is this a goodbye?

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POV CALLIE

Eu queria tanto que ela me deixasse falar. Não sei se teria muita explicação o fato de eu ter omitido para ela o meu casamento. Nunca poderia imaginar que era com o seu pai e nunca podia imaginar que iríamos nos apaixonar.

Eu ainda conseguia sentir o cheiro dela. Fechei os olhos por uns segundos. Seu perfume levemente doce e muito marcante continuava impregnado na minha roupa, mesmo após tantas horas.

Decidi ir atrás dela. Não poderia estragar tudo assim, eu precisava pelo menos me explicar.

Andei até uma rua mais movimentada e tentei pedir carona para um endereço próximo ao da casa da Arizona.

Não queria me meter em mais encrenca, então eu fazia sinal apenas cara carro de família ou que mulheres dirigiam.

Finalmente um carro parou. Inventei uma história de que havia sido assaltada voltando da festa da Robbins Company e precisava ir para a Quinta Avenida.

A mulher aceitou me dar carona, creio que falar sobre a festa e sobre morar próximo à Quinta Avenida passou credibilidade. 

A moça tentou puxar assunto comigo, perguntando o meu nome e eu respondi. Eu não estava com paciência para conversar, mas pelo favor que ela estava fazendo, vi que precisava retribuir a educação e perguntei seu nome também.

- Meu nome é Penny. - ela respondeu e continuou puxando assunto. - você deve ser alguém bem importante para ter ido à festa, os convidados são escolhidos a dedo.

- É, minha namorada é filha do dono da RC. - forcei um sorriso.

- Você namora Arizona Robbins? A jornalista? - ela parecia encantada.

- Bom, pelo menos até ontem sim, cometi um erro e espero que ela me perdoe. - nem sei porque disse aquilo à Penny.

- Eu também sou jornalista. Conheço o trabalho da Arizona, já fiz até entrevista para trabalhar na revista dela, mas não tive uma resposta.

A família Robbins era realmente muito famosa em Nova York, seria impossível esquecer Arizona.

- Sinto muito por não ter conseguido o emprego, Penny. - tentei ser gentil.

Ela pegou um cartão profissional e me entregou:

- Caso você tenha oportunidade de mostrar a ela, eu ficaria muito feliz em ter essa oportunidade.

Sorri e disse que tudo bem, guardando o cartão.

Penny me deixou na quinta Avenida e andei dois quarteirões até a Rua da Arizona.

O porteiro me cumprimentou e falou que eu poderia subir..

Subi e toquei a campainha.

Meu coração batia tão forte, estava morrendo de medo dela bater a porta na minha cara quando me visse.

Após uns minutos de espera, para a minha surpresa (ou nem tanto), quem atendeu a porta foi o Daniel.

- Você é tão previsível, Calliope. - ele ria. Estamos aqui desde ontem, era meio óbvio que você viria para cá.

- Estamos? - gelei pensando na Arizona.

- Estamos. - ouvi a voz distante de Charles.

- Cadê a Arizona? - me senti atrevida questionando aquilo.

- Não te interessa. - Daniel respondeu seco.

Empurrei ele e entrei no apartamento procurando por ela.

Vi que ela estava no quarto e Charles a segurava.

- Você pode escolher... - Daniel surgiu no quarto. - Eu e Charles ficamos tão amigos que ou você volta para casa comigo ou você volta para ele. Lá pelo menos sei que você está dando lucro. Aqui, se você pisar, eu saberei e você jamais terá paz.

- Daniel - eu dizia enquanto me aproximava dele olhando-o fixamente nos olhos-, eu prefiro transar com a cidade inteira, ficar doente e esfolada, apanhar do Charles por falta de produtividade do que voltar para seu apartamento. Eu amo a Arizona e você jamais, jamais mesmo encostará no meu corpo.

- Lavo minhas mãos para você então. Você voltará a ser apenas uma imigrante mexicana e sem privilégios que vai se prostituir para ter o que comer. - ele me dizia com desprezo.

Cheguei perto da Arizona e pedi pra ela me perdoar.

- Eu vou por você, Arizona. Eu vou para você ter paz na sua casa, para não ficarem te perturbando. Se você não existisse eu me mataria para não passar por isso.

Arizona chorava tanto que o tom do azul de seus olhos estava até diferente.

Não me opus e fui com Charles. Pelo menos teria meus pertences de volta.

Fui embora sem olhar para trás, eu não queria ver o rosto da Arizona ao me ver partir.

Nem sabia se ela ainda estava disposta a ficar comigo, seu silêncio me corroía.

Charles me xingava tanto, falava que eu teria que trabalhar o triplo pra compensar o tempo que fiz palhaçada com a cara dele.

Eu estava de olhos fechados questionando Deus sobre o que eu teria feito para merecer estar passando por aquelas coisas ha tanto tempo. Eu só tentei mudar de país para uma melhor qualidade de vida após perder pessoas que amo e só me envolvi com pessoas erradas, sem querer.

Voltando para lá ele disse que eu teria o melhor quarto, pois eu seria a que mais trabalharia. Ele estava expandido seu negócio de prostituição e pegando cada vez mais imigrantes em busca de novas oportunidades.

De fato meu novo quarto era bem grande e bastante arejado. Tinha uma janela com grades, umas luzes vermelhas.

Respirei fundo olhando para a cama. Eu teria que transar com vários homens e dormir ali mesmo.

Eu tinha desacostumado com essa vida.

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