De olhos fechados

16 - Pareço um menino

    Marinette ficou ali deitada com Adrien por um tempo. Esteve acordada o tempo todo, vigiando seu sono e acarinhando seus cabelos. Adrien era lindo. Mesmo com os olhos cobertos seu rosto era muito bonito. Tinha os cabelos loiros  e macios. Seu maxilar levemente angulado lhe davam a robustez da masculinidade. Lembrava bem de seus olhos verdes e imaginava como seriam bem de perto. Sua boca era bem desenhada e levemente rosada, coisa de francês. A mestiça poderia passar horas ali só o admirando, mas também sabia que só conseguiria tal feito porque ele estava dormindo. E ele estava aninhado em seu colo. Ela sentia que poderia protegê-lo de qualquer coisa, menos dele mesmo.

    Alya também demorou mais que o previsto. Assim que chegou, Maria e Nathalie lhe contaram o que tinha acontecido. Antes de mais nada, pediu às mulheres que dessem uma busca no quarto dele procurando qualquer bebida alcóolica que pudesse estar lá. Pediu que guardassem até mesmo os perfumes líquidos e deixassem só os aerossóis. Não tinha mais certeza do tamanho do desespero do amigo, então era melhor prevenir.

    Foi até o quarto de Marinette e a encontrou recostada nos travesseiros com Adrien em seu colo, abraçado ao seu corpo. Alya arregalou os olhos e Marinette sinalizou que fizesse silêncio. Passou a mão na testa do loiro e conferiu sua temperatura, que estava normal. Adrien dormia como um menino.

    Soltou-se do seu abraço com certa dificuldade, levantando bem devagar para não acordá-lo. Então as duas saíram do quarto e foram para a cozinha.

Marinette:—Preciso comer algo, estou zonza de fome.

Alya:—Não almoçou? Já são quase 3 da tarde!

Marinette:—Não pude, mas tudo bem - disse enquanto colocava seu prato.

Alya:—Maria e Nathalie me contaram o que houve com o whisky, mas quero saber o que houve antes disso. O que o levou a beber desse jeito?

Marinette:—Não sei se deveria me meter nisso, Alya. Seria melhor você conversar com ele quando ele acordar.

Alya:—Marinette, além de meu cliente, Adrien é meu amigo. Preciso saber o que está acontecendo.

Marinette:—Certo. Bem, ele ficou mal depois que a senhorita Bourgeois esteve sozinha com ele no quarto.

Alya:—Eles ficaram sozinhos? E Luka?

Marinette:—Bem...ela chegou com um papo de que queria que ele saísse da série, para que o elenco pudesse voltar a gravar. Disse que estão todos parados por causa dele, sem receber, essas coisas...Eu me meti, dizendo que isso não era certo e eles começaram a discutir. Eu saí do quarto e o senhor Couffaine me acompanhou. Ficamos no corredor conversando por uns minutos e eu ouvi gritos dele. Quando entrei, ela já estava saindo e ele estava furioso.

Alya:—Ele disse sobre o que conversaram?

Marinette:—Não, mas falou algo de chantagem. Ela o está chantageando com alguma coisa para que ele peça para sair da série.

Alya:—Aquela vaca! Como ela teve coragem de fazer algo assim com ele, ainda mais nesse estado? Ah mas eu vou acabar com ela!

Marinette:—Ele não queria almoçar e eu me ofereci para fazer um bolo. Achei que pudesse alegrá-lo. Mas ele só pediu isso para que eu o deixasse no quarto sozinho tempo suficiente para fazer o que fez...se eu não tivesse saído de perto da porta, isso não teria acontecido.

Alya:—Marinette, não se culpe. Ele poderia ter feito isso de madrugada ou em qualquer outro momento. Adrien às vezes se comporta feito criança fazendo merda. Eu espero, de coração, que quando isso tudo da cegueira passar, ele volte um pouco ao normal.

Marinette:—Eu sei que ele está sofrendo ALya, me dói não conseguir fazer nada por ele. Ele não deixa eu me aproximar...

Alya:—Já estamos no segundo dia, não é? Ninguém durou tanto! E ele disse que se você aguentasse 3, ele te deixava ficar de boa. Então aguente firme! Agora...posso saber por que estava enroscadinha com ele ali, ein? - perguntou maldosamente