Corsários - Parte dois

40 8 66
                                    

Ano: 2341

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ano: 2341

Local: Planeta Terra

A escuridão da sua casa cumprimentou-o, como sempre fizera, tantas vezes antes, recebendo-o com a sua calmaria imutável, aliada ao odor, agradável, dos difusores de lavanda, dispersos por todas as divisões, dando o toque requintado e confortável que sentia, sempre que ali chegava. Tudo estava igual, sereno e tranquilo, a madeira estalava da mesma forma, pisando os sítios chave, que já conhecia de cor. A temperatura, regulada por um termostato embutido no apartamento, permanecia, também, inviolada, contudo, algo estava diferente, o próprio ar que o rodeava estava carregado de malícia, como se a casa tivesse uma alma, alma essa, ferida de uma forma sem retorno. À medida que estudava o interior da habitação, procurando pelos indícios de invasores, fitava com melancolia as fotografias espalhadas pelas paredes pálidas, tentando sentir os valores familiares que elas demonstravam, em pura falsidade. Tudo era encenado, um captar efêmero de um momento, onde todos fingem ser felizes para o regalo do observador, escondendo os verdadeiros sentimentos por detrás de cada ocasião.

Ao chegar ao quarto principal, lugar que dividia com Lara, notou algo arreliar a escuridão, tingindo-a com um brilho branco, refletor da pouca luz que entrava pela janela à sua esquerda. Cerrando os olhos, viu a forma de um homem sentado no seu cadeirão, totalmente revestido por uma armadura igual à sua, mas branca, contrastando com tudo o que era visível. Ainda que estivesse com a vestimenta de combate, não trazia capacete, mostrando, através dos vislumbres permitidos pela, taciturna, luminosidade, as suas feições joviais. Não devia ter mais que dezoito anos, com uma pele branca, adornada por um par de olhos azuis fulminantes, quais holofotes inquisitórios, que, misteriosamente, eram tapados pelos cachos dourados que caíam do seu cabelo frisado. O que é que este miúdo está a fazer em minha casa? Devia estar a estudar ou a posar para uma revista de modelos. Pensou, estranhando o que fitava.

Quem és tu, e que fazes em minha casa? Inquiriu Rami, entrando na divisão. Para além do miúdo, mais ninguém aparentava estar ali.

Isso são maneiras de receber as visitas? Esperava mais de ti, o famoso Rami. Brincou, cruzando uma das pernas, de forma despreocupada.

Não queiras saber o que costumo fazer às visitas. Cuspiu, aproximando-se do rapaz.

Tem calma! Avisou, esticando os braços para o manter longe. Qualquer coisa e aperto este botão. Informou, mostrando um dispositivo que trazia consigo. E, acredita, não queres que carregue neste botão.

Achas que tenho medo de morrer, miúdo? Rosnou, aproximando-se mais.

Espera, achas que isto é um detonador? Nada disso. Assegurou, com uma pequena gargalhada. Eu prezo muito pela minha vida, não a desperdiçava assim. Isto, meu caro Rami, é um sinal para matarem a tua família, caso te portes mal. Afirmou, fingindo que carregava no botão. Sem se aperceber, Rami já não se aproximava mais, paralisado pela ameaça que ouvia.

Ponto de Fuga - Dois DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora