Suspeito N° 2

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Depois de passarmos a madrugada juntos, Elliot me leva na padaria e depois me deixa em casa, ou melhor dizendo me deixa a um quarteirão de casa.

Prendo a respiração e entro tentando não fazer barulho, é em vão, minha mãe já está acordada fazendo café.

_Achei que você estivesse na cama! A senhorita pode me dizer aonde se enfiou tão cedo assim?

_Eu perdi o sono, resolvi ir na padaria buscar pão! - digo levantando a sacolinha, ufa ainda bem que o Elliot teve a ideia dos pães, para o caso dela estar acordada.

_Passa isso para cá que, estou com muita fome!

Como o pão correndo e vou para o banheiro tomar um banho, já está na hora de ir para escola. Visto uma calça jeans boyfriend com uma camiseta preta e vou para aquele inferno intitulado colégio.

A primeira aula é de história da arte e a voz calma e suave da professora me dá sono. Quando o sinal toca eu decido que vou matar o segundo horário porque, sinceramente, estou dormindo de olhos abertos.

Saio da sala e vou direto para o pátio, como os corredores estão cheios de alunos apressados trocando de sala, ninguém percebe minha presença.

O pátio está totalmente vazio e me sento num banco que fica em baixo de um velho carvalho. Coloco meus fones e fico olhando para o nada por alguns minutos até que resolvo me deitar no banco. O cansaço rapidamente mostra sua cara e eu caio instantaneamente no sono.

Estou tendo um sono tranquilo no banco até que sinto uma presença do meu lado. Abro os olhos e me deparo com a Mackenzie, impecável e bem na minha frente.

Levanto a minha cabeça na esperança de ser apenas um delírio da minha visão cansada, entretanto ela se aproxima de mim e segura minha cabeça contra o concreto gelado. Eu sinto a pancada e seguro seus braços para que ela me solte, mas não adianta, meu crânio colide novamente com a superfície dura.

_Isso é por me deixar esperando querida!

_Esperando o quê?

_Ai céus! Você é burra assim mesmo ou só faz para me irritar? Eu quero vingança, quero que meu assassino vire um lixo humano na cadeia, quero que todos os pesadelos dessa pessoa se tornem realidade! E enquanto não me dá isso, terei que me contentar com seus próprios pesadelos!

_Eu estou tentando sua psicopata!

_Eu estou acostumada ao melhor, então dê o seu melhor ou vou fazer de seus sonhos um inferno, e como sua vida não é lá essas coisas, não terá escapatória nem dormindo, nem acordada!

_Você pode até fazer da minha vida um inferno, mas pelo menos eu ainda tenho uma!

_Você está debochando de mim?! Porque devo te disser que é péssima sendo sarcástica, se eu estivesse viva te daria umas aulinhas, mas como você mesma disse, estou morta e terá que se contentar com suas piadinhas medíocres! Se contentar com sua existência patética e inútil!

_Cala essa boca, sua vadia egocêntrica! - grito, perdendo totalmente a paciência.

_Está tão cedo para você se alterar, abaixa o tom de voz e finge, pelo menos uma vez, que é civilizada! - como se ela fosse civilizada, penso.

Penso em levantar e dar uns tapas nela, mas não vai resolver nada, ela é apenas um fantasma do meu inconsciente. Respiro fundo e fecho meus olhos e quando os abro novamente ainda estou deitada e sozinha no banco, o pesadelo passou.

Minha bexiga está cheia e preciso fazer xixi com urgência, levanto e sigo rumo aos banheiros da ala oeste. O corredor que dá nos toaletes está totalmente vazio, e é quando eu percebo que ainda não passei por aqui depois que voltei a estudar. Esse é o corredor do armário da Mackenzie, penso comigo mesma ao parar em frente de um espelho.

A Noite Dos PavõesOnde histórias criam vida. Descubra agora