cap. extra

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Minha família é horrível, todos eles são terrivelmente más. Constantemente, tenho de escutar comentários de que sou fruto de uma traição, pois não sou nada igual aos meus pais, a ninguém de minha família.

Eu cresci em um reino bonito, haviam seres lindos e mágicos que me acompanharam desde minha infância. Eu não sei o que houve, ao certo, uma energia obscura se espalhou por tudo o que conhecia, a fauna e a flora se foram, restando apenas os seres evoluídos. Livros antigos relatam que a magia usada para o mal, causa um enorme carma em toda a nossa volta. Nosso reino bom se foi, por causa da ganância do povo.

Desde pequena, ouço histórias de que há um portal mágico no meio da floresta, que ao passar por ele, nos levaria a uma dimensão inteiramente igual a nossa, mas os seres de lá são bons, e que seu reino ainda está belo. 

Há séculos que a família real é ambiciosa, sempre tentaram tomar esse reino para si, mas nunca alcançaram a vitória. A cada século, quando a herdeira do trono de Guerys está prestes a completar 25 anos, o portal toma forças para transportar batalhões de pessoas. Quando completei meus 28 anos, a nova herdeira nasceu e portal se abriu. Eu, por fim, fui enviada para o tal reino, para governá-lo.

"Paymin, minha filha. Você será coroada, e abrirá o portal para nós, que agora estamos fortes. Nós tomaremos aquele reino, e você será nossa rainha."  Meu pai me disse. Eu sabia que era mentira, assim que tomassem aquele reino, eu seria rebaixada ao poder e eles transformariam o lugar em um outro Guerys.

Eu não tive muita escolha, atravessei o portal. Eu fui coroada pelos guardas do palácio, que já estavam infiltrados em Mistky faz anos.

Ao me tornar rainha, toda a minha magia foi expandida para algo muito maior. Nos livros da biblioteca, diziam que apenas a rainha tinha o poder de controlar o portal. E ao convívio dos dóceis seres que habitavam esse reino, eu percebi que esse era o meu real lar, e que não poderia destruí-lo. Então, aproveitei dos meus poderes  e tentei fechar o portal. Mas, eu não era a legítima herdeira, e acabei causando um problema.

O portal se abriu e meu pai o atravessou, acompanhado de toda a minha família. 

"Como pôde trair seu próprio reino, minha filha?" Foi o que meu pai disse, olhando em fúria para mimMe encontrei desamparada, eu causei tudo o que não queria que ocorresse. Todos olharam com desgosto em minha direção, e meu pai, ordenou que Justy, minha irmã caçula, assumisse a liderança e me matasse.

Antes que pudesse me mexer, uma guerra começou, os seres de Mistky contra os batalhões de Guerys. Justy me arrastou até o campo de batalha e ergueu sua espada para mim, e me atacou. Eu encontrei apenas uma solução, que custaria quase toda a minha magia, eu mudei o meu plano.

Agora, já não era mais uma pessoa física, não tinha mais um corpo, eu era apenas uma alma vagando pelas terras, e ninguém podia me ver. O povo de Guerys foi derrotado, e todos fugiram de volta para a nossa dimensão, deixando apenas a família real, escondidos na sala aonde se encontrava o portal.

Justy, achou que havia me matado e relatou para a minha família. Meu pai, me baniu para todo o sempre de Guerys, a minha alma, poderia voltar lá apenas uma vez. Quase todos eles passaram pelo portal e deixaram Mistky, restando apenas Justy, que assumiria meu lugar no trono e continuaria o plano maligno deles.

Eu, por outro lado, passei 74 anos sozinha, escondida nas sombras de Mistky. Não podiam me ver, mas eu via a todos. Eram seres tão puros e belos, eu queria ter tido a chance de crescer em um lugar como esse, e tudo o que eu queria, era poder ficar aqui para sempre. Mas, tive a sensação, de que a única vez que eu deveria voltar a Guerys, deveria ser agora. 

Me vi em frente ao portal, e com medo, atravessei-o e voltei para Guerys. Estava tudo pior do que antes, tudo era cinza e o ar mal era respirável. Eu me concentrei e fui até o palácio real, e tive uma enorme angústia antes de entrar. 

Quando tomei coragem e entrei, vi quase toda a minha família, com exceção de Justy, reunida em frente ao trono. Myshda, a mais nova entre os 5 irmãos, havia se casado e tido uma filha. Meu coração sorriu, eu me tornei tia. Cheguei mais perto do bebê, e vi a pessoa mais angelical de todos os meus anos de vida. Assim como eu, ela nem parecia ser dessa família. 

Eu não tive a chance de crescer em uma boa família, mas essa criança terá, eu a farei ter. Na calada da noite, enquanto todos dormiam, fui até o quarto do bebê, eu a peguei levemente e sorri forte. Mas, não teria muito tempo, eu que já não era mais um ser físico, não poderia segurá-la por muito tempo. Quando me virei para ir embora, dei de cara com Myshda. 

Ela não me via, mas me sentia. Sua fúria estremeceu e ela rapidamente me atacou, mas acabou atacando o vento, já que eu era apenas uma alma. O barulho acabou acordando a família, acendendo as luzes do palácio e chamando a atenção dos guardas reais. Antes que pudesse fugir, ela tentou me atacar novamente, mas tropeçou em seu vestido e logo em seguida, na cortina que cobria a janela. Ela bateu a cabeça fortemente na quina da mesa do quarto, e morreu.

Eu fiquei desesperada, mas o tempo em que eu podia tocar na menina estava acabando, então voei o mais rápido que pude até o portal e voltei para Mistky. Na hora, percebi o que havia feito e não soube aonde deixá-la, eu era apenas uma alma, não poderia cuidar dela. Quando fiquei em frente ao portão do Palace, a porta se abriu e desesperadamente eu deixei a garota no chão e me escondi. Quem estava lá era Justy, que já havia sido comunicada da morte da irmã e do nascimento da herdeira.

Sua rápida decisão, foi tomar conta da menina. Eu me aliviei, e me preocupei ao mesmo tempo. Ao passar dos anos, um outro garoto, cujo os pais foram mortos, também ficou aos cuidados dela. Ela sempre gostou de crianças, e cuidou deles muito bem, mesmo sendo quem é. Acho que por um tempo, ela realmente gostou da menina, mas seus princípios gritaram mais alto.

Eu nunca deixei a garota, que Paymin nomeou de Melanie, de lado. Eu não confiava nela e não podia deixar que a pequena Melanie ficasse ao seus cuidados, sozinha. 

Eu a acompanhei, escondida, até seus 24 anos. Ela estava prestes a fazer 25, e o portal se abriria novamente. A minha sobrinha tinha um enorme senso de justiça dentro de si e amava seu reino, eu sabia que ela não deixaria nada o destruir. Sim, ela era forte o suficiente para enfrentar a guerra que estava por vir, então, em uma manhã ensolarada, entrei em sua mente e a chamei.

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