Fairies

II

-Não, isso é loucura. - Ela me olhou sem reação, enquanto eu me afastava cada vez mais.

-Você... está viva? Não, você foi destruída! - Gritei.

-Não grite, garota! - Ela tampou minha boca. Tentei me defender, mas ela me paralisou. - Tem muitas coisas das quais os livros não te contam, nem a Justy. Não confie..

-Bom dia, Mel! - Ela sumiu assim que Skyler apareceu.

-Bom dia, professor Skyler. - Tentei parecer natural, ainda mesmo estando paralisada.

-Parece que só você veio hoje.

-É. - Respondi rápido.

Um silêncio predominou o lugar, sendo quebrado pelo bufo de Skyler. - Conversa comigo, você não pode guardar tudo para sempre. 

"E eu não posso te colocar em risco!" Foi o que eu pensei, mas continuei calada.

-Quero que compartilhe seus pensamentos, sou seu amigo.

Suspirei e criei coragem - Voltei a ter sonhos esquisitos.

-Ah, eu achei que tínhamos resolvido isso.

-Viu, é por isso que não queria te contar.

-Mas não é só isso, sua energia continua pesada. Tem mais o quê? - Agora, realmente me desesperei. Se ele descobrisse, aquela doida poderia me machucar e ele também.

-Desculpa, Sky. - Saí voando do lugar, deixando ele dar aula para as paredes.

Eu realmente estava em um conflito interno, não quero por ninguém em risco envolvendo eles, mas não quero que estejam em risco porque escondi tudo. Por que comigo, minha rainha? 

Sentei-me no meio da floresta e refleti, cheguei a conclusão de contar a rainha, tenho que pensar mais no povo do que em mim. Me decidi, abri minhas asas, mas de repente, meus pensamentos voltaram a me dominar: se me lembro bem, Paymin queria dizer algo como "Não confie" e foi interrompida. Mas, ela traiu a todos, por que não trairia a mim?

"Não confie na rainha..." Ouvi essa frase, com uma voz que parecia que vinha de trás, frente, dos lados, embaixo e encima.  Já estava angustiada de tudo isso, deveria ou não contar? Isso passou a me dominar, e sentia que estava me consumindo aos poucos.

Me sentei na beira do córrego e comecei a olhar para o meu reflexo. Apenas pensava no que fazer, mas algo me deu uma certa desconfiança perante a rainha, e parecia tão certo. Acho que por hora, deveria ficar quieta.

Voltei a minha árvore, aonde estava o livro da biblioteca. Decidi pensar um pouco em cada momento da história do reino. Sei que de tempos em tempos, inimigos voltam para nos aniquilar, mas por quê? Será que são ambiciosos que nem os tais seres humanos? Ou será que há algum outro motivo?

Peguei o livro e comecei a ler. Uma página falava sobre a última tentativa de destruição de inimigos, a traição da rainha. 

"A última tentativa de destruição, foi causada pela rainha Paymin, há 102 anos, em 1954, que traiu nosso povo, ainda por motivos desconhecidos. (...) Percebe-se que os inimigos estavam mais fortes do que as outras vezes, quase nos exterminaram. Os destruidores não são da nossa dimensão, mas até hoje não se sabe de onde eles vêm e como."

De onde será que eles vêm? Acho que se descobrissem, poderia resolver muitas questões esquecidas, poderia salvar o nosso reino! Irei descobrir esta forma de transporte hoje mesmo.

Decidi voltar a biblioteca do Palace, mas os guardas não estavam. Bem, se eu resolver isso, nosso reino estará a salvo, e os guardas não precisariam mas ser guardas. É por um bem maior. 

Tentei abrir o portão, mas parecia estar trancado a sete chaves. Tive que usar minha magia, a mesma que eu raramente uso. Abri minha mão e me concentrei, aos poucos o brilho azul ia aumentando. Quando esteve forte, o lancei na porta, fazendo a despedaçar. Entrei e me dirigi até o corredor onde ficava a biblioteca, mas escutei murmuros.

-Confira se não há ninguém aqui, guarda. - Ouvi passos vindos até mim. Corri para dentro da biblioteca e voltei a escutar a conversa.

"Não há ninguém, majestade."

"Ótimo. Se descobrirem isto, minha coroa cai."

O quê? O que está acontecendo? Se ela estivesse traindo o povo, como Paymin, alguém tinha que a impedi-la antes que causasse uma catástrofe. Assim que percebi que eles entraram no cômodo, saí da biblioteca e fui andando devagar até a porta.

"Falta pouco para se abrir novamente." - Abrir o quê? Percebi a brecha que a porta havia deixado, e pus meu olho. Minha majestade! Aquilo era um portal?

Assim que botei os olhos naquele grande poço de magia misturado, tudo se encaixou. Senti vontade de gritar, mas tampei rapidamente minha boca. Estava certa em desconfiar.

"Se retire agora. Conversarei com eles em particular." -  Espere, falar com quem? Não havia mais ninguém naquela sala, além da escada e do... portal... não pode ser.

Voltei para a realidade e percebi que o guarda tava vindo ao meu encontro, tive que voar o mais rápido o possível, mas estava em momento de desespero, e acabei esbarrando em uma armadura. Voei o mais rápido que pude, e para bem longe dali.