calliope

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POV CALLIE:

Eu sou mexicana, mas moro em Nova York há um tempo. Me apaixonei por um americano e me mudei para cá. No início tudo parecia se encaixar, mas com o tempo descobri a realidade.

Frequentávamos diversas festas e locais luxuosos e no início era tudo diferente para mim, eu levava uma vida comum no México.

Após me cativar e me deslumbrar com uma vida nova, a verdadeira face do Daniel apareceu.

Ele era muito rico e eu só sabia que era um executivo famoso, era dono de quase metade da cidade.

Ele nunca me contou de sua vida pessoal, era um pouco misterioso, mas eu adorava aquilo.

Como trabalhava muito, Daniel viajava bastante a trabalho e me deixava em um de seus apartamentos.

Eu não tinha amigos e nem família aqui e ele parecia não querer que eu tivesse. Eu não podia sair sem ele e ele ficava agressivo se eu sugerisse isso.

Um dia, durante uma de suas viagens a trabalho, eu decidi que iria sair sozinha e fazer novos amigos, então me produzi e chamei um táxi.

O que eu não esperava é que ao abrir o elevador eu me depararia com Daniel.

- Onde você pensa que vai? Senti raiva em seus olhos.

- Eu só queria sair para ver gente, conversar, talvez dançar...

- Você é minha, só minha. Ele dizia enquanto me apertava contra o elevador, me levando de novo para cima.

Eu ainda não tinha entendido o motivo pelo qual ele não queria que eu saísse sozinha, então aceitei a vida que ele me proporcionava por mais um tempo, até que um dia eu cansei.

Uma certa noite eu coloquei um remédio de dormir no whisky dele e arrumei algumas coisas para ir embora.  Eu não tinha para onde ir, mas peguei uma quantia que eu consegui guardar e sondei um hotel barato para ficar até conseguir emprego.

Fui para o Hotel por volta de 3h da manhã, ficava próximo a uma casa noturna conhecida na cidade.

Ao chegar lá reparei que era bem simples, mas possuía a paz que eu estava procurando no momento. Tomei um banho tranquila e dormi, pois no dia seguinte estava disposta a procurar um emprego.

Procurei emprego no dia seguinte e nos outros dias também, mas não recebia nenhum retorno. Eu sabia falar bem inglês, mas os cursos que eu havia feito no México não valiam aqui e eu não tinha um bom currículo nos Estados Unidos.

Quando meu dinheiro estava acabando eu desesperei e resolvi pedir um emprego na casa noturna próxima ao hotel, talvez precisassem de faxineira ou garçonete.

Quando cheguei lá os donos me olharam feito um pedaço de carne e falaram que eu poderia começar naquele dia mesmo. Eu estava muito angustiada, mas parecia não ter outra escolha. Eu não sabia se Daniel viria atrás de mim, não sabia se ele seria capaz de me machucar, então precisava ter minha autonomia financeira para seguir minha vida da melhor forma possível.

Comecei a trabalhar como garçonete e ganhava algumas boas gorjetas, até que um dia um dos clientes do local apontou para mim e disse que pagaria um alto valor para que eu fosse para a cama com ele. Senti nojo, mas acabei topando, achei que só uma noite não faria mal, conseguiria guardar um bom dinheiro e continuar como garçonete.

Porém, não foi bem assim que as coisas aconteceram, depois desse cliente, comecei a ficar famosa na casa noturna e diversos outros homens queriam pagar para me ter. Eu achei que conseguiria sair de tal situação quando eu bem quisesse, mas não. O dono da casa noturna estava tão encantado com o sucesso que eu estava fazendo que começou a me tratar como se eu fosse uma mercadoria.

Certo dia resolvi que não queria mais aquela vida e ele me bateu. Me bateu tanto que eu achei que não iria sobreviver, até que Deus me enviou um anjo.

Eu fui cambaleando para a porta da Velvet, casa noturna que trabalhava e escorei em um poste, tentando retomar minhas forças para sair dali.

Um tempo depois percebi que alguém em um carro me olhava de longe e depois se aproximava.

- Inferno, mais um cliente. Não posso ser vista desse jeito. Falei baixo para mim.

Algo me chamou atenção porque não era um cliente, era uma mulher loira muito elegante que caminhava sutilmente para perto de mim.

Ela tentou me ajudar, ela me fazia diversas perguntas, ela tentou estancar meu sangue e tudo aquilo me assustava. Eu tinha medo de que alguém tivesse mandado ela ali, mas ao mesmo tempo ela tinha um olhar tão doce que eu sentia a bondade dela só naqueles olhos e sorriso mágico que ela tinha.

Aproximadamente 10 minutos após, Enrico, dono da Velvet descobriu que eu ainda estava na porta da boate e ameaçou novamente me matar. Isso é uma longa história, aos poucos me abro e conto de uma maneira melhor. Mas a questão é, a loira que me ajudou e eu não conhecia, simplesmente me puxou para dentro do carro de luxo dela e acelerou o carro.

Depois de tudo que eu havia passado eu nem sabia mais em quem confiar, mas também não tinha muita opção. Eu não podia voltar para a boate e muito menos para o hotel que eu estava.

- Meu nome é Arizona, você tem parentes ou amigos aqui? precisamos ir para o hospital ou delegacia ou qualquer lugar. Ela disse algo assim, minha cabeça estava muito confusa no momento e eu só conseguia chorar. Eu não tinha ninguém, eu não tinha para onde ir e eu estava muito machucada r não podia confiar em ninguém.

Arizona ficou um tempo calada e depois disse que me levaria para sua casa.

Eu surtei. Eu não poderia passar por tudo aquilo de novo, e se alguém tivesse mandado ela lá? e se ela fosse como todo mundo que me machucou? - Eu não quero ir. - falei mais alto do que deveria.

- Qual a sua ideia então? Ela questionou. Você disse que não tem ninguém aqui, já são mais de 23h, você não quer ir pro hospital, nem para a delegacia... eu não vou te deixar solta na rua uma hora dessas, Calliope. Se você quiser amanhã você vai para onde você se sentir confortável, mas agora precisamos olhar seus machucados.

Eu concordei em ir e ficar uma noite, pois sentia de alguma forma que podia confiar nela.

POV ARIZONA:

Depois de usar meus poderes de persuasão para que Calliope fosse para minha casa para que eu pudesse ajudá-la, finalmente ela concordou.

Ela não era de muitas palavras. Ao mesmo tempo que aquilo me dava medo, também me deixava intrigada e com vontade de cuidar dela.

Chegando em casa acenei para o porteiro e ele abriu o portão da garagem para que eu pudesse entrar. Ao entrarmos no meu apartamento, Calliope parecia surpresa.

- Sua casa é linda. Ela falou sem jeito.

- Obrigada. Respondi sorrindo. O quarto de hóspedes já está arrumado, eu ia receber uns amigos, mas acabaram não vindo.

Mostrei o local para ela e disse que ela quisesse poderia tomar um banho e que se tivesse com fome eu prepararia algo para ela comer.

Ela agradeceu e me disse que só queria dormir um pouco.

- Calliope, a gente precisa olhar seus machucados, parecem profundos, e se você tiver quebrado alguma coisa?

Me aproximei dela e ela parecia se assustar com a minha aproximação.

- Me desculpe, Arizona, é que tá doendo muito.

Meu coração doeu, eu queria fazer algo por ela, queria descobrir quem tinha feito aquilo com ela.

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