oh my God

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POV ARIZONA

Acho que eu bebi mais vinho do que deveria porque acordei no sofá, com o sol queimando a minha testa, pois nem mesmo lembrei de fechar a cortina.

Percebi que a TV estava desligada e eu devidamente coberta. Sorri com o cuidado da Callie comigo. Bom, primeira noite aqui e ela não me matou e ainda me cobriu e desligou minha televisão quando dormi, creio que seja um bom sinal.

Levantei e percebi que a mesa estava posta. Olhei ao redor tentando ver algum sinal da Callie e ela estava na cozinha, ouvindo uma música baixa e fritando ovos.

- Bom dia. Falei com a voz meio rouca de sono.

- Bom dia. Ela me respondeu sorrindo.

Eu estava vendo ela na luz do dia pela primeira vez e pude ver o quão machucado seu rosto e seu braço de fato estavam. Seus olhos estavam levemente roxos, mas o braço possuía um corte como se aquele canivete tivesse a atingido.

- Callie, a gente precisa ir no médico ver esse seu braço, o corte está feio, provavelmente você tenha que tomar algum remédio para não infeccionar.

- Tome seu café da manhã e depois eu penso nisso. Afinal, eu vou embora daqui a pouco.

- O quê? Para onde você vai? Você trouxe alguma coisa? Precisa de ajuda para algo?

- Bom... tudo que eu tinha ficou para trás, mas eu vou dar um jeito de pegar e vou seguir o meu rumo, você já fez muito por mim e não precisa de mais nada.

Confesso que fiquei um pouco decepcionada. Aquilo me intrigava tanto. A curiosidade sobre ela me consumia, e também era bom ter uma companhia, eu tinha meus amigos, mas era muito sozinha na maior parte do tempo.

- Só te peço para que eu possa ir com uma das roupas que você deixou lá no quarto, a que eu estava está um pouco suja e não sei como vai ser daqui pra frente. Ela continuou.

Fiquei encarando o rosto dela um tempo.

- Callie, ok, eu deixo você ir, mas antes você vai deixar eu te levar ao médico e ao shopping, vou te presentear com algumas roupas para você começar do zero, seja lá o que você quer fazer.

Notei que ela me olhou com desgosto quando falei isso e seu olho marejou.

- Eu falei algo errado? Questionei preocupada.

POV CALLIE

Quando a Arizona falou que iria me presentear com roupas, meu corpo ferveu. Senti naquele momento a angústia que eu sentia quando Daniel fazia aquilo. Sei que ela não fez por mal, ela sequer sabe quem é ele e o que ele me fez passar, mas automaticamente lembrei disso e meu corpo travou, eu só quis chorar.

- Callie? Ela estava me olhando.

- Desculpa. Respondi com a voz trêmula. Eu preciso ir embora.

Sai correndo pela porta e apertei o elevador o mais rápido que eu pude. Eu não sabia o que ia fazer daqui pra frente, mas eu não podia mais depender de ninguém, eu precisava voltar para o México. Eu estava sozinha e mesmo que aquela mulher tivesse me hospedado e cuidado de mim por um tempo, o medo me corroía.

- Não vai embora assim. - eu conseguia ouvir a voz da Arizona atrás de mim.

- Eu preciso ir.

Entrei no elevador e ela entrou logo após. Eu estava sufocada naquele momento, tudo que ela fazia me lembrava o Daniel. Ao mesmo tempo que ela era tão doce, tinha atitudes tão parecidas, mesmo que as dela não fossem rudes e mal intencionadas como as dele.

Sai andando rápido rumo a rua, e arizona andando lentamente atrás, como se quisesse entender o que eu iria fazer.

Fui até a rua e fiquei uns minutos tomando um ar, tudo que eu precisava era aquilo, vento de outono.

- O porteiro está autorizado a deixar você subir, caso você queira. Como você não quer mais a minha ajuda, vou subir e me arrumar para trabalhar. Ela falou seca comigo pela primeira vez.

Andei algumas ruas e sentei em uma praça ali na região. Era impressionante o quanto as pessoas ali eram ricas.

Eu realmente não sabia o que fazer naquele momento, então achei que o melhor era voltar para a casa noturna para tentar pegar pelo menos meus documentos, sem eles eu não conseguiria nada nessa cidade.

Eu sou tão estúpida. Estou longe de lá, sem dinheiro para ônibus ou táxi, sem celular, sem nada. Então percebi que teria que voltar para a casa da Arizona para pedir pelo menos que ela me deixasse mais próximo de lá ou me emprestasse o dinheiro do ônibus.

Me levantei e fui andando de volta para a rua do prédio da Arizona, era inconfundível, era o mais alto e bonito.
A rua estava movimentada e diversos carros passavam por mim, um em especial passou muito devagar por mim e eu gelei. Achei que era coisa da minha cabeça, mas não era.

- Sua vagabunda!!! Agora você vai ter o que merece, entra já aqui. Aquele homem falava com raiva. Era Charles, o dono da casa noturna.

Acho que agora é a minha morte.

POV ARIZONA

Eu estava muito irritada. Tentei de tudo para ajudar Calliope e ela foi extremamente ingrata simplesmente fugindo assim de mim.

Já não me importava quem ela era ou o que tinham feito com ela, eu tentei ajudar e ela não quis, ela deve saber o que está fazendo.

Pensei várias coisas por impulso naquele momento porque eu estava mesmo com muita raiva.

Ia ocupar minha cabeça com meu trabalho.

Avisei ao porteiro que poderia deixar ela subir se ela quisesse e que eu iria trabalhar.

Tomei um banho e vesti um macacão vermelho e um salto fino preto, precisava parecer bem, pois além de trabalhar, ainda teria que inventar qualquer desculpa para meus amigos por não ter comparecido a minha própria festa no dia anterior.

Peguei meu carro na garagem e fui rumo à minha revista.

Percebi um movimento estranho na rua  e quando olhei bem, vi que Callie estava conversando com um homem.

Olhei bem e meu Deus!!!! eu conheço esse homem, é o que estava com canivete.

Desci do meu carro no meio da rua e gritei seu nome.

- Calliope!!!

Ela me olhou assustada e o homem me olhou com ódio.

Ela veio correndo em minha direção e novamente entrou em meu carro.

- Arizona, como é possível que você possa me salvar assim duas vezes? Ela falou chorando.

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