Não Entendo Essa Garota

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O resto do domingo é sufocante. Minha mãe parou de me dar bronca pela festa e agora está simplesmente me ignorando. Ela disse que eu vou ficar de castigo por toda a minha estadia na sua casa, o que quer dizer enquanto eu morar debaixo do seu teto. Ah e claro, tomou meu celular, e tirou o modem do meu computador. Ela está literalmente guardando minha internet na bolsa.

Não tem como eu me comunicar com a Charlotte e também não quero, ela precisa de um tempo para me perdoar. Se eu fosse ela também estaria me odiando e já que não há remédio é melhor deixar, por enquanto, isso de lado.

Apesar de tudo, meu problema maior não é a minha amizade potencialmente abalada. O que continua martelando na minha cabeça foi o disparo que o Aaron deu, não acertou ninguém, mas mesmo assim ainda está me preocupando. Quando forem limpar a bagunça da festa provavelmente vão achar o cartucho e talvez chamem a polícia.

Não, não vão chamar a polícia, isso é uma paranoia minha. Se ninguém saiu ferido a Megan não vai ser idiota a ponto de chama-los para investigar uma festa, onde rolou bebida, drogas, sexo e menores de idade sem supervisão de um adulto. Sem chances disso acontecer, o máximo que ela vai fazer é mandar os empregados jogarem a bala fora. E o revólver, bem, não tem mais minhas digitais nele e se os vizinhos da vaca encontrarem, o que eu duvido, vão descobrir que pertence ao pai da Sasha. Então eu não preciso me preocupar, essa história de tiro vai passar em branco.

De maneira geral a festa não foi um tremendo desastre já que o diário está em minhas mãos. Agora não há mais dúvidas sobre o amante, e tenho que confessar que Dylan e Mackenzie me surpreenderam totalmente, me deixou de cara!

No meu tempo livre, que na verdade é meu tempo confinada eu dei uma folheada no caderninho da defunta. Por enquanto li apenas as páginas em que ela citava seu relacionamento extra com o Dylan. Sinceramente foi frustrante ler sobre isso, por que eu esperava no mínimo entender o porquê da traição, mas nada, ela era por incrível que pareça detalhista e vazia, minimalista e superficial.

Mackenzie, falava de maneira geral, sobre os momentos que passava com os dois, mas não contava como se sentia em relação a isso. Eu esperava no mínimo que ela escrevesse em detalhes se amava o Dylan, ou o Aaron, ou se estava com eles por status ou pelo ego. Entretanto não havia nada disso naquelas páginas, e continuo sem entender o que se passava em sua cabeça.

Espero pelo menos, que no resto do diário eu veja algo relevante. Não é possível que essa agenda com mais de duzentas folhas, não vá me fazer ver as coisas por outro ponto de vista. No fundo mesmo eu não me importo com quem ela ficava ou deixava de ficar, para mim o que interessa são as pessoas que a odiavam ou se a garota suspeitava de algo, de uma conspiração contra ela, qualquer baboseira do tipo.

Anoitece e minha mãe me comunica que não vai para o serviço, que pegou sua folga hoje. O que na verdade significa que ela fez isso para poder ficar me vigiando de perto.

As oito sou convocada para o jantar. Arroz, feijão, frango e creme de milho! Eu odeio creme de milho e dona Beatrice está cansada de saber disso, mas não quero acreditar que isso faça parte do castigo.

_Não vai colocar o creme de milho?

_Não!

_Você acha que eu tive o trabalho de cozinhar no meu dia de folga, para você falar que não vai comer?!

_Não pedi para cozinhar!

_E eu não pedi para ter uma filha rebelde, mas e daí? Eu tenho e você vai comer!

_Não, não vou!

_Sim você vai!

_Não tenho quatro anos, você não pode me obrigar!

A Noite Dos PavõesOnde histórias criam vida. Descubra agora