Amy SangrendA primeira coisa que senti ao acordar foi a dor latejante na minha cabeça, uma pulsação insistente que parecia martelar meu crânio. Meu corpo estava pesado, afundado nos lençóis, e havia um calor familiar ao meu lado.
Pisquei algumas vezes, tentando afastar a névoa do sono e da ressaca. O teto era estranho. O cheiro no ar era diferente. Meu coração acelerou.
Virei a cabeça devagar e o vi ali. Matheus. Seu peito subia e descia em um ritmo tranquilo, completamente alheio à tempestade de confusão que se formava dentro de mim.
Respirei fundo, esperando que o simples ato de encher os pulmões me ajudasse a organizar os pensamentos. Mas não ajudou.
Minha pele nua contra os lençóis denunciava que não estava vestida. Nada disso seria um problema — Matheus e eu estávamos juntos há mais de cinco anos — mas algo parecia errado.
Um nó se formou na boca do meu estômago.
Fechei os olhos com força, tentando vasculhar minha mente atrás das últimas lembranças da noite anterior. Fragmentos surgiam, mas eram vagos, confusos… risadas, música alta, Caleb gritando alguma coisa, Cristiana gargalhando…
Nada se encaixava direito.
Com um suspiro, me levantei devagar, sentindo a cabeça latejar ainda mais com o movimento. Cada passo parecia um esforço absurdo. Entrei no banheiro e apoiei as mãos na pia, me encarando no espelho.
Meus olhos estavam vermelhos, a maquiagem borrada, os lábios inchados como se eu tivesse passado horas beijando…
Um arrepio percorreu minha espinha.
Liguei a torneira e joguei água no rosto, esperando que a sensação me despertasse. Engoli uma aspirina e entrei no chuveiro, deixando a água quente escorrer pelo meu corpo. Talvez levasse embora a ressaca, talvez levasse embora essa sensação esquisita no peito.
Mas não levou.
Quando saí, vesti a primeira coisa que encontrei — uma camisa larga e um short — e voltei para o quarto. Matheus resmungava algo baixinho, ainda enterrado no travesseiro.
— Que horas são? — Sua voz saiu rouca, arrastada pelo sono e pela ressaca.
Minha garganta estava seca.
— Não sei… não achei meu celular.
Matheus se esticou na cama, tateando a mesinha de cabeceira até encontrar o dele. A luz do visor iluminou seu rosto amassado de sono.
No segundo seguinte, ele arregalou os olhos e pulou da cama.
— Por que você não me acordou?!
Seu tom irritado fez minha paciência, já curta, evaporar.
— Ah, não começa, Matheus. Eu acabei de acordar e minha cabeça está explodindo.
Ele bufou, esfregando o rosto, claramente tentando juntar os próprios pensamentos.
— A gente bebeu demais… Como diabos vou dar uma palestra nesse estado?
Ignorei seu drama e estendi a mão.
— Me empresta o celular, preciso ligar para o meu.
Ele me entregou sem questionar, ainda resmungando.
Enquanto discava, percebi algo estranho. O som do meu telefone não vinha do quarto.
Vinha de outro lugar.
Meu coração falhou uma batida.
Matheus também percebeu. Ele franziu o cenho, coçando a cabeça.
— Eu não fico assim há muito tempo… Só lembro da gente apostando com Caleb e Cristiana…
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Você (não) é o Amor da minha vida.
ParanormalA vida é cheia de caminhos, Amy era uma sonhadora, acha que sua vida podia ser um conto de fadas o que ela não sabia é que seu conto de fadas durariam três dias. Sim, três dias, foi o tempo para ela pegar seu recém marido, a traindo na cama do hotel...