Capítulo narrado por Suna Rintarou— Eu vejo que há algo
queimando dentro de você.A lua iluminava toda a imensidão do campus, as estrelas compactuavam como multidões no meio de todo aquele céu. Por um momento eu desejei aquela visão para sempre, a luz do satélite berrava em cima da garota que há dias eu não conseguia tirar da minha cabeça. Não importava o que quer que fosse o meu dia, no final tudo me levava a ela.
— Diz logo. - eu comentei enquanto andávamos lado a lado. Ela tinha os olhos perdidos e as mãos não parava quietas, eu sabia exatamente que alguma coisa rodava a ponta da sua língua.
— Não tenho certeza se eu perguntar você vai responder. - ela tocou de leve o seu queixo.
— Tente.
— Se não me prometer que vai me dar uma resposta verdadeira eu não vou perguntar. - [Nome] finalmente me olhou, e vi seus olhos se revirar.
Por dentro eu ri, só eu sabia o que eu tinha vontade de fazer quando ele revirava esses malditos olhos castanhos.
— Não gosto de prometer coisas. - era verdade, mas eu nunca dei uma resposta que não fosse verdadeira a ela.
— Bem... - ela começou mas parecia que não encontrava as palavras certas. Eu sabia exatamente o que ela queria perguntar, mas eu gostaria de ouvir da sua boca. — Aí eu não sei! - voltou a morder os lábios.
— Sim [Nome], foi o meu primeiro beijo. - dei de ombros sem muito o que falar.
Contato desnecessário demasiado com pessoas sempre me irritou, pessoas me tocando sem minha permissão sempre foi um trauma desde pequeno, e isso nunca mudou.
— C..como?eu lembro de ter visto você com algumas meninas naquela festa. - suas mãos levaram uma mecha mais clara de seu cabelo até a orelha, e eu olhei atento aquele gesto simples porém nela se tornava tudo.
— Estava me observando então? - arqueei uma sobrancelha vendo seu rosto corar.
Eu me lembrava claramente daquele dia, foi uma péssima semana. Era aniversário da morte do meu irmão, e como sempre meu pai queria tornar isso público como todo ano, com argumentos que seria bom para sua reeleição. Meu pai sempre esteve nos holofotes por ser parte da lei e da política, o que acabou por consequência levando meu irmão, minha mãe e eu junto a essa exposição toda. E no final a destruição da nossa família.
E era engraçado visto que, mesmo a nossa família tendo sido destruída por méritos dele, ele nunca mudou, continuo igual e na mesmice de todas as palavras nojentas e impuras que saia da boca dele. Naquele dia da festa nos brigamos, brigamos porque eu neguei fazer um depoimento em sentimentos a meu irmão. Desde novo sempre fiz judô com meu pai, ele era o professor e eu o aluno, mas aquele dia trocamos de posições. Eu nunca tive nenhuma compaixão por ele depois que minha mãe morreu, porém eu não queria ter batido nele, ainda acreditava na crença de pais e filhos, então eu corri.
Corri depois da empregada separar a briga, dirigi tanto em alta velocidade que o fio da vida passou na minha frente jurando que eu ia morrer, e naquele dia no fundo eu desejei que isso acontecesse. O sentimento foi desesperador e amargo, aquele gosto permaneceu na minha boca, e eu só precisava de um cigarro. O tabaco amenizava todo o ácido que se derramava pelo meu corpo e na mente, evitando a ansiedade que me dava tantas crises de pânico.
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━━━ 𝐅𝐄𝐓𝐊𝐒𝐇 | suna rintarou
Hayran Kurgu[...]𝐅𝐄𝐓𝐈𝐂𝐇𝐄 [+𝟏𝟖] "O pior de tudo era que, [Nome] funcionava para mim, como o inferno de Dante, ela havia se tornando meu apocalipse interno. Ela era a melhor pessoa que eu já conheci, e a pior coisa que já me aconteceu." [graphic by @yora...