Prontas Para Ir

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Sábado de manhã. Estou deitada no chão da varanda, discutindo com minha sanidade. Passei a semana inteira neste conflito interno. O maldito bilhete conseguiu triturar os meus pobres neurônios.

Não posso negar, aquele pedaço de papel me fez rever meus planos, me fez pensar em todas e quaisquer possibilidades de ser incriminada novamente. O pior, não só eu, mas a Charlotte também.

Meus pensamentos ficaram flutuando em uma confusão desordenada. A princípio Constance Harrys, me pareceu uma ótima suspeita, pois quem mandou o primeiro bilhete, também mandou o segundo. E julgando pelo fato dela ser uma das poucas pessoas que sabiam sobre aquela data, até que minhas suspeitas faziam sentido. Mas ai, eu voltei para essa tecla e vi o quanto estava sendo radical, Constance não poderia ter matado a criatura, ela nem estava na festa e não acredito que tenha um motivo plausível para tal.

Outras pessoas também passaram pela minha cabeça, mas percebi que era um total desperdício de tempo tentar descobrir. Até por que o assassino, seja quem for, me convidou indiretamente (diretamente na verdade) para aparecer no prédio principal hoje à noite. O maldito está me oferecendo à verdade, mas sem me mostrar o preço dela e não pretendo correr esse risco.

Apenas ontem eu reli o que estava escrito e indignada percebi que tinha deixado uma coisa gritante escapar. O remetente se refere a ele usando o artigo A, estou dispostA, e isso sim me parece algo concreto. Outro detalhe que vem martelando em minha cabeça é o Bri, porcaria poucas pessoas me chamam assim, e Charlotte é uma delas.

Não queria cogitar essa possibilidade, porém foi instintivo, pois poderia ter sido ela. As montagens e toda aquela raiva... E o pior de tudo, o seu nome estava escrito ali, a pessoa que o escreveu sabia que usar a Lotte como ''isca'', me tentaria a ir até o lugar descrito.

Consegui isolar essa ideia repugnante por uns tempos. E foquei em outra ainda mais maluca, se eu recebi uma carta, talvez Lotte tenha recebido também. Fui atrás dela, procurar saber e para variar ela fugiu de mim, nem me dando tempo de falar. Mandei então uma mensagem lhe pedindo para ficar longe do baile, não obtive resposta.

Espero que ela me ouça e não vá nessa porcaria, droga essa festa não poderia acontecer, não deveria.

Sinto meu celular vibrar no bolso, é o Elliot chamando. Me sento e atendo.

_Oi! - digo.

_Oi pessoa!

_Acordado tão cedo? - pergunto estranhando o horário dessa ligação.

_A praga da minha irmã me acordou, sorte sua ser filha única!

_As vezes ter uma companhia não me parece tão ruim!

_Arruma um cachorro vai por mim!

_Não, obrigada!

_Como você está?

_Bem! - minto.

_Você parece cansada!

_Um pouco, aquele bilhete vem me tirando do sério!

_Bem, esqueça, a pessoa com certeza está blefando, não há nada que te incrimine e nem a Charlotte!

_Tomara que você esteja certo!

_Estou, você vai ver! Ei que tal sairmos hoje à noite?

_Não estou com ânimo!

_Qual é, ficar ai pensando em quem mandou a carta secreta não vai te fazer descobrir! Podíamos ir ao lago, você se divertiu aquele dia, não?

A Noite Dos PavõesOnde histórias criam vida. Descubra agora