oitenta.

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Dayane.
Estava ainda sem acreditar nas coisas que eu tinha visto e escutado do Gabriel para a Ayla. Minha cumadre saiu daqui amparada por um cara que acolheu ela como um amigo de verdade. Mas eu não iria mesmo ficar quieta diante de tudo isso.

— Ou, vai aonde? — Gustavo tentou me parar e o Karen me olhava confusa. Geralmente não era eu quem arrumava as confusões.

— Vou só no banheiro.

— Amiga...

— Relaxa aí. — me soltei deles e fui até onde o Gabriel estava.

— Day, melhor não. Ele tá muito bêbado.

— Melhor ainda, que é assim que as verdades saí... se é que essa vergonha que ele fez aqui possa ser chamada de um surto de sinceridade. — Eu respondi a Marília e olhei para o Gabriel.

— Ela mereceu. — resmungou e eu dei  risada de puro nervoso. — Que foi? Por acaso eu menti em alguma coisa?

— Na moral Gabriel, vai tomar no olho do seu cu! — apontei em seu rosto e ele riu debochado. — Eu fui a única que sempre te defendi, sempre achava uma forma de amenizar as coisas entre vocês dois... mas nem isso você merece. Você não merece nem mesmo o mínimo de consideração em dirá o sentimento da minha amiga!

— Se ela amasse não tava ali se esfregando com aquele porra! — aumentou o tom de voz e eu  cruzei meus braços.

— E você faz o que o tempo todo? É só ela te dar as costas que você arruma outra otária para colocar no lugar. Aliás cadê a coitada da tua namorada? Será que ela sabe que você ficou nesse estado só por causa da minha amiga que estava curtindo o carnaval dela com amigos? Sabe?

— Não. E isso não vem ao caso, para de passar pano para a Ayla. Você sabe que ela tá errada.

— Errada ou ela é solteira e pode fazer o que bem entender? Me poupe Gabriel, até eu já me cansei desse teu show de romântico de merda, tá aqui quase chorando por Ayla e não dou meia hora para você esquecer isso tudo e dar em cima de qualquer uma que passe aqui e seja interessante pra você. Você é sujo, não quer fixar na Ayla e não deixa a garota seguir a vida dela. PARA DE SER ESCROTO, PORRA! DEIXA ELA EM PAZ, TA ME OUVINDO? ESQUECE A MINHA AMIGA.

— Espero que tu sofra o triplo do causou nela. — Jully apareceu ali de repente. — E dói viu? Dói, mas vai doer mais ainda quando for aí. – apontou no peito dele. — Vamos amiga, o pessoal já tá indo embora.

Deixamos o Gabriel ali com a típica carinha de coitado dele e voltamos para perto dos amigos do Juninho, dali fomos para outro clube. Aquele ali já tinha ficado com um clima muito pesado.

Ayla.
— Tá tranquila mesmo? — Junior me perguntou antes que eu saísse do carro. — Posso ficar contigo aqui até as meninas chegarem, se você quiser.

— Não... tá tudo bem, Junior. Sério. — sorri para ele e respirei fundo. — Obrigada de novo e desculpa por ter acabado com tua noite.

— Acabou não, tá tudo bem. Se precisar me liga que eu venho aqui, tá? — eu assenti e ele me abraçou. Desci do carro e voltei na janela do motorista.

— Me avisa quando chegar lá?

— Aviso, pretinha. — riu e eu selei seu rosto.

E fui para dentro do prédio, ele esperou que eu já estivesse dentro do hall para sair com o carro, tirei minha sandália, cumprimentei o porteiro e peguei o elevador. Me escorei na parede, depois de apertar o botão do sétimo andar, fechei os olhos e escutava a voz do Gabriel ecoando na minha cabeça, repetidas vezes. Cada vez mais forte. 

Abri a porta do apê e a encostei já trancando de novo, deixei minha sandália ali no chão, fui direto para a cozinha, bebi água. Falei com as meninas no grupo, elas estavam em outro clube com o Gustavo e o Cebola. Desejei uma boa noite no geral.

Larguei o telefone por ali, subi para o quarto, tomei um banho, vesti um pijama e desci de volta para a sala. Liguei a tevê na tentativa de me destrair, mas estava impossível.

Todas as coisas rodeavam minha mente e eu estava já chorando baixinho de novo, meu medo era que ele concretizasse a ameaça de tirar o Gael de mim. Ele pode fazer o que quiser, mas tirar meu filho de mim iria me matar lentamente.

A maçaneta da minha porta se sacudiu e eu pulei de susto no sofá.

— Quem é?

— Abre aqui. — escutei a voz rouca do Gabriel e meu coração acelerou.

— Vai embora, Gabriel. Não quero falar contigo.

— Por favor, só abre aqui. — suplicou e eu fiquei quieta na minha. — Ay, desculpa amor... eu bebi demais... nem me lembro direito mais o que te falei lá. Mas sei que te magoou.

"Me desculpa, eu também só estava lá para curtir igual você, mas comecei a ficar cego te vendo de novo com aquele cara. Ayla, eu tô ficando maluco. Não consigo mais entender porra nenhuma... Amor... abre a porta, por favor."

Ele continuava, pedia desculpa, voltava no mesmo assunto, pedia desculpa de novo. Fungou e eu entendi que ele estava chorando, eu conseguia ver sua sombra atrás da porta ainda. Ele ficou em silêncio por um bom tempo.

"Eu tô aqui ainda e sei que você tá me ouvindo. Não saio daqui enquanto você não abrir essa porta, nem que eu durma aqui"

"Ayla, não vai abrir?"

"Ayla, por favor... conversa comigo ou só abre aqui e me escuta."

"Me perdoa amor, eu sou maior filho da puta, tu não merece essas coisas não."

"Ayla, abre essa porta, por favor!"

"Você sabe o quanto eu te amo? Porque eu te amo! Pra caralho que até dói. Desculpa, eu fiquei com muito ciúmes e falei merda. Desculpa." 

"Amor?"

Vi a sombra dele sair de perto da porta, mas logo voltou, um pedaço de sua blusa apareceu no espacinho da porta e eu suspirei. Ele não tinha ido embora e sim se sentado no chão.

"Não vou desistir, uma hora você  vai abrir"

E sempre que eu te procuro é pra me achar 》 GB9Onde histórias criam vida. Descubra agora