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Prólogo: Park Jimin


Todos os dias pessoas sorriem para mim, falam comigo com tamanha intimidade, me olham e me julgam, como se me conhecessem, idiotas. Tudo que eles veem é apenas o que deixo transparecer e em minha casa não é diferente.

Sonho em ser um grande dançarino de ballet, desejo isso desde que me conheço por gente, mas minha família nunca aceitou.

Para os meus pais, foi fácil aceitar um filho gay, porém, quando se trata do meu futuro as coisas são diferentes. Meu pai é um cirurgião de trauma e minha mãe é pediatra, ambos sempre esperaram que eu seguisse seus passos, mas minha felicidade está em um palco.

Mesmo que eu quisesse, não tenho estômago para isso, após tantas histórias sobre os plantões bizarros de meu pai, sinto ânsia só de pensar em sangue e hospitais, por isso abandonei as mordomias de uma família abastada, para fazer faculdade de dança. Hoje, divido o alojamento da universidade com meu amigo Tae, um retardado, mas graças a ele os meus dias são mais divertidos.

A dança sempre foi meu refúgio, algo só meu, ligar o som e me entregar as batidas faz com que nada mais exista, mesmo enfrentando tantos obstáculos, dividindo um alojamento apertado com outro cara, onde nós nos matamos até pelo último miojo, contanto que eu tenha aqueles poucos minutos onde somos só eu e a música conectados, quando meus passos e minha respiração se tornam um, eu simplesmente não posso desistir.

Esse mês completa 3 anos que não volto para casa dos meus pais, nesse tempo fiz o meu melhor para me manter e não pedir nada aos meus pais, mas apesar de distante mantenho contato, costumo aproveitar o tempo livre para ligar para eles, o que me ocorre agora;

- Oi meu Mochi, estava tão ansiosa pela sua ligação. - Sua voz é calorosa e exasperada.

- Oi mãe, eu ...

- Seu pai está aqui do lado. Você está bem? Está comendo direito? Suas bochechas estão tão magras. - Ela interrompe despejando várias perguntas de uma vez.

- Mãe! Fale devagar, eu estou bem e me alimento direitinho dona Ji-Hye e o velho, está bem? - Falo calmamente para que ela não atropele as palavras novamente.

- Sim, sim. Vem cá Jong-Su, o Mochi está no telefone, venha falar com ele. 

Logo após consigo ouvir a voz de meu pai em segundo plano. - Não tenho nada para falar, mande-o voltar para casa. Até quando continuará com essa besteira? Ele mal tem dinheiro para comer.

A voz de meu pai ao fundo soa tão desgostosa, deixando-me irritado.

- Avise ao pai que estou muito bem e não pretendo voltar, trabalho a noite, estou me virando e consigo pagar minhas contas. Muito obrigado pela preocupação. - Desligo o telefone por impulso.

Todas as vezes é a mesma conversa, constantemente tentam me fazer mudar de ideia e voltar para Coréia, mas eu já cheguei tão longe para cumprir meus objetivos, mudei de país assim que surgiu uma oportunidade, peguei minha mala e vim para Las Vegas com minhas poucas economias, arrisquei tudo pelo que amo.

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- JIMIIIIIN! Acorda seu nanico. - Tae grita de modo distraído.

- Pare de gritar, estou ao seu lado e EU NÃO SOU NANICO. - Digo ao pé do seu ouvido fazendo-lhe assustar.

Aqui está meu companheiro de quarto, Kim Taehyung, ou V como se apresenta. Ele é estudante de música na mesma universidade, seu sonho é se tornar um grande saxofonista, mas não se deixe enganar por seu belo rosto, na verdade ele é uma praga. Tae sabe usufruir de toda a sua beleza e a usa a seu favor, seja em festas da universidade ou em bares da vizinhança, ele sempre consegue o que quer. No final da noite nunca somos só nós dois, é comum que eu esbarre com estranhos pela manhã, seja homem ou mulher, independente da idade. Seus cabelos vermelhos são o único indício aparente de sua rebeldia.

- Vou deixar você para trás. - V grita, tirando-me de meu devaneio.

- INFERNO! Tô indo. - Respondo o maldito.

Arrumo-me apressadamente. Merda. Eu já deveria estar no pavilhão. Acelero meus passos até a porta.

- Parabéns Park, atrasado de novo! - Tae sorri ironicamente enquanto aplaude segurando a porta aberta com um dos pés.

- Você fala como um professor. Só faltam os sapatos, vai descendo que te alcanço.

Fecho a porta enquanto encaixo os sapatos corretamente em meus pés dando tropeços e finalmente alcanço V após alguns passos largos, seguindo até o campus de artes.

Ótima maneira de começar a semana, atrasado para o último ensaio e para ajudar haverá um festival no final do semestre. Será minha primeira performance aberta ao público e eu não poderia estar mais empolgado. Nesses eventos costumam comparecer pessoas importantes do mundo da dança, é uma oportunidade para fazer contatos e quem sabe ser descoberto por alguma academia.

Taehyung e eu seguimos caminhos separados após chegar ao complexo de artes. Continuo com meus passos acelerados até a sala, onde todos já estão reunidos e o nervosismo entre os membros é visível, todos esperamos muito por essa chance e não podemos errar.

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Vocês gostaram de conhecer o nosso menino Jimin?

Foca nessa aparência!

Foca nessa aparência!

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Por Trás Do CassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora