setenta e quatro.

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A Y L A.
Já havia anoitecido e eu estava na sala com Gael assistindo mundo bita enquanto ele também brincava com suas coisas no tapete da sala. Meu celular tocou no meu bolso e o puxei, vi no visor o nome da tia Linda e respirei fundo antes de atender.

— Oi, tia. — falei baixo já pronta para o sermão que iria vir.

Minha filha eu já conversei com Gabriel e quero ouvir tua versão. — Ela falava calma e eu suspirei. Comecei a contar a ela detalhadamente o que tinha acontecido naquele dia e ela escutava quieta.

— E foi isso tia... — concluí. — Eu só não esperava que ele iria omitir, pra mim ele iria contar pra Deus e o mundo. Ele tinha ficado puto demais quando eu fiz a facada.

Meu Deus! — ela resmungou baixo do outro lado. — Vocês dois são pais, Ayla... deveriam pensar no Gael no meio desse turbilhão todo. Imagina se acontece algo pior? Ou até mesmo atingisse o pequeno? Vocês iriam fazer o que Ayla, me diz?

— Eu... eu não sei tia. Foi no calor da discussão. Eu não pensei muito antes de tomar aquela atitude, eu sei que errei e me arrependo muito por aquilo. Poderia até mesmo ter custado a carreira do Gabriel. — eu suspirei e o Gael deu uma risadinha enquanto apertava um cavalinho que relinchava.

Esse é o problema minha filha, tudo de vocês sempre foi ali... no calor da situação e isso só prejudicou vocês dois e o neném. Poxa, eu tanto conversei com vocês pedindo que tivessem o mínimo de juízo pelo menos que se fossem discutir, fosse longe do Gael! — Ela suspirou decepcionada e eu fiquei sem ter o que dizer. — Às vezes chego a pensar que a melhor coisa foi essa separação de vocês... mesmo que no fundo eu ainda ache que vocês dois ainda irão se acertar... mas por agora, depois de vocês estarem naquele surto interminável. Tantas brigas desnecessárias, ciúmes...

— É, foi complicado mesmo. — eu concordei e dei a chupeta para o Gael que se apoiava em uma das almofadas no chão, para deitar e ver a tevê que eu havia colocado agora seu desenho favorito.

Você ainda gosta dele, não é?

— Se eu disser que  não amo seu filho vou está mentindo para duas pessoas, você e eu. — dei uma risada sem graça  e ela acabou rindo também concordando. — Mas se estamos assim hoje, é o que era para ser tia Linda. Nosso relacionamento nunca foi algo estável. Sempre tinha alguém se ferindo, sabe? E isso é cansativo. Desgasta qualquer gostar ou amar. E eu não queria terminar nada disso odiando ele. — eu suspirei e engoli a seco. — Gabriel é muito importante na minha vida.

Não se prenda nisso Ayla, Gab é bicho solto... não sei a quem ele puxou... mas, viva tua vida minha filha. Ele mesmo já está com essa menina, que Deus que me perdoe.. mas haja paciência.

Ela resmungava algumas coisas do namoro do Gabriel e eu não sabia se me sentia incomodada ou iria rir de algo citado por ela. No fim, terminamos conversando do que sendo uma leva de sermão daqueles que me deixariam até fora de eixo. Ela ainda conversou um pouquinho com Gael que respondia tudo em sua própria linguagem levando-nos a darmos risada dele. Depois de uns dez minutos nós despedimos e eu fui preparar meu pretinho para dormir.

uns dias depois...
sábado, 16h da tarde.

Hoje estava rolando uma resenha desde a hora do almoço aqui na casa do Arrasca e obviamente eu havia arrastado a Jully comigo que nem precisou de muita chatagem para que ela vinhesse, já que segundo ela, ela estava com sede de um uruguaio.

Gael estava comigo, eu o trouxe justamente para que eu não bebesse demais pois tinha umas fotos na segunda feira e não queria está inchada de tanto alcool.

Todo o pessoal do fla estava por aqui, os meninos do time, esposas, filhos e que mais coubesse na casa do futuro marido da Jully.

— Tá rindo de que, filha da puta? — Jully me cutucou e eu aí eu percebi que estava encarando ela.

— Tô pensando aqui amiga, tua mansão é grandona pô. Cabe o elenco e mais metade da torcida do Flamengo em jogo no Maracanã.

Eu gargalhei mais ainda quando ela me apontou o dedo do meio e o Gael ria junto mesmo sem entender do que se tratava.

— Me respeita, sua vagabunda. — Ela dizia entre os dentes mas não aguentou e acabou rindo também. — Dá ainda pra ter uns cinco catarrentos correndo no jardim.

— Ih, já tá assim pensando em filhos? — Marília disse e eu neguei rindo.

— Duvido, essa daí corre de gravidez igual diabo da cruz.

— Mas se ele quiser, eu quero. — ela falou rindo e a Marília abriu a boca surpresa.— Quero bem longe de mim! Te fuder pô, ninguém vai meter mini uruguaio em mim.

— O que tem eu? — O arrascaeta apareceu ali do nada fazendo a Jully se engasgar  com o gole que estava dando no seu copo com gin. — Eita amor, calma.

— Hm... amor, é, calma. — eu falava dando uns tapinhas nas costas dela e a mesma me olhou com um olhar que se fosse possivel eu estaria morta.

— Melhorou, Ju?  — ele falou com ela e eu me desviei dali, para que eles conversarem.

Fiquei papeando com a Marília e a Gre, até o Gabriel dá as caras ali do lado de fora. Pois ele estava lá para dentro jogando na sinuca com Bruno e Diego. Ele veio rondando nossa mesa e passou bem do meu lado.

— Oi família. — Gabriel passou por trás de mim falando.

— Famila.. — Gael repetiu e riu.

— Sai que eu não faço parte da sua família. — Olhei rápido pra ele e a Marilia riu

— Não? Você é a mãe do meu filho princesa. — Gabriel sentou do meu lado.

— Nem sua amiga eu sou, que dirás sua família. — Falei rindo.

— Que isso amor. — ele disse no tom da música de funk que tocava e eu revirei meus olhos. — Vem gatão de pai, vamô de rolê na festinha.

— Toma cuidado ouviu? Você tá enchendo tua cara aí! — apontei e ele apontou a língua pra mim e saiu dançando com o Gael no colo. — Eu mereço!

— Vocês dois ainda acabam em casamento.

— Cala a boca, Marília! — empurrei a mesma e olhei de relance para a Jully que ainda conversava com o Arrasca que agora estava sentado perto dela e uma de suas mãos estava na coxa da minha amiga.

Dei uma risadinha e desviei os olhos deles dois, encarando um pouco distante de mim o Gabriel dançando com o Gael ao som de um funk lá.

E sempre que eu te procuro é pra me achar 》 GB9Onde histórias criam vida. Descubra agora