cem +22

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Tirei o carro da fila do BK, recebendo xingamentos e buzinadas de raiva, não sei como mas consegui sair dali. Estacionei o carro um pouco depois tentando me acalmar.

— Titia Cacá.

— Tá tudo bem filho, tá? Titia só ficou nervosa mas já passou. — eu estava com a cabeça no volante, respirei fundo me decidindo do que faria e liguei o carro de novo pegando rumo ao morro.

Não dava mais pra resolver nada disso por telefone.

Depois de pouco mais de vinte minutos eu cheguei no morro, fiquei na entrada mesmo pois os meninos já vinheram em cima. Gael tinha pego no sono e eu suspirei aliviada, se ele visse todas essas armas iria contar.

— Chama o VT pra mim, Andrezinho. — falei quando abaixei o vidro e eles me reconheceram.

— Agora, patroa. — ele me respondeu e eu continuei dentro do carro enquanto ele falava no rádio. — Mandou você subir, Kazinha.

— Valeu. — fechei o vidro e avancei com o carro para o topo do morro, sendo mais precisa para o QG e a boca principal.

Quando cheguei no lugar certo já estacionei com o olhar do Vitor em cima do carro, parei ali e esperei ele se aproximar. Ele atravessou o fuzil nas costas e eu arfei olhando aquela estrutura morena e tattuada caminhando na minha direção.

— O que tu quer aqui?

— Precisamos conversar, Vitor. Entra aqui, o neném tá dormindo atrás e eu não posso deixar ele sozinho no carro. — pedi e ele olhou para trás, vendo o Gael. Deu a volta e entrou no lado do carona.

— Que papo de conversa Karen, já era mano. Eu já tô fodido.

— Não fala assim... Por favor!

— E tu quer que eu fale como, cara? Caralho, custava porra nenhuma fazer o bagulho que te pedi.

— Eu não te ajudei porque não queria  e sim porque não posso, Vitor.

— Não pode um caralho, ela pode. Ela pode sim. Tem grana pra caralho e o molequinho ali, é herdeiro. — ela apontou para o Gael e eu engoli a seco.

— Eu não sei mais como lidar com tudo isso Vitor, isso não é vida pra ninguém.

— Pra mim o tráfico é a minha vida, Karen. Nasci no meio dele e vou morrer assim também porra... Se envolveu sabendo exatamente essas paradas toda. — ele já tava falando alto e com ignorância. — Vai começar a chorar, porra? vai?

— Nã-nã-o!

— Começa que eu te dou um motivo. — falou entre os dentes, apertava minha coxa com força e eu gemi baixo, sentindo doer. Ainda estava com um hematoma ali da última vez que ele me machucou. — Ai aproveita que ela tá ligando e já pede o meu dinheiro.

Meu celular anunciava a ligação da Ayla e eu fiquei paralisada, não sabia o que fazer.

— Atende! ATENDE ESSA PORRA!

— EU NÃO VOU METER A AYLA NO MEIO DISSO, INFERNO! EU JÁ TE FALEI.

Eu gritei e gemi de dor em seguida quando o melado do meu nariz escorreu depois da cabeçada que ele me deu, Gael deu um grito alto e eu me assustei. Tentava conter o sangue com as mãos e o Vitor me olhava de cara fechada, respirando forte. Eu tossi sentindo um gosto de ferrugem como se estivesse na minha garganta, tirei minha blusa e contive o sangramento.

— Calma Ga, calma! Tá tudo bem tá? Foi só um susto. — eu falava sem deixar ele ver aquele sangue e ele foi parando a agitação.

— Desce do carro! Desceu do carro, caralho! — me deu um empurrão e eu assenti. Larguei a blusa ali e como estava com um top, não era nada que me deixasse muito exposta. Desci do carro, enfiando meu telefone dentro do meu shorts e dei a volta pegando o Gael no colo.

— O que você vai fazer? — Gael estava me segurando forte pelo pescoço e eu tentava também focar no Vitor. — Me responde, Vitor!

— O carro fica e tu mete o pé com moleque.

— Que? Não! Não! Ela não vai me perdoar por isso!!

— Prefere o carro ou que eu segure o moleque e arrume até mais de oitenta num sequestro foda.... ?!

(...)

O que eu iria fazer? Minha mente estava ainda rodando pela pancada no meu rosto, Gael estava muito assustado e eu não pudia deixar o pequeno ali. Não era justo, como não era justo trair a Ayla dessa forma. Meu deus...ela não vai me perdoar quando descobrir tudo isso. Ela não vai.

Gael estava deitado em minhas coxas e no banco do táxi que peguei depois de andar quase dez minutos com ele no colo depois de descermos o morro.

Vitor foi cruel comigo, ameaçou pegar o neném do meu colo quando eu pensei em relutar respondendo ele. Mas eu fui mais esperta, ou pelo menos achava.

— Moça, já chegamos, tá mesmo tudo bem?

— Sim, eu só sofri um assalto, felizmente não nós machucaram. — era essa, essa história que eu teria que fazer todos eles acreditarem. —  Mas vou chamar alguém para pagar a corrida. Não se preocupa.

Eu desci do carro com o Gael e apertei com força o interfone que tinha conexão direta ao apartamento da Ayla.

Eu estava sem nada, sem meu celular, sem chaves, carteira, nada. Tudo foi deixado no carro. Só tinha minha blusa toda suja pendurada no ombro e Gael no colo.

Quem é? — escutei a voz risonha da minha amiga

— Sou eu, Ayla...— respirei fundo já sentindo meu choro subir na garganta e quase me sufocar — Preciso que alguém desça. Eu fui assaltada e preciso de 100 reais do táxi.

O interfone ficou mudo, demorou mesmo do que eu pensei ser possível para que todas aparecessem na entrada do prédio.

AYLA.
— O que aconteceu? — Senti minhas pernas tremerem quando vi a Karen com o Gael no colo.

Ela estava só de top, e segurava sua camisa que estava toda melada de sangue.

Dhiovanna pegou o Gael no colo, ele parecia assustado, chequei meu filho.

— Fui assaltada, levaram o carro. — Karen falou aos prantos.

Nanda e Day estava encima dela, tentando vê de onde era aquele sangue todo.

— Como assim? — Perguntei assustada.

*Todos agora terão metas a serem batidas. Vocês estão bem preguiçosas 🗣️🗣️🗣️.

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40 comentários (sobre o capítulo e não aleatórios)

E sempre que eu te procuro é pra me achar 》 GB9Onde histórias criam vida. Descubra agora