quatorze

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G A B R I E L.

— Porra... Ayla! — minha mão estava queimando demais e a Ayla não tirava os olhos de mim mesmo que seu rosto já estivesse molhado de tanto choro. — Ayla, pega um pano... por favor! AYLA, CARALHO.

Ela me deu as costas e foi indo em direção para a sala de onde voltou com o telefone no ouvido.

— EU DEI UMA FACADA NO GAB! ME AJUDA DAY, CARALHO! — eu puxei um pano de prato que estava perto de mim e com muito custo enrolei na minha mão, tenho quase certeza que o corte foi fundo. Eu tô fudido.

O Gael não parava de chorar no fundo, minha mão enrolada no pano eu sentia latejar sem parar. A Ayla correu lá pra cima.

— AYLA!! — Eu gritava por ela temendo até mesmo ela fazer uma besteira.

Corri até o Gael pegando ele no colo e fazendo ele chorar ainda mais, era impressão minha ou meu filho não me queria?

Em cinco minutos de terror a campainha da casa tocou, pelo interfone eu vi que era a Dayanne a madrinha do Gael, liberei a porta e ela entrou rápido.

— O que aconteceu aqui Gabriel? — Ela me perguntava ofegante, Gael se jogou pro colo dela e deu as costas pra mim enterrando a cabeça na curva do seu pescoço.

— A gente brigou, Ayla partiu pra cima de mim com uma faca na mão... — Eu explicava.

— Vocês são loucos. — Ela falava ainda ofegante pela situação e pelo choro. — O corte foi fundo? Meu Deus aonde a Ayla está com a cabeça .. vocês estão se fazendo mal, olha o estado do Gael, aonde vocês dois vão parar. — Ela falou se virando pra escada, onde a Ayla estava parada soluçando sem parar. — Hoje foi uma facada não mão, amanhã o que vai parar? CARALHO, VOCÊS DOIS SÃO ADULTOS, ESSA CRIANÇA PRECISA VIVER EM UM AMBIENTE EM PAZ E É TUDO QUE VOCÊS DOIS NÃO DÃO A ELE.

Gael agora estava quietinho nos braços dela.

— Tira esse pano Gabriel, pra vê se o corte foi fundo ... — Ela me olhou e eu fui desfazendo o embrulho que tava na minha mão.

— Aí! — Reclamei tirando a última camada do pano e vendo que sim, o corte foi fundo e precisava de pontos.

— Caralho! — Day sussurrou quando viu.

— DESCULPA GABRIEL! — Ayla começou a chorar e gritar novamente.

— AYLA CALA BOCA PELO AMOR DE DEUS, SE ACALMA. — Dayanne gritou com ela. — Vamos pro hospital? — Ela me olhou e eu confirme. — Fica com o Gael aqui, que eu levo ele. — Day tentou passar o Gael pra ela e o Gael se recusou a ir, fazendo ela chorar ainda mais. — Meu Deus o que vocês fizeram com ele? Que vontade de matar vocês dois de porrada.

— Eu vou junto. — Ela falou em meio ao choro.

— Tu vai ter que ir mesmo, dirigindo e o Gael no meu colo, não vou fazer ele chorar ainda mais. — Day falou encarando a gente.

A Y L A.

Eu estava sem coragem para olhar o Gabriel, mas eu não queria ter que expor meu filho mais ainda para aquela situação, pedi a Day que me esperasse em casa com o Gael enquanto eu vinha ao hospital com o Gabriel, viemos em seu carro e eu, agora, estou esperando do lado de fora da sala de sutura enquanto ele estava lá dentro esperando para levar pelo menos quatro pontos, segundo a enfermeira que nos atendeu antes. Meu coração estava desparado, eu estava com muito medo de tudo e principalmente por ele ter que viajar para jogar a libertadores daqui a poucos dias. Se eu o prejudicasse sobre isto, não iria me perdoar nunca... mesmo que tudo isso tenha rolado por pura falta de maturidade nossa para conversarmos de uma forma decente. Claro que eu também estou magoada por tudo que ele jogou na minha cara, tenho quase a plena certeza que era tudo coisa daquela mulherzinha que tinha plantado na cabeça dele.

— Senhora?

— Sim! Já terminaram? — me levantei e olhei para a porta da sala em que ela havia saído.

— Ainda não, estamos fechando o machucado e limpando. O seu namorado lhe pediu que você fosse o esperar no estacionamento.

— Ahn... ok, tudo bem. — agradeci a ela e desci o prédio da clinica indo para o estacionamento. Não sei dizer ao certo quanto tempo fiquei esperando ali, minha mente estava girando a milhões e eu quase poderia escutar meu cerebro pulsando. Gabriel apareceu na minha frente e continha uma atadura grossa bem enrolada em sua mão. Ele estendeu a outra mão apontou para a chave do carro e eu neguei.

— Tá ficando louco? Você acabou de levar pontos, não vou te deixar dirigir desse jeito.

— Você não tem que decidir nada, Ayla. Me dê a porra da minha chave.

— Gabriel... Por favor, vamos conversar.

— Não tem mas nada para ser conversado, Ayla e você sabe disso. Hoje foi a gota que faltava para o copo derramar e sinceramente... Eu tô cansado de tudo isso.

— Mas...

— Ayla, por favor, me dá a minha chave e pede um táxi pra você.

— Como é?

— É melhor, pede um táxi. Eu vou ir pra minha casa, preciso organizar a minha mente... e... esquece tudo isso, ninguém vai precisar saber de nada do que aconteceu na sua cozinha. — ele gesticulou como dava e tirou a chava da minha mão, desalarmou o carro e abriu a porta do motorista.

— Gab e nos dois? E o Gael? — toquei em seu braço, chamando sua atenção e ele só fez me olhar. Minha garganta ardeu com o choro que eu estava prendendo. — Você não pode simplesmente fazer isso comigo, caralho, Gabriel.

— Posso, posso sim. Simplesmente por já não existir mais nada entre nos dois. — ele entrou no carro e eu engoli em seco, isso não poderia estar mesmo acontecendo. Tentei falar mas eu não conseguia expressar nada, ele mecheu em algo no celular e voltar a falar sem encarar o meu rosto. — Em dois minutos. Um ônix, já está pago.

Simplesmente foi apenas isso e arrancou com o carro dali.

E sempre que eu te procuro é pra me achar 》 GB9Onde histórias criam vida. Descubra agora