Só Eles Sabiam Da Alergia

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 É fato que alguém enviou aquelas flores a Sasha com um propósito, e é fato também que não foi um ato amoroso de uma pessoa inocente que desconhecia suas alergias. Não sei ao certo se foi apenas uma brincadeira de mau gosto ou algo mais planejado e obscuro, mas pretendo descobrir. Eu sinto como se isso tivesse uma relação com o assassinato, não acredito ser uma simples coincidência, lembro-me muito bem da sua reação. Ela ficou furiosa, chocada, um tanto inquieta e intimidada.

Depois que a Charlotte foi embora eu fiquei pensando em todas as alternativas, procurando respostas para duas perguntas; Quem foi e por quê? Nenhuma resposta.

Só para variar eu custo a pregar o olho de noite. Como minha mãe pegou oficialmente o noturno eu me sinto insegura em ficar aqui sozinha. Tenho a sensação de estar sendo vigiada, o Aaron já confirmou que está de olho em mim e ainda tem o Scott que provavelmente quer se vingar da minha pessoa. Além de tudo isso, há uma dúvida me corroendo, e se for alguém que eu nem imagino? Que ao se aproximar de mim eu nem notaria? É isso, estou ficando paranoica, estou enlouquecendo gradativamente.

Estou deitada, com o celular na mão, assistindo um documentário médico chamado ''Indícios De Uma Mente Psicótica''. Patético, isso não vai me ajudar em nada, e depois de ver os casos que eles mostraram eu cheguei à conclusão que cada louco é louco a sua maneira.

Não me vejo caindo no sono, só percebo que estou dormindo e sonhando quando olho a minha volta e vejo paredes brancas. Estou de pé em um corredor claro.

_Olha onde estamos! - diz a voz da criatura odiosa me chamando e ao virar para trás a vejo vestida de enfermeira.

_Onde? - pergunto.

_O que lhe parece?

_Um hospital.

_Digamos que seja uma instituição para quem está um pouco mais a beira do abismo! - diz ela sorrindo.

_É um hospício! - digo arregalando os olhos com um frio na espinha.

_Por que estamos aqui?

_Me responda você, é seu sonho não?!

Escuto gritos femininos vindos de algum lugar no corredor, e só então percebo que há nele várias portas trancadas.

_O que é isso? Que merda é essa? - pergunto exalando pavor, os gritos me assustam, eles são agudos e histéricos, e o pior eu os conheço bem.

_Você não reconheceu a voz? - pergunta ela, dando um meio sorriso e me encarando com aqueles olhos desalmados.

_É claro que reconheço! Sou eu!

_Então porque perguntou?

_Porque queria uma confirmação!

_Aprenda uma coisa não se pergunta o que já sabe! Só se você quiser pegar alguém mentindo.

_Não importa! Isso não é real!

_Depende do ponto de vista!

_Você gritou assim naquela noite? - pergunto por que os meus próprios gritos me fazem pensar se ela sofreu assim naquela noite.

_Não, como você mesma concluiu, o primeiro golpe me derrubou. Eu senti um impacto, depois veio à dor, e o grito morreu em minha garganta.

Os berros aumentam e ficam mais agonizantes, não sei o que fazer, mas tento abrir as portas mais próximas a mim.

_Seria mais fácil se você tivesse isso! - diz levantando um molho de chaves pratas.

A Noite Dos PavõesOnde histórias criam vida. Descubra agora