XV

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-Vai se fuder. - Disse repleta de ódio percorrendo pelo meu corpo.

-Tão ingênua, qualquer burro acreditaria na historinha dos seus amigos, mas eu não sou qualquer uma. - Ela disse passando sua enorme unha, que parecia mais uma garra, pelo meu rosto, deixando pequenos arranhões. - Eu já sei há tempos, sei de tudo o que você sabe. Eu mandei a doutora matar seu amiguinho.. bicha. 

Eu me enfureci e demonstrei sem hesito, além de ser uma traidora, ela havia o preconceito enraizado contra seu próprio povo. - A cada vez que eu te vejo, penso como um dia eu te respeitei, e o quão burra eu fui minha vida toda por ter acreditado. - Ela apenas ria. - Eu não entendo o que te levou a ser uma traíra. - Fingi que não sabia que ela não era da nossa realidade, pareci convencê-la. Apenas me lembro dela chamando o povo de Guerys de família, ela me dá desgosto.

Me afastava cada vez mais dela, chegando perto da janela. Não conseguia ver se Alexy ainda estava lá, e quando eu a olhei, ela estava nos últimos preparos de uma forte magia.

-Isso acaba aqui. - Ela lançou a magia em minha direção, tentei preparar uma magia de proteção, mas ainda me esqueço de que estou sem poderes. Acho que dessa vez, aceitei meu destino por vez. Botei meus braços em minha frente esperando que ajudasse e fechei meus olhos esperando pelo pior. Mas.. nada aconteceu? Abri os olhos e vi uma capa na minha frente, a capa de Paymin. 

Meus olhos brilharam, ela me ajudou, mas não imaginava o quão longe ela iria por mim, botando em risco sua própria segurança.

-Paymin? Está viva. Você realmente sempre foi resistente, não é irmã? - Eu paralisei em choque, era muita emoção para uma fadinha só. - Eu falhei em te matar não foi?

-Você fracassou, não presta nem para isso.

-E você fracassou na missão de destruir o reino! Virou-se contra sua própria família para defender esses idiotas. - Justy pareceu exaltada, estava furiosa e não escondia.

-A culpa do estado de Guerys é unicamente de vocês. Desista! Você não encostará um dedo nela enquanto eu estiver viva. 

-Isso não será um problema para mim. - Essa foi sua última frase antes de sair do lugar pacificamente. Paymin virou-se para mim, eu não fui capaz de dizer nada. Meus olhos lacrimejaram, por alguns momentos acho que fui capaz de ver Paymin como uma figura materna.

-Ela fez algo? - Eu não fui capaz de responder, minha cabeça estava a mil. - Saia daqui, você não estará segura o tempo todo.

Por fim, soltei algumas palavras. - Eu gostaria que você me explicasse..

Paymin deu um suspiro breve e explicou rapidamente. - Eu vim de Guerys, fui enviada para tomar o reino e nomear minha família no poder. Eu não fui capaz, diziam que eu nem parecia ser da família, que meu coração era mole. Tentei fechar o portal e acabei dando entrada para eles, foi um acidente. Justy, minha irmã, foi encarregada de me matar e assumir o trono. 

Eu não sabia o que fazer, era choque, emoção, desespero, sentia tudo isso ao mesmo tempo. Mal fui capaz de dar um passo, só achei forças para dizer uma palavra. - Obrigada.

Paymin sorriu, parecia tão sincero. Ela me pegou no colo e me levou para fora do Palace. Assim que pisei no chão ela apenas olhou para mim e disse: - Não confie em ninguém. - E desapareceu no ar.

Eu estava tão confusa que realmente não sabia no que pensar, apenas ouvi gritos ao meu nome.

-Melanie! - Olhei para trás e vi todos eles correndo até mim. - Você estava demorando demais e não ouvi nada, tive de ir chamá-las para me ajudarem.

Eu ainda não conseguia dizer nada, eles estavam tão preocupados e ainda nem sabiam sobre Paymin. Eu apenas me encolhi e fui embora, dando a entender que não havia dado certo.

-Fica bem. - Ouvi Gio dizer, me fazendo soltar lágrimas, mas também um sorriso profundo.

Deitei na minha árvore e chorei a luz da lua, eu estava cansada e não sabia mais o que fazer.

(...)

Acordei abrindo os olhos lentamente, os raios de sol batiam em meu rosto, fazendo meus olhos doerem. 

-Mel? - Ouvi uma voz logo atrás de mim, era a Malu. - Você está bem?

Eu me virei para ela e assenti, sorrindo fraco, era o meu máximo. Logo avistei sua bolsa e lembrei da viagem. Desci da árvore e peguei minhas coisas, que já estavam arrumadas faz alguns dias. 

-Mel, eu chamei a Gio e Alexy, se não tiver problema.

-Acredito que não tenha. - Dei uma resposta rápida, mas fiquei feliz que eles também iriam.

Andamos em silêncio até a Árvore Malaskya, a energia não parecia muito boa.

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