far away

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POV ARIZONA

Eu havia decidido passar uns meses fora para por realmente a minha cabeça no lugar.

Doei alguns milhões anonimamente para uma instituição que cuidava especialmente de mulheres vítimas de violência doméstica e fui acompanhar de perto os benefícios.

Eu precisava me sentir útil e tentar me redimir comigo mesma do peso que eu estava sentindo.

Só havia contado para a Teddy a minha decisão, não queria ser questionada sobre nada. No fundo eu sentia que tinha tomando a decisão certa, mas não entendia a razão de eu estar me sentindo a pior pessoa do mundo.

Acho que minha consciência estava pesada porque eu sabia que a Callie só tinha a mim, pelo menos até antes dela conhecer a Penny. Eu era a única pessoa próxima em sua vida e de repente eu decidi me afastar e deixei ela para trás carregando um bebê em seu ventre.

Eu acho que eu nunca mais seria a mesma pessoa.

Fiz minha mala e em um cantinho coloquei uma foto minha com a Callie. Não queria deixar em vista para não me machucar a cada vez que eu olhasse, mas só de saber que ela estava indo comigo de alguma forma, me dava mais forças.

Eu só pensava que queria ela bem sem mim, mesmo eu estando péssima sem ela. Mesmo assim eu não podia voltar atrás, eu seria cruel em tentar novamente tendo grande probabilidade de não conseguir lidar.

Teddy me levou no aeroporto e me despedi dela com um abraço apertado.

- Se cuida, te amo. - ela falou baixo perto do meu ouvido.

- Cuida de tudo aqui pra mim e qualquer novidade me fala. Te amo.

Respirei fundo e embarquei, seria uma nova vida agora.

O voo durou mais de 12 horas. Eu mal dormi. Estava em primeira classe e tudo era muito confortável, mas eu estava tão ansiosa que toda vez que fechava os olhos sentia uma corrente elétrica passar pelo meu corpo e não conseguia relaxar.

A minha mente também me torturava bastante. Como eu disse, eu torcia pela felicidade da Callie, mas tinha medo de que ela pudesse se apaixonar por outra pessoa e me esquecesse rápido.

Eu estava contraditória porque nem eu mesma sabia o que eu estava sentindo e era tudo muito recente ainda.

Quando achei que o destino jamais chegaria, ouvi a mensagem de que iríamos finalmente pousar.

Eu organizei a viagem tão rápido e não conhecia nada lá, fui muito impulsiva, mas pelo menos eu sabia que era por  uma boa causa. Eu poderia ajudar milhares de mulheres e era por isso que eu estava vivendo agora.

Eu havia alugado uma casa para ficar três meses lá e toda terça e sexta eu iria prestar assistência à casa de mulheres.

Eu me cadastrei como voluntária e elas jamais saberão que a doação de 4 milhões foi feita por mim. Espero que isso possa trazer uma melhora significativa na estrutura do local e estrutura profissional.

A casa que aluguei era pequena, mas confortável o bastante. A cidade era bem pequena e não possuía muito luxo. O ponto alto da economia local era a pesca e havia um mercado grande destinado só para isso.

Era um lugar bonito. Eu tentaria ficar feliz ali.

POV CALLIE

Eu estava na dúvida se perguntava para Teddy ou não sobre a Arizona e decidi ter um pouco de amor próprio e não perguntar.

Penny ficou de descobrir para mim no trabalho.

Eu chorava com frequência. Além de estar recente, eu sentia meus hormônios cada dia mais fortes e instáveis. Eu sentia que eles estavam tendo um efeito surreal pelo meu corpo. Estava carente e emocionalmente dependente.

Sentia meu corpo mudar também. Aos poucos minha barriga e seios aumentavam e era engraçado pensar que um serzinho crescia em mim.

Eu estava deitada vendo televisão e vi meu celular tocando em cima da mesa, corri para atender. Era a Penny.

- Arizona foi para a África para ficar lá por três meses. - ela disse curta e grossa.

Eu fiquei alguns segundos em silêncio, estava digerindo a informação.

- É muito tempo. - respondi triste.

- Vou ser sincera, vai ser bom pra você dar uma desintoxicada e melhorar. Ver ela sempre não ia te fazer bem. - Penny disse calmamente.

- Você tem razão.

- Você precisa recomeçar, Callie.

- Eu sei. - minha voz falhava

Eu inventei uma desculpa para desligar, logo em seguida.

Penny estava me ajudando muito, sendo uma ótima amiga, mas às vezes eu sentia que ela me queria longe da Arizona a todo custo e eu não conseguia entender o motivo. Talvez fosse só preocupação de amiga mesmo ou talvez algo além, estava um pouco estranho.

O dia passou e no início da noite Penny retornou ao hotel para me ver e ver como eu estava.

Ao me ver ela demonstrou preocupação:

- Você parece abatida. - ela veio em minha direção me dar um abraço.

- Ela foi para a África, ela nem me avisou.

- Se arruma pra gente sair. Não vamos ficar presas aqui dentro não.

- Tá. - falei contrariada.

Troquei de roupa ali no quarto mesmo e senti os olhos de Penny em minha direção.

- Algum problema? - indaguei.

- Não. - ela disse claramente desconcertada.

Vesti um vestido longo e não estava conseguindo abotoar.

- Você pode abotoar para mim?

Penny rapidamente se prontificou.

Senti seu toque suave nas minhas costas e não pude evitar, senti um leve arrepio.

Me esquivei e ela percebeu que tinha algo errado.

Minha carência estava extrapolando todos os limites possíveis, eu precisava me policiar.

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