trauma

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POV ARIZONA

Me ver na delegacia fez com que Carina achasse que eu estava ali por ela.

Suspirei. Seria longa a conversa.

Entrei na sala dela e ela fechou a porta por trás de mim. Senti sua respiração pesada na minha nuca.

Tentei não arrepiar, mas foi em vão. Ela sabia meus pontos fracos e eu estava muito vulnerável no momento. Mas fingi não ficar baqueada, eu era fiel ao meu sentimento pela Callie e não deixaria um desejo de momento estragar aquilo.

Carina me preensou na parede da sala e sussurrou no meu ouvido que eu deveria levar as coisas com mais leveza.

Naquele momento eu pensei na Callie na cama com outros homens e senti tanta raiva por ela estar naquela situação que cedi ao beijo de Carina.

Imediatamente ela arrastou tudo que estava em cima da mesa dela para o lado, algumas coisas até caíram no chão e me levou em seu colo para cima da mesa, já abrindo minhas pernas para ela se encaixar melhor entre elas.

Eu não podia fazer aquilo. Callie estar com outros não era opção dela, ela estar casada legalmente com o meu pai também não era culpa dela, ela nem me conhecia. O que eu estava fazendo naquele momento era uma escolha. Eu estava machucada e estava fazendo a pior escolha possível.

Automaticamente empurrei Carina e disse que eu não podia, que não fui lá para aquilo.

Eu estava me sentindo triste e agora culpada. Eu era impulsiva demais e tinha ódio disso.

- Carina. Eu preciso que você vá neste endereço - entreguei um papel para ela-, com o maior reforço policial possível.

Ela me olhou sem entender e eu continuei.

- É uma casa noturna que funciona como uma casa de prostituição forçada. Um homem chamado Charles utiliza imigrantes que precisam de melhores condições de vida, ou por diversos outros motivos. Ele as priva de liberdade e nem o próprio dinheiro elas podem usar, ele também confisca seus documentos.

- Você tem muitas informações. Tem algo que queria me contar? - ela arqueou uma sobrancelha.

- Uma amiga minha corre perigo. - só disse isso, pois temi que se falasse de Callie ela não desse a credibilidade devida. Eu precisava que essa operação fosse gigante, eu precisava mesmo tirar ela de lá.

Carina massageou as minhas costas e pediu para eu contar melhor a história. Eu pensava em Callie a todo segundo para me concentrar e não ceder novamente.

- Carina, eu estou comprometida. - falei me consertando na cadeira.

Ela riu tão alto.

- Não era o que parecia há minutos atrás, acho que você tem algo para contar para a sua namorada. É aquela da boate né? E pode me falar que é ela que está em apuros, não vou deixar de te ajudar. - ela piscou para mim.

- Ok, é isso mesmo. A história é mais longa do que você pode imaginar e eu só preciso de sua ajuda como delegada. Minha relação com ela ou o que rolou aqui hoje eu trato com ela. - fiquei irritada.

Passei todas as informações possíveis para a Carina e ela se comprometeu a levar 8 policiais disfarçados para descobrirem o local e iniciarem a operação, conforme o necessário.

Eu estava tão nervosa.

Ela não havia falado nada sobre eu não poder ir, então eu me preparei psicologicamente para ir também. Eu queria ver aquele lugar desmoronar e sair de lá com a minha Calliope.

Liguei para um hotel e fiz reservas para irmos depois, eu não poderia ir para casa, era muito arriscado.

No meu carro deixei uma mala com coisas que iríamos precisar e depois eu pensaria melhor, junto com ela, para onde iríamos. Eu até venderia meu apartamento e controlaria minha revista de longe, se precisasse.

Falando assim, parece que abro mão muito rápido das minhas conquistas por uma pessoa amada, mas não é bem assim. A minha vida inteira fui sozinha, me envolvi com diversas pessoas por carência e nunca havia me sentido assim. Não acho que eu iria me arrepender, pois a Callie era alguém especial. Mas se me arrependesse, poderia arrumar outra coisa, e também, meu pai é multimilionário e um dia sua fortuna voltaria para mim.

Mas meu coração sabia que eu não iria me arrepender de nada que eu fizesse pela Callie.

Eu cheguei lá sem saber se os policiais já haviam chegado, afinal Carina disse que eles estariam disfarçados.

Quando cheguei Callie estava com um cliente. A recepcionista achou estranho eu ir dois dias seguidos, disposta a pagar quantia tão alta novamente.

- Hoje o cliente que tá lá pediu exclusividade e acho que não sai de lá tão cedo. - disse com um olhar intimidador.

- Independente de quanto ele tenha pagado, eu pago o dobro. - respondi lhe olhando também.

- Hoje não vai dar, o Charles disse que esse cliente é dos bons e que ele e Callie tinham um contrato especial.

Na hora eu percebi que era Daniel, era o meu pai.

Imaginar ela com qualquer um já me machucava, imaginar ela com ele então, me machucava ainda mais.

Sem medo do que pudesse acontecer eu corri rumo ao quarto dela e bati na porta com toda a força que eu tinha. Eu entrei em uma crise tão pesada que eu só conseguia gritar pelo nome dela e bater na porta, sem me preocupar com nada a minha volta. Por um segundo eu até esqueci onde estava.

Com tanta força que eu fazia a porta se abriu e pude ver a cena que eu mais poderia repudiar em toda a minha vida. Daniel, em cima dela, a segurava pelos pulsos e fazia força.

Eu gritava tanto e ao ver que eu estava ali Callie também gritava, tentando tirar ele de cima dela.

Naquele momento percebi que os policiais estavam ali. Eles apontaram as armas para vários quartos, mandando os homens saírem de lá. Para meu desespero, Charles apareceu armado também, e ainda pegou uma mulher de refém.

Foi um grande confronto e no meio de toda a confusão, um policial foi baleado na perna, nenhum ferimento que lhe mataria de imediato, mas sua arma caiu.

Sem que ele percebesse eu peguei a arma e voltei para o quarto da Callie.

Eu percebi que a história estava indo longe demais quando me vi em seu quarto, com uma arma apontada para o meu pai.

Depois disso, tudo que lembro foi de um barulho forte de tiro.

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