drunk, cellbit

- onze

❁ཻུ۪۪ ━ ❝ lara oliveira ❞

minha cabeça doía, e meus olhos arderam quando os abri lentamente dando de cara com a luz da manhã, o que era estranho, lembro de ter saído do quarto que eu estava na casa de lana e thiago e deixado todas as janelas fechadas.

me movi lentamente e percebi que tudo doía, meus olhos conseguiram focar na roupa que eu usava e eu percebi que não era a que eu tinha usado ontem, e nem era minha.
era uma camisa branca que ficava larga em mim, tinha uma estampa simples e um cheiro, um cheiro que eu conhecia...

— bom dia — me assustei com a voz dele e o olhei, rafael tinha os cabelos bagunçando e usava uma calça moletom junto com uma camisa não muito diferente da minha.
entrei o pânico ao perceber que eu não lembrava de uma só coisa do dia anterior, tudo parecia um borrão na minha cabeça.

— o..que.? — comecei tirando os lençóis brancos de cima de mim pra ver se eu estava vestida — nós transamos? — perguntei e ele bufou colocando a xícara de café que tinha nas mãos no cômodo ao seu lado.

— claro que não lara, você tava bêbada, desacordada, eu dormi no sofá — respondeu e eu me senti mal, claro que rafael não faria isso, conhecia ele o suficiente pra saber disso.

— o que aconteceu? — perguntei devagar com as mãos na cabeça que latejava sem parar.

— você bebeu muito, trouxe você pra cá — explicou esticando a cartela de um remédio de dor de cabeça pra mim e me dando sua xícara de café pra me ajudar a engolir.

— eu não lembro de nada — respondi — por que você me trouxe pra cá? pensei que não quisesse mais me ver — era uma pergunta sincera, a última conversa que eu tive com rafael não nos deixou nos melhores lençóis.
rafael juntou as sobrancelhas e olhou pra mim chateado.

— lara quem disse que seria melhor não nos vermos mais foi você! você disse e você me evita desde de então — começou olhando pra mim — e eu trouxe você pra cá porque eu não consegui deixar você lá, não consegui ignorar e fingir que éramos estranhos, porra a gente já foi tudo, tudo um pro outro, eu não ia deixar você lá sozinha — terminou me deixando sem muito pra dizer, nós já fomos tudo um pro outro, não sei o que éramos um pro outro agora, mas era algo grande, algo intenso, que parecia me consumir.

— e a sua namoradinha? como ela voltou pra cá casa? ela tá aqui agora? — perguntei lembrando do quanto doeu ver ele chegando com ela ontem na festa da gabi.

— a mayanna não é minha namorada e ela pegou um uber, e porque você se importa? porque você ainda se importa? você disse que não daríamos certo, e olha que a gente nem tentou — respondeu ele.

— nós tentamos sim, e da última vez que tentamos você me traiu! — disse com raiva, eu não podia aguentar ele dizendo isso como se o fato de não termos dado certo foi culpa minha.

— eu não te traí lara, porque eu trairia? — riu sem humor enquanto respondia — e você não pode falar como se a culpa fosse só minha quando você se mandou pra outro continente sem parecer se importar com tentar resolver as coisas entre nós, nem sei por que acreditei no que você tinha me dito ontem — continuou ele me fazendo ficar com mais raiva ainda, eu não lembrava de muito coisas da noite anterior, mas disso eu lembrava, eu tinha acabado de vomitar as tripas e ele me perguntou por que eu tinha feito isso, e eu então eu disse a verdade, falei por que tinha bebido tanto assim, admiti a pra ele o quanto eu sentia falta dele, e o quanto me machucou ver ele com outra garota.

— desculpa, desculpa rafael, eu não queria ser confusa desse jeito, eu não sei mesmo o que eu sinto e nem o que eu quero mas fingir que não significa nada doí bem mais do que admitir que tem algo, então eu to aqui, admitindo, tem algo, sempre vai ter algo — quando terminei de falar meus olhos estavam marejados e minha voz falha — eu fico falando disso de você ter me traído por que eu preciso de desculpas pra ficar longe de você, por que eu não aguento ficar perto de você sem estar perto de você — desabafei, e quando terminei e falar um peso enorme tinha saído dos meus ombros.

rafael tinha as pupilas azuis marejadas, se sentou na cama que eu estava e olhou pra mim.

— volta pra casa lara, volta pra cá — ele disse com a voz falha — não to te pedindo em namoro de novo, só quero que volte, a gente não precisa dormir no mesmo quarto, você só precisa voltar, voltar pra sua casa —

— e aí nós seríamos o que? ex's que moram juntos? não é meio ridículo? — perguntei rindo.

— seria sim, mas com tanto que você volte pra cá eu não ligo muito —