Megan Me Irrita

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Dois meses já se passaram desde o acidente. Dylan Harrys continua em coma e eu luto todos os dias contra o sentimento de culpa que cresce dentro de mim. Ainda tenho esperanças, andei pesquisando e algumas pessoas acordam depois de meses. Então quem sabe...

E o tempo é algo muito estranho, relativo, parece que foi a anos que ele sofreu o ''acidente''. Entretanto, os dias parecem se repetir, nada muda, as coisas estão estagnadas. O tempo está correndo devagar, se é que essa expressão existe.

O único ponto que melhorou foi minha relação com minha mãe. O Elliot estava certo quando disse que mães perdoam, e eu estava correta quando disse, que não podia dizer o mesmo da Charlotte. Voltei ao de sempre com a dona Beatrice, mas a Lotte nem olha mais em minha cara, não se dá ao trabalho nem de me cumprimentar.

Agora quando volto da escola passo pelo hospital, virou uma mania. Costumo ver o Aaron por lá, sempre sentado no mesmo banco, cada dia mais abatido e insuportável. Matando aula sem se importar, para ser sincera o vejo mais perto do hospital, do que a escola de fato.

As pistas sobre morte da criatura, estão tão mortas quanto ela. Depois do diário nada novo surgiu, nenhum suspeito, nenhum indício. O que faz da companhia dela infernal, sua raiva e frustração aumentam na mesma proporção da minha.

Pelo menos o Elliot vem me fazendo companhia constantemente, passando as noites comigo e saindo antes da minha mãe chegar. Sou grata por sua presença e estou seriamente, começando a cogitar a opção, de desistir do caso Mackenzie. A cada dia que passa acredito menos na verdade e duvido que ela aparecerá. Então se vou continuar assombrada, prefiro que seja o mais longe possível daqui.

Estamos em maio o ano letivo está acabando. Já me decidi se não conseguir alcançar meus objetivos, vou seguir em frente. Me mudar, arrumar um emprego e terminar os estudos em outro lugar, porque provavelmente vou repetir o último ano.

Na escola estou sendo perseguida por uma criaturinha ruiva e irritante. Jully. Ela está praticamente almoçando todos os dias comigo. Por mais que eu tente afastá-la, ela continua atrás de mim com seus assuntos aleatórios. E detesto admitir, mas acho que estou criando uma pequena afeição pela pirralha.

Estou, por falar em escola, a caminho dela, para mais um segunda-feira deprimente. Nos meus fones (sim ganhei meu celular de volta) está tocando Polly do Nirvana. Ando devagar, prestando atenção na melodia e na letra, alongando o caminho até o colégio. Só que é inevitável, acabo chegando.

Atravesso o estacionamento e para o meu estresse matinal, vejo uma faixa presa a entrada. Paro, leio e a encaro com grande vontade de lhe tacar fogo.

''Baile de encerramento das aulas, Anos 60, dia 21/05, comprem já seus convites'' e na linha de baixo, em letras menores ''Em tributo a Madison Mackenzie''.

Eu sabia que estava próximo, mas não tinha noção de que já era neste final de semana. Mas se quer saber, melhor assim, melhor essa data passar o mais rápido possível. E dessa vez eu pretendo cegamente ficar em casa.

_Não caio nessa bobeira de novo! Não vou a mais nenhum baile na minha vida! - falo para mim mesma, mas sem notar acabo dizendo em voz alta.

_Megan! Quando você morrer, vamos ter uma séria conversa sobre essa ideia estúpida! - diz a criatura odiosa, surgindo em um instante, como já de costume.

_Vão comemorar sua morte querida! - digo virando meu rosto em sua direção - Estão melhores sem você!

_Diga isso para o Dylan! Para o pobre Aaron! Ou melhor, diga para a louca que você se tornou! Aquela que fala sozinha enquanto os outros observam chocados!

A Noite Dos PavõesOnde histórias criam vida. Descubra agora