25 - Epitáfio

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    Ainda faltavam 30 minutos para Nathaniel chegar para pegar as chaves. Adrien calçava os tênis e Marinette estava ao seu lado.

Marinette:—Ainda temos 30 minutos. Quer fazer mais alguma coisa?

Adrien:—Acho que já foi o bastante por hoje. Sabe, foi legal vir aqui.

Marinette:—Fico feliz que eu tenha acertado desta vez - riu sem graça.

Adrien:—Mas você já acertou outras vezes também. Com o bolo, com os biscoitos...

Marinette:—Sim, mas não era disso que eu estava falando.

Adrien:—E do que era?

Marinette:—Queria acertar com você.  Queria fazer com que se sentisse à vontade comigo, que tivesse vontade de conversar e não sentisse que sou apenas uma "muleta", sabe?

Adrien:—Eu nunca disse que era.

Marinette:—Mas age como se eu fosse. Eu sou chata? Ou...minha presença lhe incomoda? O que eu posso fazer para que me reconheça como uma amiga?

    Ah, menina, se você soubesse que só precisa existir na minha vida - pensou. Por que era tão difícil se abrir? Por que não conseguia deixá-la entrar como era o seu querer?

Adrien:—Sabe...eu passei muito tempo da minha vida fazendo o que os outros queriam, sendo o que os outros esperavam. Eu fui o Edmond a minha vida toda. Mas a verdade é que eu queria poder gritar, queria xingar quando estou com raiva, queria não ter que parecer simpático com quem não tolero...Acho que tenho dois lobos dentro de mim lutando para saber qual vai ser o líder, entende? Você só é a pessoa certa na hora errada, não é nada pessoal.

Marinette:—Pode pedir a Alya para arranjar outra pessoa, talvez seja melhor...

Adrien:—Você não entende, né? Não quero outra pessoa.

Marinette:—Posso encarar isso como uma coisa boa?

Adrien:—Pode - riu.

Marinette:—Posso perguntar uma coisa?

Adrien:—Não.

Marinette:—Ok.

Adrien riu:—Você ainda não aprendeu, né? Toda vez que me perguntar isso vou responder que não. Pergunte apenas, se eu não quiser responder, você vai saber.

Marinette:—Tá certo. O que a Chloe falou, de você estar dirigindo bêbado no dia do acidente...aquilo era verdade?

Adrien:—Sim. Fazia um ano da morte dos meus pais. Eu saí da gravação e fui para um bar fora da cidade, onde achei que ninguém me reconheceria. Bebi o tanto que achei que seria suficiente para esquecer daquela data, mas não adiantou. Quando estava voltando para casa...bem, aconteceu o que me deixou assim.

Marinette:—Sabe, perdi meu pai também, faz 2 anos e meio. Não posso te dizer que superei, mas...aprendi a transformar a dor em saudade. A saudade dói sim, mas é uma dor diferente. Hoje eu consigo falar dele sem chorar.

Adrien:—Eu devia tê-los amado mais...tinha tanta coisa pra dizer... Queria ter mais uma chance de estar com eles, de demonstrar tudo o que faltou.

Marinette:—Eu converso com eles em minhas orações...

Adrien:—Eles?

Marinette:—É...olha, acho que o Nathaniel chegou, fique aqui que eu já volto.

    A mestiça saiu correndo e foi até o portão. Conversou uns minutos com Nath e lhe entregou as chaves. Ele entrou pela porta lateral, para que Marinette e Adrien pudessem sair pela frente sem serem vistos. Logo entraram no carro com Jonas e voltaram para o apartamento.

De olhos fechadosOnde histórias criam vida. Descubra agora