde viveu durante aquele tempo, envolvido pelas trevas inertes do vazio absoluto. No âmago do seu ser, sentia uma renovada adrenalina ganhar forma, à medida que a hora da missão chegava. Já não batalhava contra os Colonizadores desde os seus tempos no exército, e isso deixava-o triste, pois no fundo, gostava da sensação que tinha, sempre que matava um membro daquela estranha civilização, fosse um mero Dróide, um Raksa, ou mesmo um Regente. Não era, de todo, o que o movia nos dias correntes, mas seria um bom exercício para se manter no auge da forma.

Meus caros amigos, bem-vindos à minha nave, de nome Hades. Exclamou o Capitão, soltando um sorriso cordial.

Capitão, é uma honra viajar na sua embarcação, uma das mais famosas em toda a frota da Caravela. Elogiou Pete, fazendo uma ligeira vênia.

Ponto de Fuga - Dois DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora