A Noite Dos Pavões

A Breve Historia De Um Assasinato

Há aproximadamente oito meses atrás, a vadia da escola, também conhecida como Madison Mackenzie, foi brutalmente assassinada na Noite Dos Pavões, tema ridículo que ela mesma inventou. A festa era pra ter sido um baile de primavera brega como todos os outros, mas não foi bem assim...

A garota sempre foi uma egocêntrica, acho que se tivesse vivido na época de Nicolau Copérnico, a egoísta teria contestado a teoria do Heliocentrismo dizendo que ela própria era o centro do sistema solar. Essa era a Madison Mackenzie, e o fato de sua família ser descendente dos criadores da cidade não ajudava em nada. E ainda por cima seu pai era (na verdade ainda é) prefeito de Mackenzie.

Ah, esqueci-me de dizer algo crucial que aumentava ainda mais o ego da vadia; a cidade, infelizmente, fora batizada décadas atrás, com o sobrenome da sua família. Deve ser por isso que eu odeio tanto esse lugar. Era desanimador ter que conviver com o nome da cidade sempre me lembrando da minha inimiga, e agora é simplesmente impossível esquecê-la, pois tudo, até o nome daqui me faz lembrar da criatura odiosa.

A Mackenzie sempre foi aquele tipo invejada de garota, que todas queriam ser: loira, alta, magra e popular. A única coisa que a diferenciava das oxigenadas comuns é que ela tinha um cérebro, ela sabia manipular e fazer com que todos ao seu redor a tratassem como uma rainha. Era irritantemente boa em tudo, a líder de torcida, a representante dos alunos, a organizadora dos eventos, resumindo, tudo na escola tinha o dedo dela e como o Good Citizen era o único colégio da cidade, não havia como fugir. Lógico havia várias escolas nas cidades vizinhas que são grudadas aqui, mas eu não ia dar a ela o luxo de simplesmente me mudar.

Todos no colégio a odiavam silenciosamente, as meninas morriam de inveja, os garotos sofriam em suas mãos, mas ninguém a desafiava, exceto eu ninguém mais deixava de fazer seus caprichos. E quando ela foi mutilada todos fingiram surpresa e lastima, mas no fundo noventa por cento dos alunos teriam motivos para fazer tal coisa.

Eu fui acusada do seu assassinato por basicamente quatro motivos: 1° Eu a odiava e todos sabiam disso, 2° uma semana antes do ocorrido eu tive uma discussão em público onde a ameacei de morte em alto e bom som, 3° eu armei uma brincadeira com ela no começo da festa, 4° eu encontrei o corpo.

Isso não parece o suficiente para mandar uma menor de idade para o reformatório, mas o policial que me interrogou era padrinho da vaca. O imbecil foi grosseiro e deixou bem claro que tinha absoluta certeza que a culpa era minha e para piorar ele afirmou que eu, sendo uma ''ninguém'', iria passar o resto da vida mofando na cadeia. Aí eu sendo eu, não aguentei, cuspi na cara dele e o mandei a merda. Sim, sei que isso foi uma estupidez, mas não aceito que um inútil me chame de ''ninguém''.

No dia seguinte lá estava eu, indo para um reformatório por desacato à autoridade e suspeita de assassinato. Mas o tempo passou e como não tinham provas concretas sobre mim, e já tinha cumprido o tempo pela minha cuspida, me liberaram e aqui estou.

Preciso descobrir quem realmente deu cabo a vida dela, mas a verdade é que estou apreensiva, pois a qualquer momento pode aparecer uma prova concreta, que por algum motivo me incrimine mais ainda. Sei que a polícia daqui não é tão avançada como os cientistas forenses de CSI e que se o assassino tiver um pingo de inteligência ele pode facilmente me colocar de volta na mira do tiro. Boom lá estaria eu de novo, voltando para o reformatório.

E é de uma prova que eu preciso, mas lógico, que não me incrimine mais e sim me mostre quem é o verdadeiro culpado. Porém isso será extremamente difícil. A faca do assassinato foi encontrada dentro da piscina extremamente clorada e sem vestígios de digitais. Todos, ou quase todos os alunos e professores no local da festa, poderiam tê-la matado sem nenhuma dificuldade. Estou fodida, ponto, estou em um beco sem saída, mas preciso arrumar uma saída o mais rápido possível, e se não achar vou ter que fazer uma eu mesma.