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O ar gélido assoprava as minhas bochechas, fazendo meus pelos se eriçarem.

A noite já havia caído, e eu e Tobi estávamos "acampando".

Eu estava encostada em um tronco de uma árvore, enquanto observava Tobi dormir tranquilamente. Prefiro ficar acordada, não queria ser pega falando coisas enquanto eu durmo, de novo.

Pra falar a verdade eu não sentia muito sono, o meu corpo estava ativo, eu poderia correr uma maratona facilmente. Era como se uma corrente elétrica estivesse no lugar de meus nervos.

A seringa com o veneno dentro do meu manto estava me matando, eu queria injeta-lá agora, mas não queria que Tobi acordasse e visse... E bom, se eu usar agora, quando eu realmente precisar eu não vou ter.

Mordo o interior da minha bochecha.

Eu estava curiosa com o que tinha dentro do pergaminho, Tobi não quis me responder quando perguntei, apenas fez uma piadinha e mudou de assunto.

Outra coisa me deixavas curiosa; a mudança repentina no tom de voz de Tobi, era como se fosse outra pessoa... Não pensei que ele fosse assim, era estranho.

Tem algo que não encaixa, algo que me incomoda em tudo isso.

Respiro fundo.

Não, não é da sua conta, Akemi.

— Não pensei que tivesse tanto auto-controle. — Levo um leve susto com Tobi em pé na minha frente.

Ele não estava dormindo?

— Não entendi.

Tobi se senta na minha frente.

— Você acha que eu não vi você pegando aquela seringa?

Me encolho, franzindo a sobrancelha.

Ele não estava olhando, pensei que tivesse passado despercebido... Não tinha como ele ter a visão periférica com essa máscara, que até então, dava a visão apenas para um olho.

— Que seringa? — Tento usar a primeira estratégia que passou por minha mente; se fingir de doida.

— Akemizinha... Aquele dia na cozinha, eu ouvi você no banheiro, depois com a roupa molhada... Você fala dormindo, sua mão fica tremendo. — Ele faz uma pausa. — Tenho quase certeza que isso são sintomas de abstinência.

Me levanto em um pulo, passando a mão pelo manto, tirando as folhas que haviam grudado.

Tá, o meu plano não daria certo. Ele em dois dias já conseguiu me ler por completo. Será que sou tão previsível assim?

— Até que você não é tão idiota quanto pensei que fosse.

Tobi dá uma risada, tomando meu lugar, apoiando suas costas no tronco de madeira.

— O que tem na seringa?

Engulo em seco, mexendo minha cabeça desconfortável com sua pergunta.

— Não é da sua conta. — Deito perto de outra árvore, virando minhas costas para Tobi. — Você não quis me dizer o que tem no pergaminho, então não vou dizer o que tem na seringa.

— Tudo bem... Boa noite, Akemizinha. — Ele dá uma risadinha. — Só não fica chamando nome de garotos, eu vou ficar com ciúmes. — Tobi diz em um tom sarcástico.

Levanto uma mão, lhe mostrando o dedo do meio.

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