POV CALLIE
Após vários dias naquele local eu tinha colocado na minha cabeça que ela não me procuraria mais, e eu não a julgava. Se eu estivesse no lugar da Arizona, eu não sei o que faria.
Eu sentia muito a sua falta, afinal Arizona estava se tornando o meu lugar favorito no mundo. Não conhecia o estado, entre nossas diversas conversas eu inclusive descobri que seu nome não era por causa do estado, mas não podia deixar de fazer tal comparação, pois de fato ela tinha se tornado o meu porto seguro e meu lugar favorito.
Eu tinha diversos clientes por dia, eles pagavam caríssimo para deitarem em minha cama por algum tempo, em troca eu teria que fazer o que eles quisessem de mim.
Eu via muito pouco daquele dinheiro, ganhava apenas 10% da quantia e com aquele dinheiro ainda tinha que comprar novas lingeries e tudo de higiene pessoal. Charles achava que assim era justo, pois além de evitar fugas, achava que estava me fazendo um favor, por eu ter os maiores clientes e o maior quarto.
Desde que comecei nessa vida, eu tinha uma regra. Eu faria tudo que o cliente desejasse, mas eu não beijaria sua boca. Pelo menos isso eu queria guardar para fazer apenas com quem eu realmente gostasse.
Eu transava com em média 10 homens por dia e não deixava nenhum chegar perto da minha boca. Muitos ficavam irritados, mas não tinham escolha.
Eu fazia meu serviço da maneira mais rápida e caprichada possível para terminar logo.
Alguns eram mais difíceis que outros. Naquele mesmo dia um cliente, com fetiche em sexo violento insistia em me bater durante o ato. Eu não tinha a quem recorrer, ninguém ali me protegia, só importavam com os milhares de dólares que pagavam para isso.
O cliente me mandou ficar de quatro na cama e enquanto eu assim estava, ele me chicoteava com raiva.
Eu estava tão vazia que nem sei se sentia dor mais.
Quando Arizona apareceu naquele quarto, já tinham passado mais de 50 homens pela minha cama.
Eu estava machucada por dentro e por fora, tudo em mim doía e ardia. Eu pensava diversas vezes em morrer, mas toda vez que eu fechava os meus olhos eu via aqueles olhos azuis e pensava neles. Aquilo me dava as últimas forças para viver.
A porta se abriu, eu estava de costas, fumando um cigarro para relaxar e já estava entrando no personagem da prostituta sem coração.
Até me sentia sem coração mesmo quando entrava alguém no meu quarto, mas quando eu ouvi aquela voz, uma ponta de esperança cortou o meu peito.
Era ela.
Rapidamente me virei e não acreditei que ela realmente estava ali. Ela não me odiava e queria me tirar dali.
Como ela me tiraria? As janelas tinham grades justamente para que isso não ocorresse.
Quando a vi com cara de choro, mas tão linda, eu quis me entregar para ela, mas eu não conseguia. Eu sentia tanto nojo de mim e tanta dor por tudo que tava acontecendo que eu só conseguia abraçar ela e chorar.
- Eu te amo. - eu nunca havia falado isso para ela, mas escapou da minha boca enquanto eu chorava em seu ombro.
Arizona, sempre gentil, disse que me amava de volta e disse que queria me dar um banho para que eu relaxasse.
Eu concordei e assim ela fez. Passava calmamente a bucha com espuma em meu rosto e a cada roxo que ela via, depositava um pequeno e suave beijo.
- Eu vou te tirar aqui nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida. - ela jurava.
A puxei para dentro do chuveiro comigo, sempre tomávamos banho juntas. Dessa vez foi sem sexo, apenas um silêncio reconfortante e uma olhando dentro dos olhos da outra, tentando ali encontrar uma paz.
Troquei a roupa de cama exclusivamente para ela poder ficar ali comigo durante umas horas e sentamos na cama, tentamos conversar sobre como sairíamos dali.
Arizona sugeriu pedir ajuda para a Carina, que era delegada e poderia talvez libertar todas as mulheres daquele lugar. Eu fiquei sem graça, mas não estava podendo escolher muito, então disse que ela poderia fazer o que achasse melhor.
Eu estava deitada em seu colo e chorava pensando que em pouco tempo ela teria que ir embora para meu inferno recomeçar, mas pelo menos naquele momento eu sabia que não estava sozinha e sabia que ela estava pensando em mim.
POV ARIZONA
O amor é capaz de fazer coisas que a razão desconhece. Se há algum tempo alguém me falasse que isso tudo iria acontecer comigo, eu riria e falaria que impossível, mas aqui estou eu pagando 30 mil dólares para estar ao lado de uma pessoa que ganhou meu coração.
A situação dela era lamentável. Acho que não conseguiria deixar nem meu pior inimigo daquele jeito, quanto mais ela.
Eu não queria falar com a Carina, ainda mais depois do ocorrido no bar, mas ela era mulher e conhecida e creio que acharia a minha denúncia algo grandioso e digno de uma grande operação policial. Afinal, Callie era a mulher mais explorada ali, mas havia muitas outras ali.
Me despedi de Calliope ao amanhecer com muitos beijos e juras de que voltaria. Pedi para ela se manter firme por nós, que eu tomaria providências quanto antes e gastaria qualquer quantia necessária para isso.
Logo que saí do quarto, a recepcionista a informou que dentro de algumas horas tinha um cliente importante agendado, para ela se preparar da melhor forma possível.
Meu estômago revirou, mas fingi não me importar para não levantar qualquer suspeita.
Quando cruzei a porta de saída do local, encontrei Charles na rua, chegando lá para fiscalizar o dinheiro recebido na noite anterior.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa eu disse:
- Vim como cliente e te deixei 30 mil dólares de gorjeta.
- Vocês Robbins são meus clientes favoritos. - ele disse me dando um tapinha no braço.
Eu vou matar esse desgraçado. - pensei. Eu estava praticamente rosnando.
Chamei um táxi direto para a delegacia, eu tentaria resolver aquilo hoje mesmo.
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Money, lust & alcohol.
FanfictionArizona perdeu a mãe aos oito anos, vítima de uma overdose. Desde então, foi criada em Manhattan pelo seu pai, um executivo famoso e muito bem sucedido que a culpava pela morte de sua esposa, tendo em vista que Arizona estava sozinha em casa com a m...