Infiltração

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Ano: 2327

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Ano: 2327

Local: Planeta Terra

A viagem de volta à Terra, demorou cerca de quatro meses. Participou no maior número de missões que pôde, tentando, ao máximo, ocupar os pensamentos que o consumiam. Já não lutava contra os seus antigos inimigos pelos seus lascados ideais, como outrora, mas sim pela necessidade de conferir dor a alguém, na esperança que a sua própria dor diminuísse. Nunca diminuiu. Matava tudo o que lhe aparecesse à frente, conduzido por um ódio impuro que o transformava na derradeira arma. Por toda a nave, era chamado de sádico e louco, com cada vez menos pessoas a aproximarem-se dele. Mas no fundo, não se importava. Não precisava da companhia de nenhuma daquelas estranhas pessoas com quem dividia a nave. Muito provavelmente, os seus caminhos nunca mais seriam cruzados.

Já no planeta mãe, o seu rumo continuou tortuoso e difícil. O seu antigo companheiro, com quem tentou marcar um encontro, estava numa missão e só voltaria passadas duas semanas. Durante esse tempo, percorreu quase todos os bares da velha cidade de Los Angeles, encharcando o seu corpo com o famoso rum do local. Bebia sem dó nem piedade, tentando entorpecer os seus sentidos. Evitava ir até ao seu apartamento, de forma a proteger-se das dolorosas memórias de Tari, fazendo das sujas ruas da cidade, o seu recanto.

Foi roubado por mendigos e agredido por bandidos, que aproveitavam a oportunidade para atacar um homem enfraquecido e inconsciente. Se estivesse sóbrio, nem se aproximavam. Pensava sempre que acordava, sem dinheiro, numa valeta húmida e fedorenta. Quando começou a ser expulso dos bares que frequentava, devido às rixas constantes que causava, virou-se para as drogas leves e mulheres.

O que, nos séculos vinte e vinte e um, foi uma cidade próspera e magnífica, casa para milhares de celebridades de todo o mundo, era agora um fosso da sociedade, esquecido pela elite. À medida que o mundo evoluía e a tecnologia invadia as vidas citadinas, aquele velho local, permaneceu estanque no tempo, tornando-se o epicentro da vida criminal na América.

Apesar de vaguear sem rumo e completamente perdido, nunca esqueceu o seu objetivo. Na véspera do encontro, foi a casa tomar um muito atrasado banho e dormir uma boa noite de sono. Ainda que tivesse medo das memórias que aquele local trouxesse, achou por bem preparar o seu corpo e a sua mente para a nova etapa da sua vida.

Não conhecia o local escolhido pelo seu companheiro, e não fosse pelo seu dispositivo GPS, nunca o teria encontrado. Quando chegou, reparou que estava na antiga baixa de Los Angeles, num mal azado restaurante mexicano. Na rua onde estava, via pilhas de lixo acumulado e pessoas a dormir ao relento. As fachadas das térreas construções, estavam bastante erodidas pelas intempéries, que pontualmente, se faziam sentir. Muitos dos telhados, tinham já perdido a luta contra a gravidade, permanecendo deitados sobre o chão. Num mundo tão evoluído, como é possível ainda haver sítios destes? Pensou, enquanto entrava no restaurante.

O interior, parecia ter saído diretamente de um filme dos anos noventa. Um grande balcão corria quase a totalidade do estabelecimento, separando a área dos funcionários. Junto às janelas, várias mesas, dispostas em fila, de costas umas para as outras, marcavam a área dos clientes. Os tons vermelhos, muito usados nas décadas antigas, conferiam ao local um ambiente cru e inóspito. Com a exceção do seu companheiro e da funcionária, mais ninguém se encontrava ali.

Ponto de Fuga - Dois DestinosOnde histórias criam vida. Descubra agora